Bettie Page ajoelhada na grama entre dois leopardos; a escultural Laurie Shea contorcendo o corpo em uma praia deserta, Ursula andress saindo do mar de biquininho e enlouquecendo o James Bond de Sean Connery em “007 contra o Dr. No”. São imagens icônicas da beleza feminina, eternizadas pelas lentes de Bunny Yeager.
Bunny, que morreu domingo passado, aos 85, na Flórida, era uma famosa modelo quando decidiu trocar de lado. Foi para trás das câmeras e fez história.
Nos anos 50, conheceu Bettie Page e a transformou em uma das maiores pin ups do mundo. Suas imagens de Paige, geralmente clicadas em ambientes externos, traziam um erotismo sem culpa e um clima divertido. Pareciam duas amigas brincando. E eram mesmo.
As modelos de Bunny não posavam, mas se entregavam, espontâneas e sorridentes. O estilo de Bunny não era controlador ou perfeccionista. Tecnicamente, ela não era nenhum primor, mas o clima de descontração e cumplicidade que conseguia das modelos tornava cada imagem especial.
Suas mulheres não eram as atletas olímpicas da era do Photoshop, essas criaturas de corpos perfeitos, criadas em laboratórios e academias, mas deusas imperfeitas, com pneuzinhos, uma estria aqui, uma celulite acolá, e nenhuma culpa ou arrependimento. Eram mulheres de verdade e, por isso, humanas e desejáveis.
Bunny Yeager se irritava quando a chamavam de “fotógrafa de nudismo”. Dizia ser capaz de deixar mulheres lindas, com ou sem roupa. Nos últimos anos, seu trabalho vinha sendo reavaliado e exibido em museus e galerias. Era muito mais que uma lambe-lambe de revistas adultas. Ela praticamente inventou a estética erótica feminina dos anos 50. Era adorada por Andy Warhol e Russ Meyer. Os Cramps colecionavam suas fotos.
Veja um trecho de um documentário sobre Bunny, narrado pela própria.
Ano passado, Bunny deu uma entrevista a um jornal da Flórida. “Nunca fotografei para atrair a atenção de alguém”, ela disse. “Eu só queria mostrar como eram lindos meus modelos, fosse um leopardo, uma garota, ou os dois juntos.”
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