Quantcast
Channel: Andre Barcinski
Viewing all articles
Browse latest Browse all 575

JACK WHITE E O FETICHE DO VINIL

$
0
0

Neil Young e Jack White usam cabine antiga para gravar música por thevideos no Videolog.tv.

Você pode gostar ou não da música de Jack White, mas tem de admitir que é um dos popstars mais interessantes dos últimos anos. Milionário, White usa a dinheirama que ganhou no White Stripes e em suas inúmeras bandas – Dead Weather, Raconteurs – para alavancar projetos bacanas.

Além de colaborar com Beck, Dylan, Wanda Jackson, Danger Mouse e Alicia Keys,  doar dinheiro para preservação de discos antigos e fazer parte da Fundação de Preservação de Discos da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, White investe pesado em um selo – Third Man - que vem ajudando a ressuscitar o interesse do público pelo vinil.

Entusiasta de métodos analógicos de gravação, White acaba de produzir o novo disco de Neil Young, “A Letter Home”, uma coleção de covers gravado inteiramente em uma cabine Voice-O-Graph dos anos 40. Este aparelho era muito popular e permitia que qualquer um gravasse um disquinho direto num acetato, como fez, numa máquina parecida, Elvis Presley, que em 1953 gravou “My Happiness” de presente para a mãe, Gladys.

Neil Young canta "Crazy" com Jack White por thevideos no Videolog.tv.

O segundo disco solo de White, “Lazaretto”, acaba de sair e estreou em primeiro lugar nas paradas americanas, com 134 mil cópias vendidas na primeira semana. O disco bateu o recorde de vendas de vinis – 40 mil - desde que elas começaram a ser monitoradas, em 1991. Não é pouca coisa.

A versão em vinil de “Lazaretto”, batizada pela gravadora de “Ultra LP”, traz vários atrativos: sulcos paralelos que permitem ouvir a mesma música com dois começos diferentes, sulcos de loop contínuo que não deixam a música terminar, remixes diferentes de algumas faixas e até um holograma. Veja esse vídeo, em que White mostra o brinquedinho:

The Lazaretto - Jack White por thevideos no Videolog.tv.

Acho sensacional que White se esforce tanto para tentar convencer um público moderno a comprar vinil. Por outro lado, é triste constatar que o vinil se transformou em fetiche – e caro demais. Só para comparar: na Amazon, o CD de “Lazaretto” custa 11 dólares, enquanto o vinil sai por 31.

Confesso que prefiro comprar três CDs a um vinil, por mais que este seja bonito e tenha qualidade de som superior. Adoro ouvir discos antigos em vinil, gosto de ler encartes, curto ouvir o trabalho todo na sequência – lado A, lado B - e acho o som da bolacha melhor que o do CD. Mas os preços estão proibitivos.

O curioso é que, há uns 20 anos, o vinil era uma opção barata para quem não queria gastar uma bolada com CDs. A década de 90 foi uma época de ouro para colecionadores de vinil, quando a maioria dos consumidores estava trocando suas coleções por CDs e os sebos viviam lotados de discos. Hoje, vinil é um luxo, um fetiche para poucos. O vídeo de Jack White mostrando o “Ultra LP”, parecia um vendedor de brinquedos exibindo um novo videogame para a molecada. Só faltou White responder a uma pergunta: e as músicas, prestam?

The post JACK WHITE E O FETICHE DO VINIL appeared first on Andre Barcinski.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 575