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ELE REVOLUCIONOU A LITERATURA… E SUMIU

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Memórias de Salinger - Trailer Oficial por thevideos no Videolog.tv.

Acaba de sair em DVD no Brasil “Memórias de Salinger”, de Shane Salerno, um documentário fascinante sobre J.D. Salinger (1919-2010), um dos escritores mais cultuados – e certamente o mais enigmático – do século 20.

Em 1951, depois de fazer sucesso com histórias publicadas em revistas como “The New Yorker” e “Story”, Salinger publicou seu primeiro romance, “O Apanhador no Campo de Centeio”. O livro narra alguns dias na vida de um rapaz de 17 anos, Holden Caulfield, que é expulso da escola e vai a Nova York. Na metrópole, a solidão e o senso de deslocamento do personagem ficam ainda mais evidentes.

O livro foi um grande sucesso em 1951, mas acabou descoberto por uma outra geração de leitores nos anos 60 e virou uma espécie de manual da contracultura. Muita gente se identificou com a visão pessimista, solitária, confrontacional e anti-establishment de Holden, e o personagem se tornou um símbolo de rebeldia juvenil. Talvez a melhor definição do livro seja a do roteirista Robert Towne (“Chinatown”): “Assim como todo mundo que leu ‘Apanhador’, eu acreditei que ele tinha sido escrito só para mim. Eu era Holden Caulfield.”

O documentário busca explicar, na história de vida de Salinger, a gênese de Holden e de todo o trabalho do autor. O diretor Shane Salerno levou nove anos para fazer o filme e entrevistou cerca de 150 pessoas, entre amigos, parentes, fãs, estudiosos e escritores. Gore Vidal , E.L. Doctorow, Tom Wolfe,  Phillip Seymour Hoffman e muitos outros falam do impacto de Salinger em suas vidas e na literatura mundial.

Na verdade, toda a obra do escritor foi influenciada pela carnificina e destruição que presenciou na Segunda Guerra. Salinger participou do desembarque das tropas americanas na Normandia, esteve na libertação de Paris e em campos de concentração nazistas. “O cheiro de corpos queimados nunca sai de suas narinas”, escreveu a um amigo. Durante o combate, aproveitava as parcas horas de descanso para escrever “O Apanhador no Campo de Centeio”. No fim da guerra, sofreu um colapso nervoso.

De volta aos Estados Unidos, ficou famoso com “Apanhador” e “Franny and Zooey” (1961), mas começou a se isolar de amigos e família e a ficar cada vez mais obcecado pelo trabalho. Salinger tinha uma queda por meninas novas. Casou e teve filhos, mas a vida em família não era para ele. O escritor construiu um bunker em casa, onde se isolava por semanas para escrever. Os filhos relatam anos de tortura psicológica e melancolia.

Em 1965, Salinger publicou seu último trabalho e isolou-se cada vez mais em sua casa numa cidadezinha de menos de mil habitantes em New Hampshire. Deu a última entrevista em 1980. O sumiço só fez aumentar o interesse do público. O autor passou a ser perseguido por jornalistas e fãs obsessivos, que chegavam a acampar próximos à sua casa, na esperança de ver e  falar com ele. Um dos admiradores relata que conseguiu se aproximar de Salinger, que perguntou: “Você está sob tratamento psiquiátrico?”

Havia boatos de que Salinger escrevia todos os dias, mas ele nunca mais aceitou uma oferta de publicação. Todos os manuscritos iam para um cofre em seu escritório.

Enquanto isso, “O Apanhador no Campo de Centeio” virou uma referência para jovens “problemáticos”. Em dezembro de 1980, Mark Chapman carregava uma cópia do livro quando matou John Lennon. À polícia, disse que pretendia mudar seu nome para Holden Caulfield. Três meses depois, John Hinckley Jr. tentou matar a tiros o então presidente americano, Ronald Reagan. Descobriu-se que Hinckley tinha duas obsessões: um amor platônico pela atriz Jodie Foster, e o livro de Salinger.

