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O Flaming Lips que a maioria não viu

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O Flaming Lips nasceu em Norman, Oklahoma, em 1983.

Os culpados foram Wayne Coyne, seu irmão mais novo, Mark, e um amigo, Michael Ivins. Todos curtiam o que muitos moleques entediados de 20 anos ouviam na época: o hardcore de Black Flag, Dead Kennedys, Minor Threat e Circle Jerks. Os Coyne também gostavam de metal e hard rock –Sabbath, Zeppelin – e dos sons viajandões ou esquisitos de Pink Floyd, Hawkwind, Captain Beefheart e Zappa.

Um dos períodos mais ricos do rock underground americano foi justamente a primeira metade dos anos 80, quando bandas abriram mão da ortodoxia do hardcore e absorveram influências as mais diversas, como música country, psicodelia, sons de vanguarda e eletrônica. Foi ali que surgiram Sonic Youth, Minutemen, Husker Du, Big Black, Butthole Surfers, Scratch Acid… e Flaming Lips.

A banda de Wayne Coyne, como dissemos, tem 32 anos de existência. Mas sua trajetória pode ser dividida em duas fases, cada qual com 16 anos de duração.

A mais conhecida pelo público é a segunda, que começa em 1999 com o lançamento do disco “The Soft Bulletin”, que trouxe o hit “Race for the Prize”. Foi o marco zero do Flaming Lips grandiloquente e festivo, com fãs vestidos de bichos fofos, shows coloridos e alegres, e Wayne Coyne surfando sobre a plateia de dentro de uma bolha de plástico.

O que muita gente não sabe é que o Flaming Lips teve uma fase anterior, muito mais dark e estranha, que durou de 1983 a 1999. Foi um período de discos pesados, sombrios e psicodélicos, incluindo uma sequência de quatro LPs sublimes, considerados por muitos fãs os melhores da banda: “In a Priest Driven Ambulance” (1990), “Hit to Death in the Future Head” (1992) , “Transmissions from the Satellite Heart” (1993) e “Clouds Taste Metallic” (1995).

Acaba de sair – e já tem no Spotify – “Heady Nuggs: 20 Years After Clouds Taste Metallic”, caixa com três CDs que comemora o vigésimo aniversário do disco de 95, além de um EP de 1994, “Due to High Expectations… The Flaming Lips Are Providing Needles for Your Balloons”, uma seleção de faixas raras, “The King Bug Laughs”, e a íntegra de um show gravado em Seattle, em 1996.

Veja um trecho do documentário “The Fearless Freaks” em que a banda fala das gravações de “Clouds Taste Metallic”:

Tive a sorte de ver o Flaming Kips várias vezes em meados dos anos 90, ainda com o guitarrista Ronald Jones – que logo abandonaria o barco, frustrado pelo uso de drogas do baterista Steven Drozd e também para se dedicar à sua espiritualidade (houve um boato na época de que Jones saíra dos Lips para virar padre). Era uma experiência muito diferente dos shows solares e animados de hoje em dia. Os shows eram barulhentos e intensos, marcados por microfonia, longas jams viajandonas e um clima porra louca à Crazy Horse. Bons tempos.

Não sou daqueles que acham que o Flaming Lips dos primórdios era melhor que o atual. Adoro todas as fases da banda. Mas, para quem só conhece o período mais recente, vale muito a pena ouvir “Heady Nuggs” e comprovar que o Lips é uma banda única e que se transformou ao longo do tempo.

Bom fim de semana a todos.

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