Quem primeiro me chamou a atenção para o som da banda Test foi o amigo Chuck Hipolitho, do grupo Vespas Mandarinas. Desde então ouvi bastante o Test, mas nunca tinha visto os caras ao vivo até dias atrás. Fiquei chapado. Ao vivo, é ainda mais cabuloso que em disco.
O Test é um White Stripes do capeta: João canta e toca guitarra; Barata toca bateria. O som, como o de tantas bandas pesadas que ouvem metal e punk, é difícil categorizar. Às vezes lembra death metal, em outras tem passagens bem hardcore. A música também tem trechos lentos e silenciosos. João chama o som de “Deathgrind”.
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Além de ser uma excelente banda de som extremo, o Test revive o espírito punk do “faça você mesmo”. Em vez de ficar sentado esperando por dindim estatal ou morar dentro do SESC, como faz boa parte de nossa cena “alternativa”, o Test foi à luta: botou o equipamento dentro de uma kombi – daí o apelido de João, “João Kombi” – e começou a fazer shows no meio da rua.
A ideia deu certo. O Test passou a ir a shows de bandas famosas – D.R.I., Testament, Slayer – e tocar na porta. “Começamos a ter acesso a um público muito grande e que nunca tinha ouvido falar de nós”, diz João. A tática de guerrilha funcionou, e o grupo começou a atrair um público fiel. Já tem gente que segue a banda para vê-la tocar na rua.
Mas a idéia genial mesmo veio há pouco tempo: o Test decidiu que, em vez de tocar antes dos shows de atrações internacionais, passaria a tocar depois dos shows. “Aí o troço explodiu”, conta Barata. “Na entrada dos shows era ruim, porque a galera tava a fim de ver a banda gringa e só dava uma passada pelo nosso show. Mas quando começamos a tocar depois dos shows, pegamos o público todo saindo, e a galera ainda tava na secura pra ouvir um som.” Num recente show do Iron Maiden, o Test causou um engarrafamento na frente do Anhembi. “Hoje podemos dizer que Iron Maiden e Black Sabbbath abriram pra nós”, brinca João Kombi.
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Há alguns dias, fui com uma equipe de TV do programa “Nasi Noite Adentro”, do Canal Brasil, filmar uma dessas apresentações de guerrilha do Test (a nova temporada do programa começa em junho). Às dez da noite, a banda estacionou a Kombi velha numa calçada da Avenida São João, montou o equipamento em dez minutos, e fez um show rápido. Tão rápido que não deu tempo nem de a polícia chegar. O barulho atraiu umas 30 pessoas, entre ciclistas que pedalavam na noite, gente saindo do trabalho e membros da fauna que habita o centrão paulista. Um carroceiro ficou batendo cabeça com o som e no fim disparou: “Quem sabe faz ao vivo!”
P.S.: Estarei sem acesso à Internet por boa parte do dia e só poderei moderar comentários no fim da tarde. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço um pouco de paciência. Obrigado.
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