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ROCK IN RIO? NÃO, OBRIGADO!

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O idealizador do Rock in Rio, Roberto Medina, tem uma frase que adora repetir: “O Rock in Rio é o maior festival de música e entretenimento do mundo”.

Medina tem razão. O festival não é apenas musical. Quem foi às últimas edições viu a Cidade do Rock transformada numa mistura de Disneylândia com shopping center: pessoas pagavam 300 mangos pra ficar seis horas na fila da tirolesa e ainda saíam de lá sorrindo depois de ganhar um brinde de uma fabricante de carros ou tirar um “selfie” com alguma subcelebridade do “BBB”.

A música, na verdade, não importa mais. Importa ter atrações tão imensas que agradem a todo mundo e garantam a lotação do evento. Tanto que o primeiro lote de ingressos esgota antes de anunciados os artistas.

O Rock in Rio é uma espécie de “fast food” da música. O negócio é escalar as bandas mais manjadas, tocando repertórios embolorados. Ninguém quer saber de novidade ou risco.

Na última edição do evento, houve uma overdose de tributos a ídolos mortos. Na “Folha”, escrevi:

“Capital Inicial homenageia Chorão, Champignon e Renato Russo. Detonautas, Zeca Baleiro e Zélia Duncan tocam Raul. Maria Gadú, Rogério Flausino, Bebel Gilberto e Ney Matogrosso cantam Cazuza. Maria Rita faz tributo a Gonzaguinha. Marky Ramone toca Ramones. Sebastian Bach revista sua ex-banda, Skid Row. Frejat canta Tim Maia. O Rock in Rio 2013 lembra o Dia dos Mortos, a tradicional festa mexicana que celebra aqueles que se foram. (...) se um festival apela tanto à música dos mortos, é porque há algo errado com a música dos vivos.”

Há uma coisa sobre o Rock in Rio que nunca entendi: se as atrações principais já são capazes de esgotar os ingressos, porque não trazer atrações mais alternativas e de qualidade para o palco secundário? Na verdade, entendo sim: porque o objetivo não é esse. O Rock in Rio não é pra quem gosta de música, mas pra quem gosta de Las Vegas e parques temáticos.

Em setembro, acontece outra edição do evento, que está sendo vendida como uma homenagem aos 30 anos do primeiro Rock in Rio.

O line-up, até agora, é uma piada: temos bandas boas, mas que praticamente moram no Brasil, como Metallica, Faith No More e Queens of the Stone Age; uma atração pra garotada (Katy Perry), outra pra publicitários (John Legend), uma para headbangers (System of a Down, que tocou no RiR em 2011) e uma para órfãos do anos 80 (A-ha).

E temos também as bandas cover, como The Hollywood Vampires, um “supergrupo” formado por Alice Cooper, Johnny Depp e Joe Perry (Aerosmith), que fará sua estreia no Rock in Rio. Segundo relatos, devem tocar músicas próprias e versões de clássicos de Stooges, Hendrix, Beatles, Doors... e Alice Cooper, claro. Deve ser triste.

Mas o pior é ler que o Queen voltará, com Adam Lambert nos vocais. Adam quem??? Confesso que apelei ao Google pra saber quem é Adam Lambert, e descobri que o cururu foi vice-campeão do “American Idol” de 2009. Belo currículo.

Estão abertas as apostas: que outros tributos a cadáveres Roberto Medina vai bolar? Seu Jorge canta Michael Jackson? Roberto Carlos interpreta Elvis? Ana Carolina ressuscita Janis Joplin? Sandra de Sá canta Whitney Houston?

De uma coisa tenho certeza: quando Adam Lambert fechar os olhos para cantar “Love of My Life”, o megaultrafodãotelãoHD do Rock in Rio vai mostrar a imagem de Freedie Mercury, sem camisa e com aquela calça de lycra cinco números menor que o recomendável, regendo a plateia no festival de 85. E algum atorzinho da Globo, escalado para comentar o evento, vai dizer como está tudo lindo e arrepiante. Tô fora.

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