A HBO estreou essa semana “The Jinx”, uma minissérie documental em seis episódios sobre Robert Durst, um enigmático herdeiro de uma das famílias mais ricas de Nova York, que é acusado pelo assassinato de três pessoas. Vi os três primeiros episódios e são absolutamente sensacionais.
A minissérie foi dirigida pelo norte-americano Andrew Jarecki, que tem feito excelentes documentários: em 2003, dirigiu “Capturing the Friedmans”, sobre uma família acusada de abuso sexual de menores, e em 2010 produziu “Catfish” (de Henry Joost e Ariel Shulman), um filme assombroso sobre um jovem que inicia um romance virtual com uma mulher que conheceu no Facebook (o filme deu origem a uma série da MTV norte-americana, que não vi).
“The Jinx” (em inglês, “jinx” significa “aquilo que traz azar”) começa em 2001, quando a polícia de Galveston, no Texas, acha um torso humano boiando no mar. As pistas levam ao milionário Robert Durst. Dezenove anos antes, Durst já havia se envolvido em um caso criminal famoso nos Estados Unidos, quando sua esposa, Kathie, desaparecera misteriosamente.
Jarecki se interessou pela história de Durst, e em 2010 dirigiu um filme ficcional – “All Good Things”, com Kirsten Dunst e Ryan Gosling – inspirado na história de Robert e Kathie Durst. Robert viu o filme e gostou tanto que telefonou para o cineasta e sugeriu que colaborassem em um documentário sobre sua vida. O resultado é “The Jinx”.
O filme é de não-ficção, mas os personagens são tão macabros e estranhos que parecem inventados por Stephen King. A atual esposa de Durst, Debra Lee Charatan, é uma víbora manipuladora; o irmão mais novo, Douglas Durst, vive cercado de guarda-costas por temer ser assassinado por Robert; os policiais de Galveston saíram diretamente de um thriller de Elmore Leonard ou Carl Hiaasen.
Não é só: depois que a esposa do ricaço some misteriosamente, ele é ajudado por uma amiga, Susan Berman, filha de um velho gângster de Las Vegas. Mas Susan também aparece morta. O principal suspeito, claro, é Robert, mas isso não impede o filho de Susan de tornar-se amigão do possível assassino da mãe. Não há uma pessoa que pareça minimamente normal na história.
Só vi metade da minissérie, mas já sei o desfecho, porque o que ocorreu no final das filmagens foi manchete por meses nos Estados Unidos. Se eu contar, o leitor certamente achará que é mentira, então vou me abster e não estragar a surpresa de ninguém. Assista.
The post “The Jinx”: mais estranho que a ficção appeared first on Andre Barcinski.