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“FOXCATCHER” DESPERDIÇA UMA GRANDE HISTÓRIA

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Tirando o mentiroso subtítulo que a distribuidora brasileira incluiu no filme – “Uma História que Chocou o Mundo” - não há nada errado com “Foxcatcher”.

Mas quem já leu um pouco sobre a vida do personagem principal, o bilionário John Eleuthère Du Pont, percebe que o diretor Bennett Miller ("Capote") não escolheu a melhor abordagem para o filme. Se tivesse contado a história de Du Pont e não penas sua relação com a luta livre e os irmãos Schultz, poderia ter realizado um grande filme.

John Du Pont, interpretado no filme por Steve Carell, irreconhecível sob uma montanha de maquiagem, foi um personagem misterioso e fascinante. Herdeiro da família Du Pont, que enriqueceu no início do século 19 fabricando pólvora e até hoje tem uma das maiores empresas químicas do mundo, John foi ornitólogo, colecionador de selos e fanático por esportes.

John tornou-se mecenas de vários atletas e doou dinheiro para equipes de luta livre, natação e atletismo. Mas sua grande paixão era mesmo a luta livre. No fim dos anos 80, montou uma academia super equipada em sua fazenda na Pensilvânia e investiu na montagem de uma equipe vencedora, que incluía o campeão olímpico Mark Schultz e seu irmão mais velho, Dave, um herói do esporte, seis vezes medalhista em campeonatos mundiais e também campeão olímpico. No filme, Mark é interpretado por Channing Tatum (“Magic Mike”) e Dave, por Mark Ruffalo (“Zodíaco”).

“Foxcatcher” se concentra na relação de John com os irmãos Schultz. Infelizmente, o filme pouco explora a psique de John Du Pont. Ele é mostrado como um homem claramente perturbado, que odeia a mãe, Jean (Vanessa Redgrave), e tem uma obsessão por armas de fogo (obsessão que, no fim, provoca a “História que Chocou o Mundo”, que não revelarei aqui para não estragar a surpresa de quem não viu o filme).

“Foxcatcher” optou por suprimir algumas passagens interessantes da vida de Du Pont, talvez para dar ritmo à narrativa. Mas isso tornou a história fragmentada e tirou muito do que o personagem tinha de mais interessante. O fim, especialmente, é muito abrupto e mal resolvido. Em vez de simplesmente relatar o que aconteceu, Bennet Miller poderia ter explorado melhor o personagem de Du Pont e tentar explicar o que o levou a fazer o que fez.

Na vida real, ele foi bem mais complexo do que aparenta no filme: teve um casamento de menos de seis meses que acabou depois que ele apontou uma arma para a esposa; dizia que era a reencarnação de Jesus Cristo e doou 80% de sua fortuna de bilhões para um lutador búlgaro. Taí um filme que eu queria ver.

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