Na saga da família Houston, a realidade é muito mais estranha que a ficção. Se alguém fizesse um filme sobre as tragédias, trapaças, dramas e vinganças que vêm amaldiçoando o clã, muitos diriam que a história era absurda, feia e improvável demais. Nem Janete Clair conseguiria criar personagens tão imorais quanto as pessoas de carne e osso que povoaram a vida da popstar Whitney Houston.
Há alguns dias, Bobbi Kristina Brown, 21, única filha de Whitney do rapper Bobby Brown, foi encontrada inconsciente dentro de uma banheira cheia d'água em sua casa num subúrbio de Atlanta. Segundo jornais americanos, Bobbi estaria em coma induzido. Já se fala que a jovem teria sofrido morte cerebral.
O incidente ocorreu quase três anos depois da morte de Whitney, em circunstâncias idênticas - encontrada numa banheira em um luxuoso hotel de Beverly Hills. Whitney tinha 48 anos e uma história de 25 anos de abuso de drogas e álcool, além de uma vida pessoal marcada por violência e tortura psicológica.
Cria de uma família de virtuosos musicais - sua mãe era a cantora gospel Cissy Houston, a prima, a cantora Dionne Warwick, e a madrinha, ninguém menos que Aretha Franklin - Whitney foi descoberta em 1983 pelo executivo de gravadora Clive Davis, um dos homens mais poderosos da indústria da música, presidente das gravadoras Columbia, Arista e J Records e que trabalhou com Bob Dylan, Janis Joplin, Santana, Bruce Springsteen, Chicago, Grateful Dead, Simon & Garfunkel, Alicia Keys, Usher, Outkast, Toni Braxton e Puffy Combs, entre dezenas de outros.
Clive Davis pegou a menina de 19 anos e a transformou num fenômeno pop. Ele decidia tudo: repertório, figurino, banda de apoio e até o que Whitney deveria dizer em entrevistas. Dez anos depois, ela havia lançado a trilha sonora de "O Guarda-Costas" e era a cantora mais popular do planeta.
Mas havia algo errado em Houstonlândia. Em 1992, Whitney se casou com o rapper Bobby Brown, com quem ficaria por 15 anos. Depois disso, nunca mais sairia dos tablóides sensacionalistas - e das páginas policiais.
Whitney admitiria depois que, durante os anos 90, fumou crack e cheirou cocaína "todos os dias". Bobby Brown aproveitava a fama da esposa para levantar a própria carreira e lançou uma autobiografia em que dizia que Whitney era bissexual e só havia casado com ele para "limpar sua imagem". Brown também participou de um "reality show", "The Houstons", em que revelava detalhes pouco elogiosos da vida conjugal. O jornal "Hollywood Reporter" definiu a série como "a mais nojenta e execrável jamais exibida na TV".
O resto da família também não era lá grande coisa: uma cunhada de Whitney vendeu a tablóides fotos do camarim da atriz, cheio de parafernália de crack e farinha.
No início dos anos 2000, Whitney estava falida e tinha perdido cerca de 300 milhões de dólares com as drogas. Clive Davis a colocou num programa severo de desintoxicação chefiado por um especialista em ajudar celebridades, indicado por Courtney Love, viúva de Kurt Cobain, ao custo de 1300 dólares por dia, que Davis pagava do próprio bolso. O cara era tão bom, dizia Courtney, que conseguiu fazer até o ator Robert Downey Jr. parar de cheirar.
Whitney melhorou, mas depois iniciou um romance com outro rapper, Ray J, mais conhecido por estrelar um famoso vídeo caseiro de sexo com Kim Kardashian. Ray é primo de Snoop Dogg, o que não o qualifica como par ideal para uma mulher fragilizada e que estava tentando se livrar dos vícios. A cantora entrou em outra espiral descendente, que culminou em sua morte.
Um dia antes de Whitney ser encontrada numa banheira, a filha, Bobbi, teria sido achada inconsciente na mesma banheira. A jovem tinha impulsos suicidas e sofria de depressão. Há duas semanas, Bobbi irritou a família ao anunciar que tinha se casado com Nick Gordon, 24, seu irmão adotivo, que Whitney Houston criava desde que Nick era um bebê. Ontem, Bobby Brown afirmou que o casamento tinha sido "uma farsa" e que Bobbi e Nick nunca foram casados.
Se Bobbi morrer, pelo menos uma briga da família Houston estará resolvida: a disputa pelo espólio de Whitney Houston. Ao morrer, a cantora deixou tudo que tinha para Bobbi. Mas a mãe de Whitney, Cissy, entrou na Justiça alegando que a neta era nova demais para gerenciar tanta coisa. Vade retro.
P.S.: Estarei fora até o fim da tarde e impossibilitado de moderar comentários. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço desculpas e um pouco de paciência.
The post A MALDIÇÃO DE WHITNEY HOUSTON appeared first on Andre Barcinski.