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JÁ LEU JOSEPH WAMBAUGH?

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joseph wambaugh photo JÁ LEU JOSEPH WAMBAUGH?

Já escrevi aqui no blog sobre a crise de qualidade da literatura policial moderna. Quando um abacaxi como “A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert” é considerado um livro revolucionário, é porque alguma coisa está muito errada.

Isso sem falar em “O Jogo de Ripper”, primeira – e, espero, última – incursão de Isabel Allende pelo romance policial. Tive de ler por obrigação profissional e foi uma experiência das mais torturantes.

Enquanto não chega o novo livro de James Ellroy, “Perfidia” (o meu já está encomendado, sai em setembro), achei no Netflix gringo um grande filme baseado em um de meus livros prediletos: “The Onion Field”.

Dirigido por Harold Becker (dos ótimos “Sea of Love” e “City Hall”) em 1979, é inspirado no livro homônimo de Joseph Wambaugh, lançado em 1973, sobre uma história real ocorrida dez anos antes na Califórnia: uma dupla de policiais, Ian Campbell (Ted Danson) e Karl Hettinger (John Savage) para um carro suspeito numa averiguação de rotina. No automóvel estão dois ladrões, Jimmy Smith (Franklyn Seales) e Gregory Powell (James Woods).

Os bandidos rendem os policias e os levam para uma plantação de cebolas na periferia da cidade, com a promessa de soltá-los. Quando chegam à  plantação, Powell atira nos dois. Campbell morre na hora, mas Hettinger consegue escapar.

O filme acompanha os anos seguintes ao crime e ao julgamento dos assassinos, e conta como os bandidos conseguem, por meio de manobras jurídicas espertas, sair por cima. E Hettinger, o policial sobrevivente, é assombrado pelas memórias do crime e entra numa depressão suicida. As atuações de Woods, Savage e Seales são incríveis.

Não sei se “The Onion Field”, o livro, foi lançado em português. No site Estante Virtual há dezenas de livros de Wambaugh, tanto em português quanto em inglês. Se tiver chance, leia qualquer um. Wambaugh é daqueles escritores obrigatórios para quem gosta de literatura policial.

Antes de virar escritor, Wambaugh foi tira. Seus livros relatam a vida e trabalho dos policiais com uma visão de “insider”. Os diálogos não são cheios de bossa como os de Elmore Leonard ou Lawrence Block, mestres do “thriller” pop, mas realistas. A impressão é de estar escutando uma gravação de tiras batendo papo.

Vários dos livros de Wambaugh, especialmente os primeiros, escritos na primeira metade dos anos 70, não trazem histórias complexas sobre crimes misteriosos, mas relatos de como policiais são afetados pelo stress e brutalidade do dia a dia.

“The Choirboys”, um dos melhores livros dele, fala de um grupo de tiras que se reúne num parque da cidade de madrugada para beber, fumar, trepar com umas garçonetes taradas por policiais e trocar histórias da batalha nas ruas.

“Os Novos Centuriões” – esse tem em português – conta a vida de três colegas da Academia de Polícia e suas experiências na rua. É o livro mais autobiográfico de Wambaugh.

Leia, e dificilmente você terá paciência para muito do que se passa por literatura policial hoje em dia.

 

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