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A noite foi de QOTSA, Deftones e Lamb of God

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De cara, o público da quinta, 24 de setembro, era bem diferente daquele que lotou o Rock in Rio para ver Queen cover, Elton John e Rod Stewart.

Assisti a boa parte do show do Lamb of God no mesmo local onde vi, na noite de domingo, um poseur chamado John Legend, e o número de pessoas tuitando e batendo papo durante o show do LoG era incomparavelmente menor.

Para o meu gosto, a noite de quinta foi a melhor do festival até agora.

Não posso dizer que sou grande fã do Lamb of God ou que passo meus dias ouvindo seus discos, mas o show foi demais. Se eu tivesse 17 anos, teria sido o show da minha vida.

A banda faz uma mistura poderosa de metal com hardcore, e não alivia na velocidade por um segundo. O baterista é um animal completo.

Um telão exibia imagens violentas e sangrentas - cenas de guerras no Vietnã e Afeganistão, imagens de campos de concentração nazistas na Segunda Guerra, manifestações de rua, os assassinatos de John Kennedy e Martin Luther King - que complementavam visualmente as letras sempre agressivas de Randy Blythe.

Aliás, se tiver chance, assista ao documentário "As the Palaces Burn", sobre um evento trágico que quase acabou com a banda: em 2010, durante um show na República Tcheca, o cantor empurrou um fã de 19 anos que havia subido no palco. O palco não tinha mais de um metro de altura. O rapaz caiu no chão e bateu a cabeça, mas continuou curtindo o show. Horas depois, no caminho de casa, passou mal e morreu. Blythe só ficou sabendo da morte do fã dois anos depois, quando foi preso pela polícia tcheca numa escala de vôo em Praga. O cantor ficou em cana por 38 dias e acabou inocentado pelo júri.

Tive de correr à sala de imprensa para escrever sobre o Lamb of God e perdi o CPM 22. Mas que foi impressionante ver quanta gente cantou as músicas, foi. Os caras são muito mais populares do que eu imaginava.

Aí foi a vez do Deftones. Depois da paulada do Lamb of God, foi bom ouvir uma banda que não precisa ser rápida para soar pesada e intensa. Já tinha visto alguns shows deles - o último há uns dez anos - e achei este mais lento e grooveado, e um dos melhores.

É muito legal perceber como a banda de Chino Moreno amadureceu nesses vinte e tantos anos, incorporando elementos de hip hop, timbres eletrônicos e até de stoner rock. Em alguns momentos o som lembrava até Kyuss. Achei demais.

De lá, mais uma corrida à sala de imprensa, dessa vez para mandar o texto do Deftones, o que me fez perder a maior banda cover do mundo, o Hollywood Vampires.

Horas antes eu havia falado com Andreas Kisser, do Sepultura, um dos convidados do HV, que me contou uma história bem interessante sobre os bastidores da banda.

Na tarde de quarta-feira, Andreas subiu ao palco da Cidade do Rock debaixo de um calor de 40 graus para a passagem de som, onde encontrou os integrantes da superbanda: Alice Cooper nos vocais, Joe Perry (Aerosmith) e o astro do cinema Johnny Depp nas guitarras, Duff McKagan (Guns N' Roses) no baixo e outro membro do Guns, Matt Sorum, na bateria.

Mas quem comandava tudo era um coroa baixinho e careca, que dizia para onde Alice Cooper tinha de andar durante determinada música, orientava Joe Perry sobre a hora de solar, e indicava a Johnny Depp quando ele deveria juntar-se a Perry no centro do palco.

Não existem muitos sujeitos no mundo com moral para dizer a Alice Cooper, Joe Perry e Johnny Depp o que fazer. Mas Bob Ezrin é um deles.

Ezrin, 66, é um produtor lendário, responsável por alguns discos bem fraquinhos e desconhecidos como "Destroyer" (Kiss), "The Wall" (Pink Floyd), "Billion Dollar Babies" (Alice Cooper) e "Berlin" (Lou Reed). Também é produtor do Hollywood Vampires. Fraquinho o sujeito.

Depois do Hollywood Vampires, veio o show que eu mais aguardava na noite, o Queens of the Stone Age.

Infelizmente, não consegui ver o show como deveria: por causa do horário de fechamento da "Folha", tive de ver as oito primeiras músicas e correr à sala de imprensa para mandar um texto curto em 20 minutos. Quando voltei, a banda tocava as duas últimas, "Go With the Flow" e "A Song for the Dead".

Fora que vi de lado e de longe. Teria sido bem melhor assistir pela TV. O que vi, gostei demais, apesar de muito curto. Mas show de festival é assim: o de hoje teve 14 músicas; ano passado, quando o QOTSA tocou sozinho no Brasil, os shows tiveram 21 canções.

Quem encerrou a noite foi o System of a Down. Vi de um lugar privilegiado: do quarto do hotel, caindo no sono. E toca dormir, que daqui a pouco tem Mastodon e Faith No More.

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