Além de um relato emocionante sobre a vida de um artista incomum, “Memórias de Salinger” trata de grandes temas: o conflito entre arte e comércio, a impossibilidade de o artista controlar o impacto de sua obra na vida das pessoas e o esgotamento psicológico que sofre alguém que revela, na página, todos os seus traumas e medos.

Salinger morreu em 2010, aos 91 anos. Segundo o filme, deixou dezenas de trabalhos inéditos e instruções precisas sobre quando e como devem ser publicados, começando em 2015. Estamos na contagem regressiva.

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HOJE É DIA DE CROÁCIA, BEBÊ!

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croacia HOJE É DIA DE CROÁCIA, BEBÊ!

 

Chegou o dia! Está na hora dessa gente esbranquiçada mostrar seu valor!

Zagreb amanheceu em festa. Bandeirolas azuis, vermelhas e brancas enfeitam as ruas. Em cada esquina, os foliões pegam suas bisernicas, diples e sopilas e mandam ver em animadas tamburicas, que levam o povão ao delírio.

O clima na concentração não poderia ser melhor. Enquanto Modric tirava selfies com a namorada, a famosa atriz de telenovelas Bruinica Marchezinski, os craques Pranjic, Rakitic, Corluka e Perisic improvisavam um animado pagode de klapa, relembrando o antigo sucesso “Voa, Corvinho Negro, Voa” (“Quatro milhões e duzentos mil em ação, pra frente Croácia, do meu coração...”).

O técnico Nico Kovac, o popular Kovacão, diz não temer a seleção da CBF: “Vamos entrar com tudo e botar água no goulash do Marin!”

Nem a ausência do artilheiro Mandzukic, suspenso, tira a confiança do time. “Ele é um craque, mas temos muitos outros bons jogadores que podem substituí-lo”, diz Galvanis Buenic, principal locutor esportivo do país.

Outro conhecido comentarista local, PVCvic, diz que o escrete croata joga num esquema 1-3-1-2-1-2, criado no lendário time de juniores do MK Koprivnica, em 1953. “Às vezes eles mudam para o 1-2-2-2-1-2 no meio do jogo”, alerta o estudioso.

De qualquer forma, será um jogão. Ficamos aqui na torcida para que possamos soltar a voz, depois da vitória: usisavati, brazilski!

P.S.: Logo após a partida, comentarei o jogo aqui no blog. Até lá.

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NA COPA ROUBADA, NO ESTÁDIO ROUBADO, UMA VITÓRIA ROUBADA

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000 DV1759838 NA COPA ROUBADA, NO ESTÁDIO ROUBADO, UMA VITÓRIA ROUBADA

Na abertura da Copa do dinheiro privado que se transformou em público, disputado no estádio de um bilhão de reais que nunca será devolvido ao erário (quem duvida, sugiro ler o dossiê da revista “Exame”), nada mais emblemático que a seleção da CBF ganhar de forma vergonhosa, com um pênalti inventado por um assoprador de apito que foi o juiz da eliminação do Brasil para Holanda, em 2010. Dessa vez, o japonês compensou.

Os teoristas de conspiração terão um prato cheio: estaria a Copa comprada, como sugeriram vários leitores do blog? Quero acreditar que não. Mas, em se tratando de FIFA, não duvido de nada. Don Corleone é trombadinha perto desses caras.

Até o juiz inventar o pênalti em Fred, o jogo foi sonolento. A seleção do Marin dependia unicamente de arrancadas de Neymar e de roubadas de bola de Oscar, o melhor em campo. Não houve uma jogada de linha de fundo, uma tabela, uma penetração, nada.

Quando o meio de campo da Croácia começava a dominar o jogo, no segundo tempo, veio o pênalti escandaloso. Foi um lance tão absurdo, que não é possível que não será manchete em todo o mundo. Imagino o que não estão dizendo na Argentina.

