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Mirem-se no exemplo do Wilco

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Jeff Tweedy e seu Wilco continuam a surpreender, não só pela qualidade da música que têm feito nos últimos 21 anos, mas pelas estratégias de relacionamento com os fãs.

Há alguns meses, escrevi aqui no blog que o Wilco periga ser a melhor banda norte-americana das últimas duas décadas (leia aqui). E digo mais: é a que melhor trata seus fãs.

 

 

Na sexta passada, a banda liberou gratuitamente o download de seu nono disco de estúdio, "Star Wars". O link ficará disponível no site oficial do Wilco até 13 de agosto.

No dia seguinte, os fãs puderam ver, em streaming, o show do grupo no festival Pitchfork, em Chicago.

Poucos dias antes do lançamento-surpresa de "Star Wars", o Wilco anunciou uma mudança na política de reserva antecipada de ingressos para seus shows. As reservas passarão a ser feitas por uma nova empresa, que, segundo a banda, facilitará a vida dos fãs inscritos no site do grupo,  que têm prioridade na compra de ingressos.

Desde 2010, quando largou a gravadora Nonesuch, ligada à Warner, e montou seu próprio selo, o dBpm, o Wilco vem provando que é possível ser independente e continuar aumentando seu número de fãs. A banda é um exemplo de sucesso num mercado musical dilacerado.

A estratégia "faça você mesmo" tem surtido efeito. Em vez de reclamar da qualidade dos line-ups de festivais por aí, o Wilco inventou seu próprio festival, o Solid Sound, que acontece anualmente e é um grande sucesso (veja aqui o line-up de 2015, que aconteceu em junho).

No festival, o Wilco geralmente faz três shows: um "normal", outro com pedidos de fãs, e o terceiro só de "covers". A banda acaba de lançar "Every Other Summer", um documentário sobre o Solid Sound de 2013 (veja aqui um clipe deles tocando uma versão matadora de "Cut Your Hair", do Pavement).

Jeff Tweedy sabe que hoje o dinheiro está muito mais em shows do que em disco, e por isso tem excursionado sem parar, não só com o Wilco, mas em apresentações solo e com o Tweedy, a banda que montou com o filho, Spencer. A maioria dos concertos têm lotação esgotada.

Outro ponto importante a favor do Wilco: há quase 20 anos eles mantêm o próprio estúdio, The Loft, em Chicago, onde ensaiam e gravam não só os próprios discos, mas os que Tweedy produziu para Mavis Staples, Richard Thompson e outros artistas.

Sobre "Star Wars": só consegui ouvir o disco duas vezes, mas gostei demais. O Wilco deixou de ser uma banda de "alt-country" há muito tempo e se tornou um supergrupo que faz uma música extremamente pessoal, única e indefinível. O disco ora lembra Bowie da fase "Scary Monsters", ora remete aos experimentos sônicos do krautrock ("Pickled Ginger" lembra muito o Can).

Há pelo menos três ou quatro faixas - "Taste the Ceiling", "You Satellite", "King of You", "Magnetized" - que perigam virar clássicos do repertório da banda.

Que venham logo para o Brasil, por favor.

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