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Channel: Andre Barcinski
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QUEM QUER JOGAR XADREZ COM BERGMAN?

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A quem pergunta por que não me empolgo com o cinema atual, sugiro: ligue no Telecine Cult sábado, 22h, e assista a “O Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman.

Lembro quando vi o filme pela primeira vez: foi numa mostra de Bergman no Cineclube Estação Botafogo, há quase 30 anos. Ver “O Sétimo Selo” numa tela grande é uma experiência de entortar a cabeça de qualquer um.

Max Von Sydow faz um cavaleiro que, voltando das Cruzadas, vê sua terra dizimada pela peste. Numa praia, encontra a Morte e a desafia para um jogo de xadrez. A partida ressurge, pelo menos na imaginação do cavaleiro, em vários momentos ao longo da história, que vira um “road movie”, com o personagem de Von Sydow andando pela Suécia acompanhado de um escudeiro.

Para quem acha Bergman “difícil” – e quantos, sem conhecer, dizem isso, não? - “O Sétimo Selo” é a melhor introdução ao trabalho do cineasta. É IMPOSSÍVEL ver esse filme e não sair correndo para ver todos os outros (aliás, o Telecine Cult está exibindo vários: “Gritos e Sussurros”, “Quando Duas Mulheres Pecam”, “Cenas de Um Casamento”, etc.).

Vejo muita gente reclamando da falta de cineclubes e da programação de filmes clássicos em nossos cinemas, o que é verdade. Por outro lado, a oferta de clássicos em locadoras, Netflixes e afins, nunca foi tão grande. Ninguém que gosta de cinema tem desculpa para não conhecer Bergman, Kurosawa, Buñuel, Eisenstein, Dreyer, Pasolini e tantos outros.

Quando comecei a frequentar cinemas alternativos, precisávamos ficar de olho na programação, porque perder uma sessão poderia significar nunca mais ter a chance de ver o filme. Lembro quando o Estação Botafogo exibiu “Os Homens Que Pisaram na Cauda do Tigre”, um Kurosawa raro, e muita gente fez fila para assistir, na certeza de que nunca mais seria exibido por aqui (lembro claramente José Lewgoy, de bengalinha, sentado numa nas primeiras filas).

Assistir a esses clássicos na TV não é o mesmo que ver numa tela grande, claro, mas é melhor que nada. Sempre que revemos um desses filmes em casa, mesmo os que já vimos várias vezes, como “O Anjo Exterminador” (Buñuel), “Os Incompreendidos” (Truffaut) ou qualquer filme de Kurosawa com Toshiro Mifune, a sensação é a mesma: a vida é muito curta, e é melhor ver filmes que prestam.

Bom fim de semana a todos.

P.S.: Estarei sem acesso à Internet até o fim da tarde e impossibilitado de moderar comentários. Se o se comentário demorar a ser publicado, peço desculpas e um pouco de paciência.

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