Joana Havelange se enganou: nem tudo que poderia ter sido roubado já foi roubado. Está aí o pênalti pra provar.

Não contente, o juiz anda deixou de marcar uma falta de Ramires, que deu origem ao gol de Oscar. Na hora, achei que foi falta. Revi o lance e continuo achando.

Antes do jogo, rolou a abertura, um espetáculo chinfrim e desanimado demais para um país que tem Carnaval, Parintins e São João. O que prometia ser emocionante - o "exoesqueleto" que ajudaria um menino paraplégico a andar - foi jogado de escanteio na cerimônia. Triste.

Se a integração racial e cultural do Brasil foi o tema principal da festa de abertura, isso não se refletia na arquibancada. O público do estádio era mais branco que o da Noruega. Achar um negro entre os espectadores era tarefa dura.

Dilma e Blatter amarelaram e sumiram da festa. Foram substituídos por crianças e pombas brancas. E ninguém vaia crianças e pombas, não é mesmo?

Mais uma vez, a FIFA e o governo enfrentaram os problemas e questões espinhosas da Copa como vêm fazendo há sete anos: evitando o assunto.

Pode botar essa vitória na conta do japonês.

Bom fim de semana a todos.

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A REVISTA QUE O BRASIL MERECE

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11 A REVISTA QUE O BRASIL MERECE

 

“Xula” é uma das revistas mais engraçadas que já li. Quão engraçada? Basta dizer que minha mulher estava rindo tanto que deu vexame na sala de espera de uma reunião. Até chorou.

Conheci a revista há cerca de um mês. Não havia escrito sobre ela aqui no blog por uma razão simples: um dos quatro autores, Calote, é meu cunhado. Achei que pegava mal.

Mas depois que pesos-pesados do humor brasileiro como Laerte, Reinaldo (“Casseta”), Allan Sieber e Adão Iturrusgarai a elogiaram publicamente, e meu amigo André Forastieri fez esse vídeo (“A revista mais chucra e engraçada do Brasil”) pagando um pau pros caras, senti-me à vontade para escrever.

“Xula” é uma revista de quadrinhos adultos, editada por Luciana Foraciepe e desenhada por Bruno Di Chico, Bruno Maron, Calote e Ricardo Coimbra. É um lançamento independente: mil cópias, vendidas somente pela Internet (clique aqui para saber mais .  Não tem nenhuma grande editora ou esquema de divulgação por trás.

O tom é de zoação absoluta com tudo e todos, na forma mais grossa, politicamente incorreta e virulenta. Até Tom Jobim é zoado - possivelmente um fato inédito no humor mundial.

Forasta tem razão quando diz que os desenhos são legais, mas que o texto é tão bom que se sustenta sem imagens. A história “O Pênis Étnico”, de Maron, é uma pérola do nonsense, em que Deus pede ajuda a Gilberto Freyre para “recriar” a anatomia masculina. De passar mal.

O Capitão-Indulgência, criação de Calote, é um super-herói que vive dando força e motivação pras pessoas. Veja aqui os encontros dele com Os Demônios da Garoa e Ed Motta:

2 A REVISTA QUE O BRASIL MERECE

Di Chico desenha histórias escatológicas e hilariantes, como “Gatinho Educado”, em que um bichano fofinho "se revela" em uma viagem à praia, em Santos.

“Brasil SBT”, de Coimbra, imagina um cenário pré-apocalíptico em que Silvio Santos é eleito presidente do Brasil e Ivo Holanda vira o “Ministro do Constrangimento”. Aqui, um gostinho:

3 A REVISTA QUE O BRASIL MERECE

Espero que os caras vendam logo toda a primeira edição e que façam muitas outras. “Xula” é uma revista que eu assinaria. Semanal, talvez?

P.S.: Hoje acontece um dos jogos mais esperados da primeira rodada da Copa, Alemanha vs. Portugal. Amanhã publico um texto sobre os destaques - positivos e negativos - da primeira rodada. Até lá.

