Tenho fé: um dia desses, Matt Bellamy, líder do Muse, vai reunir a imprensa, dar uma imensa gargalhada e dizer que tudo não passou de um trote. Chorando de rir, vai revelar o que muitos já desconfiavam: que o Muse não passava de uma piada, um projeto satírico onde ele usava todos os excessos do rock de arena dos anos 70 para tentar criar a banda mais ridícula da história do pop. Um Spinal Tap em carne e osso.
Não é possível que alguém veja essa capa e não perceba que Bellamy é um brincalhão:
Faz muito tempo que a música pop não vê uma capa de disco tão bonita e moderna. Na galeria de arte do rock, ela não deve nada a essa belezinha...
Ou a essa...
Ou ainda a essa:
“Drones” é o sétimo disco de estúdio do Muse. É um álbum conceitual sobre um assunto que vem tirando o sono de Bellamy: o drone.
Sim, Matt Bellamy está obcecado por drones. Ele não suporta mais a ideia de viver em uma sociedade controlada por esses objetos malignos e resolveu dar um basta na situação. “O mundo é controlado por drones que usam drones para nos transformar em drones”, disse.
Para provar, Bellamy fez um disco inteiro que parece ter sido composto, tocado, produzido e gravado por drones.
Em uma entrevista à BBC, o gênio afirmou: “É possível fazer coisas pavorosas por controle remoto, a uma grande distância, sem sentir nenhuma das consequências ou mesmo sentir-se responsável por nada.” A frase define bem o trabalho do Muse.
O novo disco foi produzido por Robert “Mutt” Lange, um ás de estúdio dos anos 70 e 80 que fez só “Highway to Hell” e “Back in Black”, do AC/DC, antes de trabalhar com Michael Bolton, Maroon Five, Nickelback e Muse e se esconder de vergonha por 30 anos numa floresta da Suíça, contando dinheiro e sem dar uma entrevista sequer.
Voltando ao disco: para transmitir ao planeta sua preocupação com os drones, Matt Bellamy criou videoclipes que são verdadeiras obras-primas da paranóia bélica. Achei interessante como ele incluiu nos vídeos suas letras, tão profundas e complexas, certamente para facilitar o processo de entendimento pelo ouvinte. Veja esse:
E esse aqui, com um começo à “Full Metal Jacket”, de Stanley Kubrick:
Vá em frente, Matt, que a música seria bem menos engraçada sem você.
P.S.: Estarei fora hoje até o meio da tarde e impossibilitado de moderar comentários. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço desculpas e um pouco de paciência. Obrigado.
The post Muse: expandindo os limites do ridículo appeared first on Andre Barcinski.