Quantcast
Channel: Andre Barcinski
Viewing all articles
Browse latest Browse all 575

Novo “True Detective” começou mal

$
0
0

Atenção: o texto contém spoilers.

A primeira temporada de “True Detective” foi sensacional: oito horas de um policial noir-gótico-sobrenatural à David Lynch, passado nos sombrios pântanos da Louisiana e com dois personagens inesquecíveis, os detetives interpretados por Matthew McConaughey e Woody Harrelson.

A segunda temporada tem história, cenário, elenco e diretores completamente diferentes da primeira, e estreou domingo na HBO. A primeira impressão, pelo menos para mim, não foi das melhores.

O primeiro episódio de qualquer série – prefiro classificar “TD” de “filme longo”, já que cada trama nasce e morre em oito episódios – é o mais difícil. Em uma hora, o roteiro precisa apresentar todos os personagens principais e dar o pontapé inicial na trama.

A julgar pelo primeiro episódio da segunda temporada, ela tem o dobro de personagens principais da primeira. São quatro: Ray Velcoro (Colin Farrell), um policial corrupto que está no bolso do mafioso Frank Semyon (Vince Vaughn), e dois policiais, Ani Bezzerides (Rachel McAdams) e Paul Woodrugh (Taylor Kitsch).

O tema central é a investigação do assassinato de um político, metido num projeto bilionário de Semyon que envolve uma estrada que corta toda a Califórnia.

O primeiro episódio se dedicou a contar o background desses quatro personagens, e não consegui acreditar em nenhum. Velcoro é atormentado por uma tragédia familiar: seu filho é, possivelmente, resultado de um estupro sofrido pela ex-esposa; Semyon é um ex-capanga da máfia que sonha em tornar-se um honesto homem de negócios, e Woodrugh é um ex-militar com alguma história cabulosa – e, por enquanto, secreta - de combate. Já vimos esse filme antes, não?

Mas a personagem que mais me incomodou foi a de Rachel McAdams. A moça é um poço de ressentimento contra os homens, e a explicação surge de maneira atabalhoada e simplista quando ela encontra a irmã, uma viciada em drogas, trabalhando num esquema de transmissão de filmes pornô pela Internet, e o pai, um guru new age (David Morse) que dá cursos de autoconhecimento numa clínica e que ela culpa pelo suicídio da mãe.

O roteiro abusou de “coincidências” e cenas inverossímeis – o policial Woodrugh acha o corpo do político no meio da estrada; a policial Bezzerides encontra a irmã e o pai no mesmo dia durante a investigação de dois crimes distintos; o policial Velcoro, num aparente surto de demência, espanca o pai de um menino que humilhou seu filho, etc.

Espero que o roteirista e criador da série, Nic Pizzolatto, consiga tornar os personagens e suas histórias mais credíveis nos próximos episódios. Uma série que abre com uma música de Leonard Cohen (“Nevermind”) e fecha com um cover de Nick Cave e Warren Ellis para “All the Gold in California”, de Larry Gaitlin & the Gaitlin Broithers, merece uma grande história.

The post Novo “True Detective” começou mal appeared first on Andre Barcinski.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 575

Latest Images

Trending Articles