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ROBBEN, PIRLO E VAN PERSIE FAZEM A GENTE ESQUECER ATÉ A FIFA

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Em seu já clássico monólogo sobre a Copa do Mundo, o apresentador John Oliver, do programa “Last Week Tonight”, da HBO, menciona o “Princípio da Lingüiça”, segundo o qual, se você adora algo, não deve procurar saber como é feito. Para exemplificar, Oliver cita a Copa, o maior acontecimento do mundo para quem gosta de futebol, mas organizado por uma entidade – a FIFA – “simplesmente assustadora”.

 

 

Oliver tem razão. O futebol não tem culpa de ser chefiado por Sepp Blatter. E, dentro do campo, esta Copa tem sido muito boa.

Com raras exceções (confesso que ignorei Irã vs. Nigéria), os times têm jogado um futebol ofensivo. Apenas nas primeiras oito partidas o número de gols já superou toda a primeira fase da Copa da África do Sul. Nos 11 primeiros jogos, a média de gols por jogo da Copa foi de 3,5, a mais alta nos últimos 56 anos de competição.

Os jogos têm sido surpreendentemente bons. Nunca imaginei que ficaria feliz em perder um domingo de sol vendo Suíça vs. Equador, mas foi um jogão, decidido no último lance da partida. Estados Unidos vs. Gana também foi divertido (aliás, o que bateu o time de Gana, hein?).

Alguns comentaristas têm dito que a razão da melhoria da qualidade dos jogos é a globalização do futebol, com muitos jogadores atuando nos grandes mercados da Europa, mas acho que essa explicação não faz muito sentido. O futebol já era globalizado em 2010 e a Copa da África do Sul foi chatíssima, marcado por times retranqueiros e jogos de poucos gols.

Na minha opinião, os dois melhores jogos até agora foram Holanda vs. Espanha e Itália vs. Inglaterra.

O primeiro – 5 a 1 para a Holanda - foi um show de Robben, Blind e Van Persie, mas acho que o resultado não reflete o que foi a primeira hora do jogo. Até o início do segundo tempo, foi equilibrado. A Espanha abriu o placar e poderia ter feito 2 a 0, se David Silva não tentasse encobrir o goleiro quando Diego Costa estava sozinho a seu lado, pedindo a bola.

Van Persie empatou o jogo numa verdadeira obra de arte, um dos gols mais bonitos das últimas Copas, com um lançamento à Gerson de Blind e uma cabeçada que parece simples, de tão bem executada. Robben fez 2 a 1 em outro passe maravilhoso de Blind. Logo depois, a Holanda marcou um gol irregular: Van Persie fez falta em Casillas. Com 3 a 1, a Fúria desmoronou e virou uma presa fácil e atordoada para a velocidade de Robben. Poderia ter sido de sete ou oito.

O jogo entre italianos e ingleses foi muito mais equilibrado, mas Pirlo fez a diferença. O corta-luz que deu no gol de Marchisio foi lindo, mas a jogada mais impressionante foi uma falta que ele bateu de três dedos, no fim do jogo. O efeito da bola foi tamanho que o goleiro Hart saiu para um lado e a bola foi para o outro, batendo no travessão (em sua autobiografia, Pirlo diz que aprendeu a bater faltas observando Juninho Pernambucano, craque do Vasco e do Lyon).

Ontem, a Alemanha passou o trator em cima da fraquíssima seleção de Portugal. Parecia treino. A julgar pela primeira rodada, os melhores times até aqui foram Holanda, Itália e Alemanha, com Argentina e a seleção da CBF logo atrás. Eu não descartaria a Espanha e estou curioso para ver a Bélgica, que joga hoje.

