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“Vício Frenético”: um filme feio, sujo e malvado

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Cansei de encher a bola da Versátil Filmes aqui no blog. Os caras lançam muita coisa boa (em tempo: não conheço ninguém lá, não tenho nenhuma ligação com a empresa e faço questão de comprar os lançamentos que me interessam).

Minha próxima aquisição será o DVD de um de meus filmes prediletos, que acaba de ser relançado: “Vício Frenético” (“Bad Lieutenant”, 1992), de Abel Ferrara.

A exemplo da maioria dos filmes de Ferrara, não é para todos. Muita gente pode achar de mau gosto, exagerado e sensacionalista. E é mesmo. Mas para quem gosta do cinema marginal e sujo de Ferrara, está no topo da lista, junto com “O Rei de Nova York” (1990), “Os Chefões” (1996) e “Bem-Vindo a Nova York” (2014).

Leia aqui sobre minha tentativa frustrada de entrevistar Abel Ferrara, em 1996.

Voltando a “Vício Frenético”: o filme acompanha alguns dias na vida do “tenente mau”, interpretado por Harvey Keitel. O sujeito é um demônio: rouba cocaína de cenas de crimes, faz negócios com traficantes, explora sexualmente duas jovens depois de pará-las por uma infração de trânsito, tudo isso enquanto investiga um caso de violência sexual contra uma freira e tenta negociar com um bookie de apostas ilegais para quem está devendo uma pequena fortuna.

Ferrara não perde tempo explicando por que o personagem é assim. Ele é, e pronto. Keitel o interpreta com o olhar perdido de quem sabe que sua vida não tem volta. É, no fundo, um filme extremamente religioso e espiritual, e talvez por isso tenha emocionado tanto outro diretor que sempre gostou de histórias de homens de fé habitando as ruas imundas de Nova York: Martin Scorsese.

Quando fez sua lista dos melhores filmes dos anos 90, Scorsese colocou “Vício Frenético” em quinto lugar, atrás apenas de “O Ladrão de Cavalos” (Tian Zhuangzhuang), “Além da Linha Vermelha” (Terence Malick), “Duo Sang” (Nien-Jen Wu) e “De Olhos Bem Fechados” (Stanley Kubrick).

“Vício Frenético” pode parecer, na superfície, uma apologia à violência ou um “manifesto” kamizake. Mas o filme trata de temas como redenção e moralidade. A violência de Ferrara nunca é gratuita ou recompensadora. Seus filmes podem ser, por vezes, desagradáveis e repulsivos. Mas quem não é?

Depois de assistir ao filme, sugiro ver a refilmagem dirigida por Werner Herzog e “interpretada” por Nicholas Cage, só para notar como um grande filme pode ser completamente destruído por más escolhas. Sinta o drama:

 

 

Quando assistiu à refilmagem, Abel Ferrara declarou: “Quero que todos os envolvidos com esse filme queimem no inferno!” Não dá para culpá-lo.

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