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Pop cambojano, James Brown, rock da Groenlândia…

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Começa hoje e vai até 12 de julho em São Paulo (e de 14 a 19 de julho em Salvador) o 7º In-Edit – Festival Internacional do Documentário Musical.

É um dos festivais mais legais do Brasil, não só pela qualidade da programação, mas por trazer filmes que dificilmente seriam exibidos em circuito comercial por aqui.

A programação está muito boa e eclética. Há filmes sobre bandas de rock da Groenlândia, hip hop panamenho e pop cambojano; cinebiografias de Jaco Pastorius, James Brown, Paco de Lucía e Aracy de Almeida; documentários sobre os Racionais, Slint, Killing Joke, The Damned, NAS e Premeditando o Breque. Tem de tudo (veja a programação completa aqui).

O cineasta homenageado desta edição é o norte-americano Murray Lerner, diretor de clássicos filmes-concerto de Bob Dylan, Jimi Hendrix, The Who e do Newport Folk Festival, com Son House, Johnny Cash, Joan Baez, Howlin’ Wolf e muitos outros. O festival vai exibir também “From Mao to Mozart: Isaac Stern in China” (1980), sobre o histórico concerto do violinista Isaac Stern com a Orquestra Sinfônica da China.

Assisti a vários filmes da programação do In-Edit e fiz uma seleção de dez títulos imperdíveis. Aqui vão os cinco primeiros e amanhã, mais cinco:

 


Don’t Think I’ve Forgotten: Cambodia’s Lost Rock and Roll
Em abril de 1975, a capital do Camboja, Phnom Pehn, foi tomada pelas tropas do Khmer Vermelho, sob o comando do líder comunista Pol Pot. Cerca de dois milhões de pessoas foram executadas, e qualquer resquício cultural e social do passado foi exterminado.
Escritores, atores, músicos e pintores foram alguns dos alvos mais procurados. A rica história da música pop cambojana dos anos 1950 e 1960 foi sepultada nos “Campos da Morte”, com a matança de vários ídolos musicais do país. Esse filme resgata essa história. Imperdível.

 


Mr. Dynamite: The Rise of James Brown
O filme é bem careta, mas as cenas de arquivo e os depoimentos – incluindo músicos extraordinários como Maceo Parker e Bootsy Collins, que tocaram na banda de James Brown – são excepcionais.
Melhor história de todas: certa vez, Little Richard, com quem Brown dividia um empresário, precisou cancelar 30 shows para gravar um disco. O empresário colocou Brown, de peruca, para se fazer passar por Little Richard e cantar nos shows. Ninguém notou a diferença.

 


Autoluminescent: Rowland S. Howard
Nick Cave, Thurston Moore, Wim Wenders, Lydia Lunch e outros falam da importância de Howard (1959-2009) em suas vidas e carreiras. Howard foi guitarrista do Birthday Party, uma das bandas mais inovadoras e influentes do pós-punk, e tocou também no Crime and the City Solution e These Immortal Souls.
O som único, sujo e abrasivo de Howard influenciou muita gente. Difícil imaginar as cenas góticas, noise e shoegazer existindo sem o Birthday Party abrindo os caminhos.

 


Jaco
“Meu nome é John Francis Pastorius Terceiro e sou o maior baixista do mundo”. Era assim que Jaco Pastorius (1951-1987) costumava se apresentar, mesmo quando era um músico desconhecido, ganhando a vida em bares na Flórida. E quem discorda?
Nesse documentário, gente como Flea, Bootsy Collins, Santana, Joni Mitchell, Herbie Hancock, Wayne Shorter e outros confirmam: nunca houve um baixista como Jaco. As cenas de arquivo e trechos de shows são de cair o queixo, e o fim da vida de Jaco – drogas, álcool, e uma morte estúpida – das mais tristes.
E atenção, classe artística brazuca: o documentário foi inteiramente financiado por Robert Trujillo, baixista do Metallica e fã de Pastorius. Quando será que nossos artistas vão parar de mendigar dinheiro público e botar as mãos nos bolsos por boas causas?

 


Sumé – O Som de uma Revolução
Em 1973, a banda Sumé (a pronúncia é “Súmi”) lançou o primeiro disco de rock de uma banda da Groenlândia. O LP – cantado inteiramente em gronelandês - foi importante não só por marcar a estreia da ilha no cenário pop mundial, mas por ser um protesto contra a dominação dinamarquesa.
Esse filme é uma revelação: apresenta músicos novos para nós e conta a história de uma nação que desconhecemos quase que por completo.

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