A Copa teve vários lances bonitos. O gol do japonês Honda na derrota para a Costa do Marfim foi um deles, com um corte seco de direita e uma pancada de canhota, tão forte que o goleiro nem se mexeu. Balotelli, da Itália, quase marcou um golaço, encobrindo o goleiro inglês. E Messi, mesmo não tendo jogado tão bem contra a Bósnia, fez um lindo gol, bem a seu estilo, partindo da direita, em diagonal, cortando os zagueiros e tirando a bola do alcance do goleiro com um chute colocado. Quantas vezes você não viu o argentino fazendo um gol parecido?

Outros bonitos gols foram o de Ureña, da Costa Rica, contra o Uruguai, e a cabeçada de Wilfried Bony, da Costa do Marfim, contra o Japão.

Além de pesos-pesados como Pirlo, Robben e Van Persie, alguns jogadores bem menos badalados se destacaram na primeira rodada da Copa. Já falei de Blind, o lateral holandês que destruiu a Espanha. Mas não dá para esquecer Campbell, cérebro da sapatada que a Costa Rica deu no cansado Uruguai, e de Sterling, o veloz e habilidoso atacante inglês que causou transtornos à defesa italiana.

A segunda rodada da Copa terá alguns jogos que prometem ser fantásticos. Espanha vs. Chile será decisivo, assim como Uruguai vs. Inglaterra.

Para encerrar, uma das imagens mais bonitas da Copa até agora: depois do jogo contra a Costa do Marfim, torcedores japoneses recolhem o lixo deixado nas cadeiras da Arena Pernambuco. Detalhe: depois de uma dolorosa derrota de virada.

 

 

P.S.: Hoje às 16h, participo de um liveblog do R7 sobre o jogo do México contra a seleção da CBF. Estão todos convidados.

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Liveblog: México vs. Seleção da CBF

QUE PELADA SONOLENTA!

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foto 1 QUE PELADA SONOLENTA!

Não sei se vi o mesmo jogo, mas, diferentemente da maioria dos comentaristas, não enxerguei nada de bom em Seleção da CBF vs. México. No fim da partida, ouvi algo como: “Esse jogo merecia gols”. Discordo.

É verdade que Ochoa pegou muito e fez pelo menos três ótimas defesas, mas foram todas resultado de balões sobre a área. Não houve uma jogada de profundidade, um contra-ataque bem organizado, um cruzamento da linha de fundo.

O time de Marin é Neymardependente, mais até do que a Argentina é dependente de Messi. Tirando uma ou duas arrancadas dele, pouco se viu.

Oscar mostrou que a boa atuação contra a Croácia foi a exceção, não a regra. Inoperante e sumido. Fred foi outra nulidade, perdido no meio da zaga mexicana, e errou todas as tabelas que tentou. Paulinho e Ramires se limitaram a marcar e não ajudaram em nada o ataque. Paulinho parece que desaprendeu a jogar.

Impressionante também a má atuação dos laterais. Daniel Alves e Marcelo insistiam em cruzar bolas da quina da área, o que facilitava o trabalho da defesa mexicana.

Thiago Silva e David Luiz estiveram muito bem. Luiz Gustavo também, marcou forte e correu muito. Quem diria que o ponto forte do escrete do Marin seria a defesa?

O México foi conservador. Sabia que um empate hoje lhe garantiria o direito de jogar pelo empate contra a Croácia para se classificar, independentemente do resultado deste contra Camarões. Jogou bem fechado e pouco arriscou. No segundo tempo, quando percebeu que o meio de campo brasileiro não conseguia marcar, até arriscou algumas subidas, e claramente não confiava muito em Júlio César, tantas as bolas que chutou de longe.

Essa dependência de Neymar pode custar caro ao time da CBF. Ele tomou um cartão amarelo contra a Croácia e está pendurado. Sem ele, o time não parece ter alternativa de criação.

Tirando Irã vs. Nigéria, foi o jogo mais chato da Copa até aqui. Um tédio ao som de “Sou brasileiro... com muito orgulho...”

Que venha Espanha e Chile, quarta, às 16h.

