Quantcast
Channel: Andre Barcinski
Viewing all articles
Browse latest Browse all 575

DAFT PUNK: O TRIUNFO DOS ROBÔS

$
0
0

Muito merecido – e inesperado – o triunfo do Daft Punk no Grammy. E depois que eles botaram a casa abaixo com uma versão matadora de “Get Lucky”, com direito a participação de Stevie Wonder e Nile Rodgers e menções a “Freak Out”, do Chic, e “Another Star”, de Wonder, qualquer outro artista que subisse ao palco não tinha mais o que fazer. Se você ainda não viu, assista e babe...

Daft Punk, Pharrell Williams & Stevie Wonder - Get Lucky performance at The Grammy's 2014 por thevideos no Videolog.tv.

 

É muito legal ver o sucesso de um disco como “Random Access Memories”, um trabalho orgânico, quase sem “samples” e inteiramente gravado ao vivo, que vai na contramão do estilo de produção digital e ultracontrolado que prevalece hoje no pop mundial.

O que o Daft Punk fez – aliás, como vem fazendo nos últimos 20 anos - foi voltar ao passado para apontar o caminho pro futuro. “Random Access Memories” levou mais de cinco anos para ser terminado e se inspirou nas produções cristalinas e milimetricamente executadas de álbuns de Eagles e Fleetwood Mac. Thomas Bangalter, um dos Daft Punks, disse a Simon Reynolds, do “The New York Times”: “O fim dos anos 70 e início dos 80 foi o auge de um certo tipo de qualidade em gravação de som, e queríamos resgatar esse espírito.”

Isso significou chamar alguns dos melhores músicos do mundo, como o guitarrista e compositor Nile Rodgers, do Chic, o baterista John Robinson, que gravou com Michael Jackson, Quincy Jones e Lionel Richie, e o compositor Paul Williams – o baixinho engraçado que recebeu o Grammy na premiação – autor de músicas de sucesso nas vozes de Barbra Streisand, Carpenters, David Bowie e, claro, dos Muppets. Um timaço.

Com “Random Access Memories”, o Daft Punk mostra que nada - nenhuma inovação tecnológica, nenhum truque de estúdio ou ProTools da vida – substitui a magia de ouvir bons músicos tocando juntos. Isso tem um preço alto, claro, e o disco custou à Sony mais de um milhão de dólares para gravar. Mas todo centavo é justificado quando se ouve “Get Lucky” e o tom quente e festeiro de sua produção analógica.

Será o Daft Punk a banda mais influente da dance music dos últimos 20 anos? Não tenho dúvida. Os caras influenciaram a house, o techno, o pop de FM e, como bem disse o crítico da “The New Yorker”, Sasha Frere-Jones, ajudaram o hip hop a conquistar pistas de dança quando Kanye West sampelou “Harder, Better, Faster, Stronger” em seu hit “Stronger”, de 2007.

O Daft Punk lançou só quatro discos em 20 anos, mas cada um foi um marco. Eles são, para nós, o que o Kraftwerk foi para gerações anteriores: robôs que tornaram a música mais humana e buscaram inspiração no passado para moldar o futuro. Se o Kraftwerk se inspirou  em Beach Boys e em "girl groups" dos anos 60 e depois foi sampleado por Afrika Bambaatta em "Planet Rock", o Daft Punk cresceu ouvindo Chic, Giorgio Moroder e Stevie Wonder, e hoje é referência para nomes como Jay-Z e Kanye West.  Vida longa aos robôs.

P.S.: Resolvi postar esse texto hoje, junto com o texto sobre Matthew McConaughey, para aproveitar a repercussão da vitória do Daft Punk no Grammy, na madrugada de segunda. Volto com um texto novo na quarta. Abraços.

 

Veja mais:

+ R7 BANDA LARGA: provedor grátis!

+ Curta o R7 no Facebook

+ Siga o R7 no Twitter

+ Veja os destaques do dia
+ Todos os blogs do R7

The post DAFT PUNK: O TRIUNFO DOS ROBÔS appeared first on Andre Barcinski.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 575