Encontrar um emprego divertido é uma dificuldade. O que dizer então de um emprego em que a equipe toda passa o dia gargalhando?
Há sete anos, essa é a rotina do pessoal que trabalha no programa “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”, o talk show apresentado por José Mojica Marins, que tenho a sorte de dirigir.
Além de simpático e atencioso com a equipe, Mojica é um dos sujeitos mais engraçados do mundo. Mesmo quando comete alguma gafe diante dos entrevistados – e não são poucas – é sempre tão espontânea e sem maldade, que todo mundo acha graça.
Não é segredo que Mojica tem uma péssima memória para nomes. Ele é o primeiro a admitir. Basta dizer que conhece minha mulher há mais de uma década e continua chamá-la de “menina legal”.
Nas gravações, essa amnésia cria momentos inesquecíveis, que já viraram marca registrada do programa.
Mojica já chamou Nelson Motta de Agnaldo Timóteo, Agnaldo Timóteo de Agnaldo Rayol, Lorena Calabria de Lilian Calabresa, Xico Sá de Chico César e, na temporada que acabamos de gravar, chamou Almir Guineto de Emílio Santiago. Ano passado, o rapper Emicida foi apresentado como “o ator Homicida”.
Eduardo Dussek, depois de ser chamado de Eduardo Durex por toda a entrevista, se disse encantado: “Adorei, nunca me chamaram de Durex antes!”
Alguns entrevistados ganharam novos pseudônimos, como o cantor Toni Pratão, o jornalista Tão Leão, a apresentadora Maria Persão e o crítico de cinema Rubens Edewald Filho. Todos adoraram.
Nomes estrangeiros, então, são uma dificuldade para Mojica. Gravar as aberturas com Paulo Tiefenthaler, Dan Stulbach, Mateus Nachtergaele e, especialmente, Alexandre Herchcovitch, foi um verdadeiro parto.
Durante a gravação com Herchcovitch, percebi, no áudio, um estranho grunhido. Era um assistente, um moleque de uns 19 anos, que chorava de rir e tapava a boca com as duas mãos para não atrapalhar a gravação. O coitado teve de jogar água fria na cabeça para voltar ao normal.
Veja aqui uma coleção de erros de gravação em que Mojica pena para apresentar Moacyr Luz, Allan Sieber, Edgard Scandurra (com a imortal frase: “Lembrei do Scandurra e o Hildegard ficou”), Zéu Britto, e encerra com uma malfadada praga para a banda de bolivianos que toca na Praça da República.
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