Que Petrolão que nada. A notícia mais espetacular do ano foi a prisão de “Charlie Morgan”, baterista da banda de Elton John, em São Paulo.
“Morgan”, claro, não se chama Morgan, mas José Eduardo Carrara, um paulistano de 54 anos, morador de Pirituba. Ele foi preso em flagrante ao fazer um B.O. falso numa delegacia. Falando inglês perfeito, Morgan/Carrara dizia ter sido roubado por meliantes. (veja a matéria do R7 aqui).
O escrivão desconfiou que algo não batia na história ao ver a ficha de Morgan: seu pai era “Reginald Kenneth Dwight”, mais conhecido por Elton John; já a mãe chamava-se “Alice Cooper Carrara Morgan Dwight”.
Ao que parece, esse filho bastardo de papai Elton John e mamãe Alice Cooper dá golpes em cidadão incautos há vários anos, fazendo-se passar por estrangeiro assaltado no Brasil.
Assim que vi a foto de Carrara, reconheci-o na hora. Ele era o “Thom Yorke” que tentou me aplicar um golpe em 2011, no centro de São Paulo. Na ocasião, fiz um texto sobre o caso. Relembre:
O golpe é sempre o mesmo.
Você está andando pela rua, tranqüilo, quando um sujeito chega, ofegante, com camisa aberta no peito e expressão de medo no rosto.
“Do you speak English?”
Você responde que sim. Daí o sujeito joga a ladainha: chegou ao Brasil há poucos dias, está num hotel não sei aonde, e acabou de ser roubado e espancado por policiais. Perdeu todos os documentos e precisa de uns 10 ou 20 reais para pegar um táxi e ir ao consulado americano.
Comovido com a situação e envergonhado pelo péssimo tratamento dado a um pobre turista, você ajuda o sujeito.
Isso nunca aconteceu com você?
Não sei se tenho cara de idiota ou de bonzinho, mas sempre tem algum desgraçado tentando me aplicar esse truque.
A primeira vez que isso aconteceu comigo foi há uns 20 anos.
Eu andava por uma rua tranqüila da Urca, no Rio, quando fui abordado por um americano, que me contou a tal história.
Estarrecido, dei um dinheiro pro sujeito. Saí me sentindo o próprio Bono.
Algumas noites depois, encontro o pilantra enchendo a cara numa mesa do Baixo Gávea, torrando o meu dinheiro no 34º chopp da noite.
Prometi nunca mais cair no golpe.
Ao longo dos anos, vi o mesmo truque sendo aplicado em diversas ocasiões.
Certa vez, um idoso estava a ponto de dar uma nota de 50 reais para um meliante desses, em frente à Praça Buenos Aires, bem na hora em que eu estava passando. “Senhor, não cai nesse truque, que isso aí é o maior 171!”.
O tal “americano” não só sabia o que era “171”, como ficou me xingando no meio da rua. Mas pelo menos o velhinho se ligou no trambique e não perdeu a grana.
Há um seis meses, presenciei o truque na Avenida São Luís, Centro de São Paulo.
Fui abordado por um ruivo, cara de britânico. Parecia o Thom Yorke:
“Do you speak English?”
“Já sei, você foi roubado pela polícia e precisa de dinheiro pra ir ao Consulado, certo?”
Mas esse era safo. Fingiu que não falava Português: “What? I don’t understand!”
“Entende sim, safado. Espera aí que eu vou chamar um guarda e você conta a sua história pra ele...”
Antes que eu pudesse dizer “You’re a creep!”, Thom Yorke rapidamente saiu correndo, entrou num táxi e se mandou. Foi procurar um pato em outro lugar.
Lembrei esses episódios porque, há pouco mais de um mês, presenciei uma variação asiática do golpe.
Eu estava no carro com minha mulher, preso num engarrafamento na Liberdade, em São Paulo, quando vi um japonês, ofegante, com camisa aberta no peito e expressão de medo no rosto, abordando um oriental na calçada. Não precisei nem ouvir o que ele ia dizer pro coitado. Gritei:
“Ô amigão! Não cai nessa não, que é 171! Se ele te pedir dinheiro, não dá!”
A que ponto chegamos. Nunca poderia esperar ver um japonês dando um golpe desses.
Deve ser a tal globalização.
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