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PRINCE SE REINVENTA – DE NOVO!

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Há pouco mais de um mês, Prince fez uma pequena turnê pela Grã-Bretanha para mostrar sua nova banda, 3rdeygirl, formada por três instrumentistas talentosíssimas, lindíssimas e gostosíssimas: Donna Grantis (guitarra), Hannah Ford (bateria) e Ida Nielsen (baixo).

Prince selecionou as integrantes em escolas de música e outros grupos – a ideia, segundo ele, era achar as três melhores instrumentistas do planeta - e submeteu as moças a meses de audições e ensaios, até se certificar de que elas estavam aptas a acompanhá-lo.  A julgar pelos clipes das apresentações e as músicas disponíveis no site da 3rdeyegirl, os shows são imperdíveis.

Deve ser a trigésima “reencarnação” de Prince Rogers Nelson, 55, um dos artistas mais talentosos e imprevisíveis que o pop já conheceu. Suas excentricidades são conhecidas: assinou um contrato de 60 milhões de dólares com a Warner, em 1992, e depois se disse “escravizado” pela gravadora e apareceu em público com a palavra “slave” (“escravo”) escrita no rosto; mudou de nome para um símbolo; despediu músicos por não terem decorado 150 músicas de seu repertório ou por olhar para o relógio durante um ensaio; guardou centenas de fitas de músicas inéditas em um cofre em Paisley Park, seu quartel-general-mansão-estúdio perto de Minneapolis, e disse que nunca deixaria ninguém ouvi-las.

Prince é uma contradição ambulante: foi um dos primeiros artistas a abraçar a venda de músicas pela Internet e afirmou que o mundo virtual poderia ser uma solução para a falência das gravadoras, mas acabou de processar fãs por compartilharem arquivos com gravações de alguns de seus shows; vive reclamando do preconceito contra as mulheres, mas exige que sua banda feminina fique à disposição 24 horas por dia, inclusive marcando ensaios de surpresa em horários estranhos, e é sempre visto acompanhado de uma deusa escultural e que não fala uma palavra.

Tive a sorte de entrevistar Prince uma vez. Foi no meio dos anos 90, época em que ele havia virado Testemunha de Jeová e estava em uma de suas fases mais estranhas. Uma pessoa da gravadora me ligou e disse para eu estar em determinada esquina de Nova York, a determinada hora. Eu não poderia levar gravador (Prince morre de medo de ter a voz gravada e sampleada) e nem papel e caneta, já que Prince não permite anotações durante suas entrevistas.

Na hora marcada, o carro apareceu, me buscou, deu duas voltas no quarteirão e voltou para a mesma esquina. “Agora você entra naquele prédio e vai ao 14º andar”, disse o motorista. No local, três ou quatro assessores me esperavam. Uma mulher explicou os procedimentos: “Você não deve tocá-lo. Só aperte a mão dele se ele apertar a sua. Ele só pode ser chamado de ‘O Artista’. Quando fizer uma pergunta, faça como se estivesse se referindo a uma terceira pessoa, ‘O Artista’. Ele não fala da vida pessoal e só vai responder a perguntas que julgar pertinentes.”

Fui levado para uma sala, onde fiquei sentado num sofá por quase uma hora, esperando Prince/O Artista. Ele chegou usando uma estranha roupa verde e sapatos verdes pontiagudos. Parecia um duende de um metro e meio. E a entrevista nem foi tão esquisita assim, tirando o fato de eu ter de começar toda a frase por "O que O Artista acha...". Prince falou do novo disco, disse que não gostava de praticar instrumentos porque atrapalhava “sua inspiração”, e reclamou das gravadoras. No fim, esticou o braço e apertou minha mão. Uau.

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