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FELIPÃO E DEL BOSQUE: ÁGUA E VINHO

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delbosquefelipao FELIPÃO E DEL BOSQUE: ÁGUA E VINHO

Ontem, a Espanha, atual campeã mundial, foi humilhada. Perdeu para o Chile e foi eliminada da Copa. Após o jogo, o técnico espanhol, Vicente Del Bosque, abatido, disse: "Não há desculpas". Casillas, o grande goleiro que esteve irreconhecível nesta Copa, pediu perdão aos conterrâneos.

Anteontem, Felipão, técnico da seleção da CBF, praticamente classificada para a segunda fase depois de um empate chocho contra o México, deu uma entrevista coletiva arrogante, agressiva e prepotente.

Fiquei imaginando como Felipão reagiria se estivesse no lugar de Del Bosque.

Se existe um profissional que foi pressionado nessa Copa, foi o espanhol. Chegou como campeão e, logo na estreia em 2014, levou uma sapatada de cinco da Holanda. Mas não botou a culpa em ninguém ou descontou sua frustração na imprensa. Disse: "É inexplicável que façam cinco gols. Não tenho palavras. É um momento delicado. Estou mal, arrasado. Mas com coragem para assumir minha participação nesta pancada que sofremos. Já que sabemos ganhar, temos de saber perder."

Felipão, por sua vez, parece incapaz de aceitar críticas e discutir problemas de forma clara, sem apelar para truques psicológicos cuja única função é colocar o questionador na posição de “inimigo”.

Se, depois do primeiro jogo, Felipão havia dito, para risadas gerais, que viu pênalti em Fred no lance escandaloso que deu a vitória à seleção contra a Croácia, dessa vez afirmou, entre grunhidos e muxoxos, que a seleção “melhorou pelo menos 10%” e reclamou de um suposto pênalti em Marcelo, um lance tão ridículo que o lateral merecia até um amarelo por simulação.

As coletivas de Felipão só conseguem ser menos desagradáveis que as de Dunga, um ogro cujo gesto mais emblemático foi, como capitão da seleção, levantar a taça do Mundial de 94 e gritar palavrões, transformando o que deveria ser um momento histórico em uma patética explosão de vingança pessoal e ressentimento, sem o menor respeito à solenidade e importância do acontecimento.

Ao agir de forma grosseira e responder aos questionamentos da imprensa com monossílabos ou opiniões claramente insinceras, Felipão tenta colocar a “mídia”, que até agora quase só bateu bumbo para a seleção, no papel de adversária, e trazer o povo para o lado do time. Um populismo rastaquera e obtuso, mas que infelizmente parece funcionar por aqui.

Felipão não é o único. Nossos homens públicos têm o hábito de fazer chantagem com patriotismo. O ministro do Esporte, Aldo Rebello, vem fazendo isso há tempos, associando qualquer crítica à Copa e aos estádios superfaturados a um sentimento “antipatriota”. Os militares costumavam fazer isso durante a ditadura também.

O que Felipão consegue com isso é deixar o ambiente ainda mais pesado. Muitos jogadores da seleção são jovens, disputando sua primeira Copa, e devem estar sentido demais a responsabilidade, ainda mais depois que Parreira prometeu a vitória (“Nós vamos vencer a Copa (...) a seleção não vai perder de novo. É impensável e inimaginável o Brasil não ganhar o Mundial. Não existe plano B”) e Felipão também (“Estou cada dia mais convicto de que vamos ganhar a Copa”.).

A seleção da CBF jogou duas vezes nesta Copa da FIFA. Nas duas, o capitão do time, Thiago Silva, chorou durante o hino e David Luiz cantou o hino com uma expressão de ódio, parecendo lutador de UFC.

Anteontem, em Fortaleza, enquanto a torcida entoava “Ouviram do Ipiranga”, Neymar pôs as mãos no rosto e chorou. Ou melhor, pareceu ter chorado, já que foi difícil ver uma lágrima sequer ali. Choro ou Neymarketing?

