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VAI UM LINCHAMENTO AÍ, FREGUESA?

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cyberbullying VAI UM LINCHAMENTO AÍ, FREGUESA?

A edição de março da revista “Piauí” traz um artigo de Jon Ronson, autor de “Os Homens Que Encaravam Cabras”, chamado “A vida por um tuíte”. O texto foi tirado do livro “So You’ve Been Publicly Shamed”, que será lançado no Brasil em 2016.

No artigo, Ronson conta a história da norte-americana Justine Sacco, 30 anos, relações-públicas de uma grande empresa. Minutos antes de embarcar para uma viagem à África do Sul, Justine pensou numa piada estúpida que envolvia Aids, a África, e o fato de ela, Justine, ser branca. Sem pensar muito, disparou a piada para seus parcos 170 seguidores no Twitter.

Quando chegou à Cidade do Cabo, descobriu, atônita, que tinha virado “trending topic” mundial. Sua vida foi destruída por aquele tuíte infeliz. Perdeu emprego, amigos e, por pouco, a sanidade.

Nem namorado ela arrumava mais. Vários pretendentes desistiram de sair com ela depois de fazerem uma busca no Google e descobrirem sobre o "escândalo" internético. A pecha de racista e insensível ficou colada na moça para sempre.

Leia o artigo. Depois faça um favor a você mesmo e saia correndo de Twitter, Facebook e Instagram.

Linchamentos virtuais não são novidade. Abra a rede social agora e você verá algum paladino da moral juntando as tropas para linchar alguém.

Quantas vezes não vimos amizades, carreiras e empregos destruídos por um comentário infeliz? Já escrevi isso e repito: o Twitter deveria ter, obrigatoriamente, um período de 10 ou 15 segundos de intervalo entre o momento em que você envia a mensagem e a publicação, quando apareceria uma mensagem: “Tem CERTEZA que você quer publicar isso?” O mundo seria um lugar bem mais pacífico e tolerante.

São muitos os exemplos de pessoas linchadas por frases polêmicas: o comentarista esportivo que xingou a torcida de um time e foi demitido; o estilista que reclamou de habitantes de uma determinada região do país; o jogador de futebol que provocou a torcida rival. Se pudessem voltar no tempo, garanto que todos apagariam as mensagens polêmicas.

As redes sociais são traiçoeiras porque eternizam frases ditas no calor do momento e sem tempo para considerações mais profundas. É como se alguém pegasse uma frase sua, dita enquanto você vê um jogo de futebol e xinga o juiz, ou conta uma piada politicamente incorreta para um amigo, e a estampa para sempre na web, embaixo de uma foto sua. Uma vez ali, c’est fini, mon ami. Você É aquela frase. Pra sempre.

Não tenho conta no Facebook. Já tive conta no Twitter – 8663 seguidores – mas abandonei há dois anos (fiz um texto sobre as razões para pular fora; leia aqui). Posso dizer que minha vida melhorou mil por cento sem Twitter. Ganhei, no mínimo, uma hora a mais por dia e pude me ocupar de coisas mais interessantes, como ler, ouvir música e brincar com os filhos.

Ano passado, no entanto, precisei pesquisar no Twitter para juntar artigos e opiniões sobre meu livro “Pavões Misteriosos”. Mesmo sem ter uma conta, fiz pesquisas pelo meu sobrenome e pelo nome do livro e juntei um monte de citações ao livro. Mas também encontrei várias coisas desagradáveis.

Além dos xingamentos habituais de quem discorda do que escrevo, havia coisas mais sérias. Um sujeito me acusava, sem nenhuma prova ou razão, de fazer propaganda de lojas em meu blog. Fiz um texto no blog sobre este caso (leia aqui), mas tive o cuidado de não publicar o nome do cara, justamente para evitar que ele virasse alvo. Ninguém – nem um irresponsável e venal como ele - merece ser linchado.

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