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ORDEM, PROGRESSO… E OSTENTAÇÃO

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ostentaçao ORDEM, PROGRESSO... E OSTENTAÇÃO

Nada une o Brasil como a ostentação. Rico, pobre, branco, preto, amarelo, homem, mulher, sulista, nordestino, torcedor do América, todo mundo só quer ostentar.

Recentemente, soube de três casos que dão uma boa ideia do tipo de país que nos tornamos - e que estamos deixando pros nossos filhos.

O primeiro, descobri ao visitar um empreendimento imobiliário que um amigo, corretor de imóveis, estava vendendo. Era um condomínio de casas populares em uma região de praia e direcionado a um público de baixa renda. Foi um sucesso: as 22 casas foram vendidas em menos de quatro meses. Os clientes aproveitaram créditos de bancos e arremataram todas as unidades.

Eram apartamentos modestos, de 50m2, com dois quartos pequenos, banheiro, uma sala e cozinha. Mas havia uma atração que destoava da simplicidade das construções: uma linda e reluzente quadra de tênis. A quadra estava novinha e parecia nem ter sido usada. “E não foi mesmo”, disse meu amigo. “Ninguém aqui joga tênis. Em compensação, o espaço gourmet (área com churrasqueira) está sempre lotado, tem fila de espera”.

Perguntei por que o dono construiu uma quadra de tênis onde ninguém joga tênis. “Ah, os clientes gostaram porque podem dizer pros amigos que moram num lugar que tem quadra de tênis. Foi o maior chamariz pra venda”.

Dias depois, uma arquiteta nos contou sobre a visita que fizera a outro empreendimento, este próximo a Campos do Jordão. Segundo ela, a nova moda em casas populares na região era a chamada “lareira design”, que consiste em um buraco na parede, fechado por um vidro escuro. Dentro do buraco passa um cano de gás com pequenas aberturas, que simulam as chamas de uma lareira. “Um corretor disse que, quando contava pro cliente que ele poderia ter uma lareira em casa, o cliente fechava na hora”, disse a arquiteta.

O terceiro caso, li em uma reportagem de uma revista náutica. Não lembro o local exato, mas a história era mais ou menos assim: um ricaço, dono de uma mansão em um condomínio de luxo às margens de uma pequena represa, mandou rebocar para o local um iate de 52 pés (16 metros). O barco destoava absurdamente das pequenas lanchas usadas pelos vizinhos. Era tão grande que o dono nem podia ligar os motores com força máxima, ou a embarcação chegaria ao outro lado da represa em questão de segundos. Imagine alguém remando uma canoa dentro de uma piscina de 25 metros, e você terá uma ideia do ridículo da situação.

O repórter perguntou ao dono do iate por que ele tinha um barco tão grande em águas tão restritas. E a resposta foi mais ou menos essa: “Eu gosto de saber que ninguém aqui vai ter um barco maior que o meu”.

Não me surpreenderia se algum vizinho lesse a bravata, comprasse a briga e trouxesse para a represa uma lancha de 80 pés. Daqui a pouco, veremos no local um engarrafamento de iates. Podem esperar.

P.S.: Estarei fora o dia todo e impossibilitado de moderar e responder comentários. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço desculpas e um pouco de paciência.

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