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O que uma criança de hoje acharia de “Gremlins”?

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Minha filha tem sete anos e adora filmes de terror. Claro que não mostramos a ela nada sanguinolento ou chocante. Preferimos clássicos antigos, como “Drácula” (1931), com Bela Lugosi, e “Frankenstein” (1931), com Boris Karloff. Se eram amedrontadores nos anos 30, esses filmes, hoje, mais divertem que assustam.

Dia desses, decidi mostrar a ela um filme “teen” que adorei quando vi, há uns 30 anos: “Gremlins” (1984), de Joe Dante.

O filme é mais apropriado a um público adolescente, mas ela gostou mesmo assim. Riu muito com a transformação dos bichos fofinhos em Gremlins e com a zona que eles causaram na cidadezinha onde o filme se passa.

Minha lembrança de “Gremlins” era a de uma comédia de ação superacelerada e hiperativa, com monstrinhos zunindo pela tela, caos e barulho.

Foi uma surpresa constatar que minha impressão estava errada: comparado aos filmes “teen” de hoje, “Gremlins” tem o ritmo de Tarkovsky ou Bergman.

Lançado em 1984, “Gremlins” foi produzido por Steven Spielberg. Naquela época, o cinema para adolescentes vivia um período de mudanças, em que o ritmo dos filmes estava acelerando cada vez mais, claramente influenciado pelo imenso sucesso dos blockbusters de Spielberg e Lucas.

Trinta anos depois, o ritmo narrativo de “Gremlins” provavelmente entediaria muitos jovens de hoje. O filme não tem só ação, mas longas sequências de diálogos e passagens silenciosas.

Só para comparar: ano passado, levei minha filha ao cinema para ver “Uma Aventura Lego”, que não é uma produção “teen”, mas infantil.

Foram 100 minutos de tortura absoluta, uma correria nonstop a 200 quilômetros por hora, com uma trilha sonora ribombante de um poperô de 130 bpms que ecoava pelo cinema a um volume semelhante ao de uma rave com o Tiesto. Para piorar, a bagaça era em 3D . Veja o trailer e imagine 1h40 disso:

Respeito a opinião de quem gostou de “Lego” – aliás, o filme recebeu críticas ótimas - mas saí da sessão impressionado com a velocidade, volume e intensidade do filme. Era um estímulo visual e sonoro atrás do outro. Parecia um videoclipe gigante.

Procurei na Internet algum estudo comparativo sobre o número médio de cortes em filmes nas últimas décadas, mas não encontrei. Seria interessante estudar esse tema.

Enquanto ninguém publica um estudo detalhado sobre isso, uma boa experiência é comparar filmes semelhantes feitos em décadas diferentes. Veja “Três Dias do Condor” (1975) e depois assista a qualquer um da série “Bourne”, ou “Corrida Contra o Destino” (1971) e “Velozes e Furiosos”, e a conclusão é uma só: os filmes ficarão cada vez mais velozes e mais furiosos.

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