Cada vez que o jornalismo é atacado, como no sangrento atentado de hoje de manhã em Paris, sinto mais orgulho de ter escolhido essa profissão e mais respeito pelos profissionais que não se intimidam.
O "Charlie Hebdo", uma espécie de "Pasquim" francês, já havia sido atacado outras vezes. Em 2011, um incêndio criminoso destruiu a redação do jornal, que passou a funcionar, num bonito gesto de solidariedade, na redação do jornal "Libération".
Por ocasião daquele atentado, o "The New York Times" publicou um artigo sobre o "Charlie Hebdo". Aqui vai o trecho mais emocionante:
"Em um incomum exemplo de unanimidade, políticos de vários espectros ideológicos se manifestaram em defesa da liberdade de expressão de uma publicação com a qual suas relações nem sempre foram amistosas. Jornais, revistas, sindicatos e, ao menos, um partido de esquerda rapidamente ofereceram espaço de trabalho para o 'Charlie Hebdo', que hoje está funcionando na redação do diário 'Libération'. No domingo, o grupo antirracismo S.O.S. Racisme organizou um protesto em Paris contra 'fundamentalistas religiosos', insistindo que a democracia exige 'o direito absoluto à blasfêmia'."
O atentado de Paris é um crime contra a liberdade de expressão. Os mortos - doze, até a hora em que escrevo, incluindo dois policiais, o diretor do jornal, Stéphane Charbonnier, e os cartunistas Jean Cabut, Wolinski e Tignous - foram abatidos enquanto trabalhavam, como faziam todos os dias, em defesa de suas opiniões e ideias. Concorde ou não com elas, não podem ser tolhidas, seja por censura ou, pior, por violência.
E se os terroristas consideram mártires aqueles que morrem enquanto explodem inocentes, nós deveríamos considerar mártires os que morrem defendendo a liberdade de ideias. Como a equipe do "Charlie Hebdo".
P.S.: Amanhã publicarei aqui no blog um texto de meu amigo Allan Sieber, grande cartunista brasileiro, sobre os artistas mortos no atentado ao "Charlie Hebdo".
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