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GEORGE CLOONEY, CAÇADOR DE ABACAXIS

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Não lembro a última vez que fui ao cinema para ver um filme tão ruim quanto “Caçadores de Obras-Primas”, de George Clooney.

Pensando bem, lembro sim: foi há quatro anos, com “Um Sonho Possível”, aquela egotrip constrangedora em que Sandra Bullock, a Regina Duarte deles, ajudava um rapaz pobre a realizar seus sonhos e depois perguntava ao marido: “Docinho, eu sou uma boa pessoa?”

“Caçadores de Obras-Primas” é um desses abacaxis de deixar qualquer um perplexo. Até pelo histórico de Clooney, que já dirigiu bons filmes, como “Tudo pelo Poder” e “Boa Noite e Boa Sorte”, e pelo elenco estrelado, com Matt Damon, Cate Blanchett, Bill Murray e John Goodman.

Aqui, Clooney pega uma das histórias mais incríveis da Segunda Guerra – a busca pelas coleções de arte roubadas por Hitler de museus e coleções particulares – e a transforma em pano de fundo para uma comédia das mais insossas e ultrapassadas.

Quase dá para ouvir o locutor da “Sessão da Tarde”: “Essa turma do barulho vai à guerra e arma mil e uma confusões! Didi Clooney, Dedé Damon, Mussum Goodman e Zacharias Murray vão botar a Alemanha nazista de cabeça pra baixo!”

É inacreditável que um comediante como Bill Murray leu o roteiro dessa joça e não mandou internar Clooney em um sanatório. Há “sketches” cômicos envolvendo dentistas atrapalhados, um soldado que pisa numa mina terrestre e precisa ser socorrido, e o gordinho John Goodman fazendo treinos de combate na lama e depois imitando a cara de espanto de Galeão Cumbica ao descobrir que estavam usando balas de verdade. É sério.

“Caçadores de Obras-Primas” deveria ser estudado em escolas de cinema como exemplo de filme-clichê. Não há um segundo de inventividade ou novidade. Tudo foi reciclado de outros filmes igualmente ruins, desde o modelo “buddy movie” (ou “filme de amigões”, em que chapas se reúnem para uma missão difícil), até as fórmulas batidas de filmes de guerra, como música lamuriosa ecoando à noite pelo acampamento dos militares enquanto eles pensam na esposa e filhos, e frases de efeito, como “Temos de terminar essa missão, pela honra de fulano!”

Mas a pior cena, e uma tão ridícula que merece ser vista, envolve uma corrida entre a turminha de Clooney e o exército russo (sim, os russos também estão atrás das obras de arte roubadas por Hitler!) para ver quem chega primeiro a um tesouro. Os americanos são mais espertos e deixam uma “surpresinha” para os rivais, o que leva o general russo a botar as mãos nas cadeiras, franzir a testa e fazer uma cara digna do Sargento Pincel repreendendo Didi Mocó: “Ah, esses americanos!”

Mas não gaste seu dinheiro no cinema. Espere até o abacaxi chegar à TV.

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