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Lemmy: recordar é viver

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lemmy memorial 2 Lemmy: recordar é viverQue linda despedida teve Lemmy Kilmister.

Sábado, em Los Angeles, parentes e amigos se reuniram para um memorial em homenagem ao líder do Motorhead, que morreu em 28 de dezembro, aos 70 anos (veja aqui a íntegra):

Foi uma cerimônia simples. O pequeno palco foi decorado com arranjos de flores, fotos de Lemmy e da banda, os amplificadores Marshall e o baixo Rickenbacker que Lemmy usou por tanto tempo.

Amigos célebres e desconhecidos se revezaram fazendo pequenos discursos sobre o homem. Lemmy foi descrito como um sujeito 100% leal, que fazia de tudo para ajudar os amigos. Seu carinho e dedicação à equipe do Motorhead e aos fãs da banda também ocuparam boa parte dos discursos.

lemmy memorial Lemmy: recordar é viver

Mikey, um motociclista que trabalha como adestrador de cobras dos shows de Alice Cooper, contou que conheceu Lemmy num show de Cooper e se tornaram amigos instantâneos. "Aquele show foi traumático, porque uma das cobras cagou em cima da cabeça de Alice Coooper", contou. "Lemmy quase morreu de rir quando viu aquilo". Dali, a dupla foi ao bar Rainbow, espécie de segundo lar de Lemmy, levando duas cobras de dois metros de comprimento. Mikey chorou ao lembrar as incontáveis vezes em que terminou a noite com Lemmy em um bar de strip.

Matt Sorum, baterista do Guns 'n Roses e do Velvet Revolver, lembrou a inabalável sinceridade de Lemmy. "Um dia, recebi uma mensagem de texto de Lemmy, perguntando se eu queria substituir Mikkey Dee, que estava doente e não poderia comparecer a alguns shows. Perguntei: 'Por que eu?", e Lemmy respondeu: "Porque Dave Grohl não estava disponível!"

Scott Ian, do Anthrax, lembrou a emoção que sentiu ao ouvir, em 1980, o álbum "Ace of Spades", em que Lemmy, "Fast" Eddie Clarke e Philty "Animal" Taylor aparecem na capa vestidos de bandoleiros: "A única coisa que pensava era: quem diabos são esses mexicanos?"

Rob Halford, do Judas Priest, lembrou uma cena comovente, que disse ter ocorrido recentemente na América do Sul (terá sido no Brasil?): no aeroporto, encontrou Lemmy, bastante abatido, sentado no setor de embarque, pegou em sua mão e ficou ali por minutos, em silêncio, de mãos dadas com o amigo.

Slash ficou muito emocionado ao lembrar o amigo: "Ele tinha mais integridade em uma ponta do dedo do que um quarto cheio de roqueiros". O guitarrista do Guns contou que, sempre que encontrava Lemmy, costumava brindar com uma garrafa de Jack Daniel's que guardava no bolso. "Depois que voltei do rehab e parei de beber, a única coisa chata de estar sóbrio era não poder brindar com o Lem".

Robert Trujillo e Lars Ulrich, do Metallica, também contaram histórias bonitas sobre o ídolo. Trujillo lembrou um encontro que teve em um clube com Lemmy e Joni Mitchell, em que o baixista do Motorhead, provando que seu gosto musical não se limitava ao rock pesado, passou a noite perguntando a Mitchell sobre os acordes que usara no álbum "Court and Spark", de 1974.

Ulrich lembrou sua adoração pelo Motorhead e o carinho com que era tratado por Lemmy, mesmo quando ainda não havia montado o Metallica e era apenas um fã da banda. O baterista contou uma história de quando vomitou no quarto de hotel de Lemmy depois de uma bebedeira. Lemmy não só fotografou a cena como a publicou, anos depois, no encarte do álbum "Orgasmatron".

Um dos momentos mais comoventes foi a eulogia de Dave Grohl, que disse ter conhecido Lemmy há mais de 20 anos, em um bar. Quando se aproximou do ídolo, a primeira reação de Lemmy foi dizer que sentia muito pela morte de Kurt Cobain.

Lemmy e Grohl tornaram-se grandes amigos e tinham em comum a paixão pela música de Little Richard. Um dia, Grohl encontrou Little Richard no aeroporto e pediu um autógrafo, com a ideia de presentear Lemmy com o souvenir. Grohl mostrou a foto e disse, chorando, que acabou nunca dando a foto de presente ao amigo. E encerrou lendo a letra da canção religiosa "`Precious Lord, Take My Hand", que Little Richard costuma cantar. Nunca tantos metaleiros choraram juntos.

O fim foi lindo: um roadie colocou o baixo de Lemmy em frente à pilha de Marshalls e deixou a microfonia tomar conta do lugar. Como sempre, Lemmy fez mais barulho que todo mundo.

P.S.: Eu havia prometido voltar a publicar no blog dia 11, mas o texto sobre o memorial de Lemmy não podia esperar. O blog volta com um texto inédito na terça, dia 12. Até lá.

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