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“Um Tiro na Noite”é obra-prima de De Palma

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A Versátil acaba de lançar a caixa “A Arte de Brian De Palma”, com três filmes: “Irmãs Diabólicas” (1973), “O Fantasma do Paraíso” (1974) e “Um Tiro na Noite” (1981). Os dois primeiros são ótimos e mereciam reedições, mas o terceiro é uma obra-prima, certamente um dos melhores da carreira do diretor.

O título em inglês de “Um Tiro na Noite” é “Blow Out”. Assim como vários outros filmes de De Palma, o tema deste é o cinema. O filme referencia diretamente “Blow Up” (1966), de Antonioni.

John Travolta faz Jack Terry, um técnico de áudio de um filme B. Numa noite, ele está às margens de um rio, captando som ambiente para o filme, quando presencia um carro derrapar na estrada e cair dentro do rio. Ele pula nas águas geladas e consegue resgatar uma mulher, Sally (Nancy Allen). O motorista, infelizmente, morre. Ele é ninguém menos que o governador do Estado, e Nancy, uma garota de programa que o acompanha.

Terry ouve as gravações que fez, e ouve o tal “tiro na noite” que o título brasileiro tão estupidamente entrega. Isso é só o começo de uma história policial intrincada, envolvendo política, sexo e poder, com uma atmosfera de medo e paranoia que lembra grandes filmes como “The Parallax View” (Alan J. Pakula, 1974) e “Três Dias do Condor” (Sidney Pollack, 1975) (leia aqui uma texto que fiz em 2012 com uma lista de dez grandes filmes do “cinema paranoia”).

O filme inteiro é uma ode ao cinema. Terry não é um detetive, mas um profissional de filmes, e é por meio de suas habilidades técnicas que ele consegue, aos poucos, desvendar o mistério da morte do governador.

Assim como Tarantino e John Woo, De Palma usa e abusa de referências cinematográficas em seus filmes. Quem prestar atenção verá toques de Hitchcock (“cola” habitual de De Palma), do Coppola de “A Conversação” e, claro, de “Blow Up”. O acidente de carro é uma menção óbvia ao incidente de 1969 envolvendo o então senador Ted Kennedy (1932-2009), quando sua colega, Mary Kopechne, morreu afogada depois que Kennedy perdeu controle do carro em uma ponte e caiu num canal.

Quando lançado, em 1981, “Blow Out” foi um fiasco de bilheteria, mas ganhou status de “cult” ao longo dos anos, e novas gerações de cinéfilos puderam conhecê-lo. Para mim, é um dos três melhores filmes de De Palma, junto com “Scarface” (1983) e “Carlito’s Way” (1993).

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