A BBC – sempre ela – produziu o primeiro documentário sobre o duo eletrônico francês Daft Punk. Dirigido por Hervé Martin-Delpierre, o filme se chama “Daft Punk Unchained” e pode ser encontrado no Cine Torrent, com legendas em português.
Para um grupo tão inventivo, o documentário é bem careta. Martin-Delpierre conta a história do Daft Punk cronologicamente, começando na infância de Thomas Bangalter e Guy-Manuel De Homem-Christo, passando pela banda de rock que os dois formaram ainda adolescentes – Darlin – a descoberta da música eletrônica, as primeiras experiências em raves e a formação do Daft Punk, primeiro como um duo de DJs/produtores e depois reencarnados em dois robôs, sem mostrar os rostos.
Já escrevi bastante aqui no blog sobre o Daft Punk e sua importância.
Aqui, um texto sobre a vitória deles no Grammy com o álbum “Random Access Memories”, e aqui um sobre os 20 anos de aniversário do lançamento de “Da Funk”, primeiro grande sucesso da dupla.
Acho o Daft Punk um dos nomes mais importantes e influentes da história da música eletrônica, lado a lado com Kraftwerk, Giorgio Moroder, Derrick May e Tom Moulton, entre outros. Mas assistir ao filme revelou, para mim, uma faceta da dupla que eu não conhecia: a maneira irrepreensível como eles planejaram e executaram todos os passos da carreira.
Filhos de famílias ricas, Bangalter e Homem-Christo foram extremamente bem orientados pelos pais nos tratos com gravadoras e agentes, e conseguiram assinar contratos que lhes garantiam liberdade criativa absoluta. O pai de Thomas, Daniel Vangarde, foi um famoso produtor de discoteca nos anos 70, responsável por hits como “D.I.S.C.O.”, do Ottawan (e como revelou meu chapa Lúcio Riberio – leia aqui – tem uma pizzaria na Bahia e mora em BH).
O Daft Punk sempre fez o que quis, da maneira que quis. Desde o primeiro disco, “Homework” (1997), nunca mostrou seus discos para a gravadora antes de terminá-los e concebeu todas as campanhas publicitárias de seus lançamentos.
Algumas foram geniais: para lançar “Random Access Memories” (2013), a dupla mandou colocar outdoors em todo o caminho de Los Angeles até o festival Coachella e exibiu no telão um vídeo de dois minutos antes do show do grupo Yeah Yeah Yeahs. Veja:
Aqui, a reação da plateia do Coachella vendo o clipe pela primeira vez:
“Daft Punk Unchained” não traz entrevistas novas com a dupla, mas tem depoimentos de gente como Nile Rodgers, Michel Gondry, Pharell Williams, Giorgio Moroder, Pete Tong e Paul Williams. As cenas de arquivo e imagens de shows são fantásticas.
O ponto baixo fica para a participação de Kanye West, que parece não ter percebido que o filme não era sobre ele.
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