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Mel Gibson, Michelle Pfeiffer e Kurt Russell: diversão para adultos

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O horário é péssimo, mas sempre dá pra gravar: na madrugada de terça pra quarta, às 5h30, o canal Max Up exibe “Conspiração Tequila” (“Tequila Sunrise”, 1988), de Robert Towne.

Vale a pena assistir. Não é nenhum filmaço, mas é dos exemplares mais representativos de um tipo de cinema que Hollywood deixou de fazer há uns 20 anos: o entretenimento adulto.

Hoje, quando a indústria do cinema concentra esforços em atrair o público infanto-juvenil, bem menos exigente e mais lucrativo que o público adulto, filmes como “Tequila Sunrise” sumiram das telas. Quem tem mais de 20 anos só quer ver séries de TV.

“Tequila Sunrise” é diversão escapista, mas de primeira categoria. Basta ver as credenciais da equipe: o diretor e roteirista é Robert Towne, que escreveu “Chinatown” (Roman Polanski, 1974), “Shampoo” (Hal Ashby, 1975) e “Missão Impossível” (Brian De Palma, 1996), além de ter colaborado, muitas vezes sem crédito, em roteiros como os de “O Poderoso Chefão” (Francis Ford Coppola, 1972), “Bonnie and Clyde” (Arthur Penn, 1968), “The Parallax View” (Alan J. Pakula, 1974) e “Maratona da Morte” (John Schlesinger, 1976), entre muitos outros.

A fotografia é de Conrad Hall (1926-2003), que fotografou só “Butch Cassidy and the Sundance Kid” (George Roy Hill, 1969), “A Sangue Frio” (Richard Brooks, 1967), “Fat City” (John Huston, 1972) e “Beleza Americana” (Sam Mendes, 1999).

A música é de Dave Grusin, que ganhou 12 Grammys e fez trilha e canções para mais de cem filmes, incluindo “Tootsie” (Sidney Pollack, 1982), “A Primeira Noite de um Homem” (Mike Nichols, 1967), “O Céu Pode Esperar” (Warren Beatty e Buck Henry, 1978) e “Num Lago Dourado” (Mark Rydell, 1981).

O elenco também é fraquíssimo: tem só Mel Gibson fazendo um ex-traficante de drogas que tenta largar o crime e disputa uma lindíssima, inteligente e charmosa dona de restaurante (Michelle Pfeiffer) com um detetive da polícia de Los Angeles – e seu amigo de infância – interpretado por Kurt Russell, em meio a uma caçada da polícia a um chefão do tráfico mexicano vivido por Raul Julia (1940-1994). O elenco de apoio também é de quinta categoria, com o inesquecível J.T. Walsh (1943-1998) no papel de um detetive e Arliss Howard fazendo um advogado bandido.

“Tequila Sunrise” não é nenhuma obra-prima, e nem pretende ser. É um empreendimento comercial, feito para faturar alto nas bilheterias. Mas, diferentemente de hoje, é um filme comercial muito bem escrito, bem atuado, com uma história envolvente e diálogos espertíssimos.

Foi só o segundo filme de Towne na direção. Ele havia estreado comum filme tão bom quanto desconhecido, “Personal Best” (1980), em que Mariel Hemingway interpreta uma corredora norte-americana que tenta se classificar para as Olimpíadas de Moscou, em 1980 (que seriam boicotadas pelos Estados Unidos), e acaba se apaixonando por uma colega de equipe.

Towne é das figuras mais excêntricas de Hollywood: considerado um genial “script doctor”, espécie de revisor que diretores contratam para melhorar roteiros, tem um ego do tamanho de um bonde e se recusou a assinar roteiros em filmes que não julga bons. Em 1984, chateado com o resultado de “Greystoke: a Lenda de Tarzan”, de Hugh Hudson, creditou o filme a P.H. Vazak, seu cachorro. Vakaz tornou-se o primeiro cão indicado ao Oscar de melhor roteiro.

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