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FUJA DO OSCAR COM ESSAS 11 GRANDES CINEBIOGRAFIAS

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Estreou ontem “O Jogo da Imitação”, cinebiografia do matemático britânico Alan Turing (1912-1954), o gênio que decodificou as mensagens de rádio criptografadas pelos nazistas e ajudou os aliados a vencerem a Segunda Guerra.

A história de Turing é fascinante. O filme, nem tanto. Que tenha recebido OITO indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, diretor (Morten Tyldum), ator (Benedict Cumberbatch) e atriz coadjuvante (Keira Knightley), é mais uma prova da fraqueza da safra atual de Hollywood.

Este ano, metade dos oito indicados a melhor filme abordam a vida de alguma personalidade, seja da ciência (Stephen Hawking, no pavoroso “A Teoria de Tudo”), da matemática (Alan Turing), das lutas pelos direitos civis (Martin Luther King, em “Selma”) e da guerra (Chris Kyle em “Sniper Americano”, de Clint Eastwood).

Em vez de perder tempo escrevendo pela enésima vez sobre a incapacidade de Hollywood de produzir cinebiografias que saiam do lugar comum, resolvi listar, sem ordem de preferência e em ordem cronológica, 11 grandes filmes que conseguiram contar, de forma ousada e criativa, histórias de pessoas fascinantes. Mande sua lista...

 

A Paixão de Joana d’Arc (Carl Dreyer, 1928)

Direção, fotografia, atuações, iluminação, cenários, direção de arte... Tudo é perfeito no filme de Dreyer, uma obra-prima expressionista que chocou o público quando lançado e continua poderoso quase 90 anos depois. Um close no rosto de Renée Falconetti vale por um milhão de palavras.

 

Salvatore Giuliano (Francesco Rosi, 1962)

Que tal um filme biográfico em que o biografado quase não aparece, a não ser morto? O italiano Rosi, morto recentemente, aos 92 anos, fez justamente isso em “Salvatore Giuliano”, seu estudo neorrealista e violento sobre o bandido que aterrorizou a Sicília nos anos 40. A ideia de Rosi não era apenas contar a vida de Giuliano, mas mostrar como suas façanhas e crimes se eternizaram pela boca e memórias de quem conviveu com ele.

 

Andrei Rublev (Andrei Tarkovsky, 1966)

Tarkovsky dividiu o filme - possivelmente seu experimento narrativo mais ousado - em capítulos, mas é impossível saber se eles foram ordenados de acordo com os acontecimentos da vida do pintor Andrei Rublev (1370-1430) ou simplesmente obedecendo a uma lógica interna imaginada pelo cineasta. De qualquer forma, não é uma cinebiografia convencional, mas uma longa, linda e densa divagação sobre arte, religião e fé, que Tarkovsky raramente conseguiu exibir como queria. Primeiro, o filme foi censurado pelo governo russo, que não gostou da religiosidade da história; depois, foi cortado em 20 minutos pela distribuidora norte-americana, a Columbia. Achei esse vídeo com imagens raras – e coloridas! – de Tarkosvky no set do fillme.

 

O Bandido da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla, 1968)

O personagem, um bandido metido a popstar que aterrorizou São Paulo nos anos 60, é sensacional, mas o filme só virou a obra-prima udigrudi da Boca do Lixo porque Sganzerla a filmou como uma ópera pop, cheia de referências a quadrinhos, radionovelas e jornais sensacionalistas. A cena em que o meliante cai de um muro ao tentar entrar numa casa foi inspirada em “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver”, de José Mojica Marins. Sei porque Sganzerla me contou.

 

Lenny (Bob Fosse, 1974)

Escrevi recentemente sobre Bob Fosse aqui no blog, e este periga ser seu melhor filme, um mergulho na genialidade e vida atormentada do cômico Lenny Bruce (Dustin Hoffman, em sua melhor atuação no cinema). Posso apostar que as cenas de Bruce decadente, tentando voltar à velha forma em suas apresentações de “stand-up”, influenciaram demais Scorsese a criar o epílogo de “Touro Indomável”.

 

Dersu Uzala (Akira Kurosawa, 1975)

Depois de tentar o suicídio devido ao fracasso de “Dodeskaden” e ao declínio de sua carreira, Kurosawa foi convidado a filmar uma coprodução com a Rússia, baseada no livro de memórias em que o explorador russo Vladimir Arsenyev descrevia o convívio com Dersu Uzala, um caçador mongol. O resultado foi um imenso sucesso de bilheteria e um dos grandes filmes de Kurosawa, uma aventura emocionante sobre dois homens de culturas distintas que precisam unir-se para sobreviver no cenário gelado e mortal do leste da Rússia. Veja a cena do encontro de Arsenyev e Dersu – dublado em espanhol!

 

Touro Indomável (Martin Scorsese, 1980)

Difícil acreditar que Jake LaMotta, o pugilista eternizado por Robert de Niro em “Touro Indomável”, ainda esteja vivo, aos 93 anos. Mas é verdade. O que o filme tem de melhor? A direção de Scorsese? A fotografia de Michael Chapman? O roteiro de Paul Schrader? A atuação de de Niro? A montagem de Thelma Schoonmaker? Junte tudo e o resulatdo é o melhor filme de Scorsese, uma viagem pelos demônios pessoais de um maníaco autodestrutivo – e não falo de LaMotta, mas do próprio diretor.

 

Trinta e Dois Curtas Sobre Glenn Gould (François Girard, 1993)

O pianista canadense Glenn Gould (1932-1982) foi uma das figures mais enigmáticas e geniais da música. Era uma espécie de James Dean do piano, um galã misterioso e excêntrico, que abandonou os concertos aos 31 anos e morreu cedo demais. E um artista incomum como ele mereceu um filme incomum: 32 pequenos filmes, variando de entrevistas com admiradores e amigos a passagens de sua vida encenadas por atores. Bonito demais.

 

Ed Wood (Tim Burton, 1994)

Tributo de Burton ao cineasta mais inepto da história, um sujeito que, pelo menos na própria cabeça, era um gênio absoluto. O filme espertamente se concentra nos anos mais prolíficos da carreira de Wood, quando ele, acompanhado quixotescamente por sua trupe de alucinados, filmou “Plan Nine From Outer Space”. O elenco é imbatível, com Johnhy Depp, Bill Murray e Martin Landau impagável como Bela Lugosi.

 

Uma História Real (David Lynch, 1996)

Quem assiste a esse filme sem saber o nome do diretor nunca iria adivinhar que é de David Lynch. Conhecido pelo surrealismo e estranheza de suas obras, Lynch aqui optou pela simplicidade e fez um filme sóbrio, lindo e comovente sobre um septuagenário, Alvin Straight, que percorreu, em seis semanas, 400 km num pequeno trator para visitar o irmão, Henry, que havia sofrido um enfarte. É um “road movie” a oito quilômetros por hora. E o encontro de Alvin (Richard Farnsworth) com o irmão (Harry Dean Stanton) é de partir o coração.

 

O Povo Contra Larry Flynt (Milos Forman, 1996)

Mais que uma cinebiografia, Forman fez um filme importante sobre um assunto que ressuscitou fortemente agora, depois do ataque ao “Charlie Hebdo”: a liberdade de expressão. O ponto central do filme é simples: Larry Flynt, editor da revista pornô “Hustler”, é um escroque, mas até escroques devem ser livres para dizer o que pensam.

 

Bom fim de semana a todos.

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