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O MAIOR CINEASTA QUE O BRASIL NÃO CONHECE

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Nos últimos 20 anos, algum documentarista fez mais filmes interessantes do que Joe Berlinger? Só consigo pensar em dois: Errol Morris e Eduardo Coutinho.

Berlinger tem 52 anos e um currículo excepcional. Estreou no cinema em 1992, em parceria com Bruce Sinofsky, com “Brother’s Keeper”, história de três irmãos miseráveis de uma área rural no estado de Nova York que são acusados de matar o quarto irmão. O filme é um drama gótico bizarro e cheio de personagens inesquecíveis. Mais estranho que ficção.

 

 

Depois, Berlinger e Sinofsky dirigiram três filmes da série “Paradise Lost”, em que acompanharam, por 15 anos, o desenrolar do famoso caso ocorrido em West Memphis, no estado de Arkansas, quando três adolescentes foram presos injustamente pelo assassinato de três crianças em um suposto ritual de magia negra.

Em 2004, a dupla de cineastas lançou “Some Kind of Monster”, documentário que acompanhava a gravação do disco “St. Anger”, do Metallica, e,  em 2009, Berlinger dirigiu “Crude”, sobre a luta de uma tribo de índios do Equador para processar a Texaco por crimes ambientais que causaram o nascimento de dezenas de crianças com defeitos de nascença e problemas mentais.

 

 

Berlinger acaba de lançar seu novo filme: “Whitey – The United States vs. James Bulger”, história do gângster James “Whitey” Bulger, um assassino sádico que reinou na região de Boston do início dos anos 1970 a 1994, quando sumiu de circulação e só foi capturado 17 anos depois. Bulger foi a inspiração para o personagem de Jack Nicholson em “Os Infiltrados”, de Martin Scorsese.

O tema central do filme é o relacionamento de Bulger com o FBI. Há fortes indícios de que o criminoso era informante do FBI e que teria ajudado a polícia local a acabar com a máfia italiana na região de Boston, em troca de imunidade.  Sua fuga, em 1994, teria sido facilitada por agentes do governo americano.

Mas o filme de Berlinger levanta outra hipótese, ainda mais estarrecedora: Bulger não era informante, mas parceiro do FBI e da polícia local em todo tipo de crime: tráfico de drogas, extorsão, exploração de prostituição e jogos ilegais. Segundo alguns dos entrevistados, foi o próprio FBI que divulgou a suspeita de que Bulger era informante. Se ficasse comprovado seu relacionamento criminoso com o FBI, as famílias das 19 pessoas que ele matou, além das dezenas de comerciantes que extorquiu, poderiam processar o governo.

“Whitey” traz entrevistas com policiais, jornalistas, parentes das vítimas e com ex-parceiros de Bulger na gangue de Winter Hill, o grupo brutal que chefiou o crime organizado em Boston. O filme tem personagens fascinantes, como Bob Fitzpatrick, o lendário agente do FBI que participou de algumas das investigações mais importantes da agência (foi Fitzpatrick que achou o rifle que matou Martin Luther King e levou à prisão de James Earl Ray, além de ter chefiado o caso dos jovens ativistas mortos, contado no filme “Mississipi em Chamas”, e o caso de espionagem “Abscam”, contado no recente “A Trapaça”).

Assim como todos os outros filmes de Berlinger, “Whitey” não deve ser lançado no Brasil. A esperança é esbarrar no filme em algum canal a cabo durante uma noite insone, daqui a uns dois ou três anos. Juro que tentei assistir de maneira “oficial”: procurei no Netflix, mas não tinha; a Amazon Prime tem, mas não oferece para nós, moradores do Bananão. A solução foi achar no Cine Torrent. De novo.

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