Neymar chora durante Hino Nacional por thevideos no Videolog.tv.

O clima entre os jogadores parecia pesado. A impressão não era a de uma festa do futebol, mas o enterro de algum estadista.

Pergunto: chorar toda vez que toca o hino é sinal de emoção ou descontrole? Um técnico que não consegue dar uma resposta objetiva a qualquer tipo de indagação, preferindo criar um clima de animosidade e enfrentamento, está jogando a favor ou contra o time?

O mais curioso é que Felipão, a cada tropeço, diz que a imprensa parece esquecer que, do outro lado do campo há um adversário forte, embora ele próprio faça o mesmo quando promete o título.

E ai de quem apontar essa hipocrisia para ele em uma entrevista. Corre o risco de ser achincalhado ou de perder a credencial de imprensa, já que a CBF também não gosta de perguntas "antipatriotas".

P.S.: E que jogão Austrália vs. Holanda, não? Um gol antológico de Cahill, duas viradas, e a torcida australiana aplaudindo muito o time no final, embora quase eliminado. Bonito demais.

Bom feriadão a todos e até segunda.

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JOGO DURO? PASSA PRO CRAQUE QUE ELE DECIDE

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Argentina 1 x 0 Irã por thevideos no Videolog.tv.

O futebol é o único esporte do mundo em onde um jogador pode passar 99% da partida dormindo e, no último lance, decidir a partida.

O fim de semana teve três exemplos disso.

Na sonolenta partida entre Bélgica e Rússia, o belga Hazard acordou o público aos 43 do segundo tempo, quando recebeu um passe na esquerda, passou pelo zagueiro como se este fosse um espantalho, foi à linha de fundo e deu um passe perfeito para Ogiri fazer o único gol. Jogadaça.

Messi fez o mesmo em Irã vs. Argentina, marcando um gol quase igual ao que já havia feito contra a Bósnia: vindo pela direita, fintou para a esquerda e chutou no ângulo esquerdo. Os requintes de crueldade foram dois: o gol foi nos acréscimos e praticamente eliminou o Irã, que tinha dado um sufoco danado nos hermanos. A imagem do zagueiro iraniano desabando de joelhos na grama, com as mãos na cabeça, foi uma das mais incríveis da Copa até agora.

E o último exemplo de craque que acordou do sono profundo para mudar a partida foi Cristiano Ronaldo. Durante 94 minutos de Portugal vs. Estados Unidos, não fez nada. Parecia um peso morto se arrastando pelo campo. Chegou a atrapalhar o ataque português numa jogada de perigo no segundo tempo, ao ficar completamente impedido. Mas, aos 4m30s dos acréscimos, recebeu uma bola na direita e deu um passe em curva, tão magnífico que o atacante Varela não teve nem de pular ou mudar a trajetória de sua corrida: bastou continuar a correr para a bola bater na sua cabeça e entrar.

O gol não valeu muito para Portugal, que precisa de uma combinação esdrúxula de resultados para se classificar, mas calou a torcida norte-americana, que já comemorava a classificação.

Portugal vs. Estados Unidos só não foi o melhor jogo da segunda rodada porque o segundo tempo de Alemanha vs. Gana foi uma coisa de louco. Gana virou o jogo para 2 a 1 e poderia ter liquidado a partida num contra-ataque. Não o fez e viu o matador Klose fazer seu 15º gol em Copas. Um jogão.

Antes, o uruguaio Luis Suárez já havia provocado um momento inesquecível da Copa, ao destruir a Inglaterra com dois gols, em sua PRIMEIRA partida depois de uma operação de joelho. Foi emocionante a celebração de Luisito depois do jogo, abraçado ao fisioterapeuta que o ajudou na recuperação. Pena que Uruguai ou Itália vão se despedir do torneio na próxima rodada.

