Há exatos dez anos, saiu o documentário “Dig!”, de Ondi Timoner. O filme era centrado na amizade conturbada de dois artistas tão talentosos quanto egocêntricos: Anton Newcombe, líder do Brian Jonestown Massacre, e Courtney Taylor-Taylor, líder do The Dandy Warhols.
Filmado durante sete anos, “Dig!” mostra as duas bandas tentando sobreviver na cena alternativa e vendo sua amizade ruir devido ao sucesso de uma - o Dandy Warhols - e o fracasso comercial da outra - o Brian Jonestown Massacre - motivado pela instabilidade emocional de Anton Newcombe, um kamikaze que parecia sempre sabotar a própria carreira.
Num dos momentos mais incríveis do filme, o BJM vai fazer um show importante, onde será avaliado por figurões de grandes gravadoras. Newcombe se irrita, perde o controle, chuta a cabeça de um espectador e vai preso. Enquanto isso, o DW fica famoso na Europa com o disco “Thirteen Tales From Urban Bohemia”, e a amizade das bandas acaba numa espiral de inveja e maledicência.
Que curioso, então, chegar em 2014 e perceber que as coisas se inverteram. Hoje, quem toca para públicos maiores é o Brian Jonestown Massacre. E Anton Newcombe, depois de uma fase braba de drogas e insanidade, parece estar bem mais equilibrado e tranquilo.
No recente Austin Psych Fest, o BJM foi o headliner do sábado, principal dia do festival, enquanto o DW foi a penúltima banda na sexta, dia menos concorrido.
Quinta passada, tive a sorte de ver o Brian Jonestown Massacre tocando no lindo e enorme Fox Theatre, em Oakland, Califórnia. Foi um espetáculo: oito pessoas no palco, com quatro guitarras (às vezes cinco, quando o tecladista dobrava na guitarra), num drone psicodélico à Stones da fase “Their Satanic Majesties...”. Veja uma foto bacana, mostrando Anton Newcombe, Matt Hollywood e Joel Gion.
O BJM tem treze LPs de estúdio, mas a melhor pedida para conhecer a banda é a coletânea dupla “Tepid Peppermint Wonderland”, de 2004. Deve ser o disco que mais ouvi nos últimos dez anos.
Para encerrar, uma notícia sensacional: no festival de Austin, a briga entre o Dandy Warhols e o Brian Jonestown Massacre acabou de vez, quando Anton Newcombe e Matt Hollywood subiram ao palco para acompanhar os Dandys numa versão esculhambada e divertida de “Oh Lord!”, do BJM, com direito a Matt cantando as notas para Courtney Taylor-Taylor. Assista:
Para quem é fã das duas bandas, foi uma noite histórica. Quem sabe agora não rola uma turnê?
P.S.: Atenção, fãs do Mudhoney: amanhã, às 19h, no Cine Olido (Av. São João, 473, Centro), com entrada franca, rola uma exibição do documentário “I’m Now: The Story of Mudhoney”, seguido de um debate com Mark Arm e Steve Turner, do Mudhoney, Chris Slorah, da banda Metz, e Chris Jacobs, da gravadora Sub Pop. Vou mediar o papo. O ingresso deve ser retirado no local, com uma hora de antecedência, e a capacidade é de 236 pessoas. E na quinta, claro, tem Mudhoney e Metz ao vivo em São Paulo.
The post BRIAN JONESTOWN MASSACRE: ENFIM, O SUCESSO appeared first on Andre Barcinski.