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JÁ VIU “A CAÇADA”?

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Estava tão ocupado com meu livro que acabei deixando passar batido um dos melhores lançamentos no cinema em 2014: “A Caçada” (“The Rover”), de David Michôd.

Michôd é um australiano de 41 anos que estreou no cinema em 2010 com “Animal Kingdom” (“Reino Animal”), um dos filmes policiais mais impressionantes dos últimos tempos, em que a veterana Jackie Weaver (indicada ao Oscar pelo filme) faz a matriarca de uma família de criminosos de Melbourne. Passa sempre na TV e é imperdível.

“The Rover” é tão bom quanto. Passado num futuro próximo, “dez anos depois do colapso econômico global”, tem Guy Pearce no papel de um homem misterioso que anda de carro pelo deserto australiano (o release do filme diz que o nome do personagem é Eric, mas não lembro isso ser mencionado no filme).

O cenário é desolador: quilômetros e quilômetros de poeira, com um armazém /posto de gasolina de vez em quando, sempre protegido por um capanga armado com um rifle. Numa dessas paradas, Eric sai para tomar água e seu carro é roubado por um grupo de bandidos fugindo de um assalto.

Ele acaba encontrando Rey (Robert Pattinson, de “Crepúsculo”, que meu amigo José Mojica Marins chama de “o vampirinho emo do Crespulinho”), irmão de um dos bandidos. A gangue abandonou Rey, ferido, no local do assalto. Eric sequestra Rey e o obrigado a levá-lo até o esconderijo da gangue para recuperar seu carro.

Quando se pensa em filmes distópicos passados no deserto australiano e envolvendo carros, a primeira reação é pensar em "Mad Max”. Mas “The Rover” é diferente. Tem um ritmo lento e um minimalismo estético que o afasta da fórmula “carros explodindo e tiros a granel”.

É um filme barato. Não tem efeitos especiais, os cenários são todos naturais, e conta com uma dúzia de personagens (o elenco todo, incluindo figurantes, é de 25 pessoas). Deve ter custado menos que uma dessas comédias com o Leandro Hassum pulando numa piscina.

Alguns críticos o chamaram de “faroeste moderno”, mas não concordo. Diferentemente do que ocorre em “westerns”, a violência aqui não é estilizada e amplificada com música e efeitos, mas mostrada de maneira seca e realista. Não há duelos ao pôr do sol ou mocinhos cerrando os olhos antes de matar os bandidos. A brutalidade surge em explosões breves e chocantes. Como metáfora de nosso futuro cinza, faria uma sessão dupla sensacional com “Sob a Pele”, com Scarlett Johansson, outro filme inventivo e surpreendente.

“The Rover” abre com um close de Guy Pearce dentro do carro, imóvel, olhando para a desolação à sua volta. A cena parece levar vários minutos e, mesmo sem ação, é angustiante. Ao longo do filme, o diretor Michôd cria diversas situações em que os personagens agem de maneira estranha e inesperada. Rey, personagem de Pattinson, é indefinível: numa hora parece um limítrofe, incapaz de manter uma conversa; em outra surpreende pela visão e se torna a criatura mais sensata da história. E o Eric de Guy Pearce vai se revelando, pouco a pouco, até descobrirmos por que diabos ele se importava tanto com aquele carro.

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