E a Copa da surpresa vem revelando ótimos jogadores dos lugares mais improváveis. Campbell, da Costa Rica, está jogando muito, assim como o volante norte-americano Jermaine Jones, que ontem destruiu Portugal. Além de marcar muito e dar ótimos lançamentos para os pontas, Jones fez um golaço, com um chute de curva que matou o goleiro. Foi, junto a Benzema, o craque da rodada.

P.S. 1: Hoje, logo depois de Camarões vs. time da CBF, publico um texto sobre a partida e o próximo confronto do time do Marin.

P.S. 2: Sugiro a todos a leitura desse texto muito bom de Marcos Sergio Silva, da “Placar”, em que ele explica por que temos a torcida mais “bunda-mole” (a expressão é dele, não minha”) desta Copa. De quebra, Marcos ainda conta a origem de “Sou brasileiro... com muito orgulho...”, o grito mais coxinha da história dos Mundiais. Muito bom.

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SOY CHILENO… CON MUCHO ORGULLO… (E O ASSALTO EM NATAL)

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foto 11 SOY CHILENO... CON MUCHO ORGULLO... (E O ASSALTO EM NATAL)

Até tentei ver o jogo do time da CBF contra Camarões, mas os camaroneses eram tão ruins que mudei para uma partida de melhor nível, México vs. Croácia.

Junto a Grécia e Coreia do Sul, Camarões periga ser o pior time dessa Copa. O que a defesa entregou de bolas fáceis para o ataque da CBF não foi mole.

E por falar em ruindade, o que é o goleiro croata, Pletikosa? O gol de cabeça de Rafa Marques, o primeiro dos mexicanos, foi mais um frango do mão-de-alface, que já havia entregado a rapadura duas vezes contra o time do Marin, nos gols de Neymar e Oscar.

Depois de mais um frango de Pletikosa, a Croácia se abriu e tomou de 3 a 1, resultado elástico demais para um jogo que foi bem equilibrado.

Ficamos assim: a Holanda vai pegar o México e o escrete do Felipão enfrenta o Chile, que hoje foi totalmente dominado pelos holandeses. Aliás, o segundo gol da Holanda foi uma pintura, num contra-ataque puxado por Robben. O holandês é um dos atacantes mais objetivos e econômicos da atualidade: joga sempre na direção do gol, sem firulas excessivas e com uma velocidade incrível. Você raramente o vê driblando sem ser na direção da meta adversária.

CBF vs. Chile deve ser um jogo bem mais difícil do que os últimos em que os times se enfrentaram em Copas (4 a 1 para a CBF em 1998 e 3 a 0 em 2010). O Chile tem um ótimo treinador, Sampaoli, dois bons atacantes – Vargas e Alexis Sanchez – e é um adversário bem mais perigoso que México, Croácia ou Camarões.

Mas não é o bicho-papão que alguns dizem. Deu sorte de pagar a Espanha abalada depois da traulitada que levou da Holanda, mas hoje, contra a mesma Holanda, não mostrou força no ataque e falhou seguidamente na defesa. No primeiro gol holandês, Fer cabeceou livre.

De qualquer forma, sabadão somos todos chilenos. Logo de manhã, sugiro botar o DVD de “El Topo”, de Jodorowsky, para alegrar a criançada, seguido de bons discos do saudoso Victor Jara. Depois da sapatada chilena, a pedida será um bolero lacrimoso de Lucho Gatica, para consolar a pachecada. Gracias a la vida!

P.S.: Tem toda a razão a Itália de reclamar do árbitro mexicano Marco Rodriguez: num jogo equilibrado como este contra o Uruguai, a expulsão de Marchisio, antes da metade do segundo tempo, foi crucial para a vitória uruguaia. O italiano cometeu uma falta forte, mas não o suficiente para merecer um cartão vermelho. Com um jogador a menos, a Itália abdicou do ataque e terminou o jogo extenuada. Bem mais violenta que a falta de Marchisio foi a dentada que Luis Suárez deu no zagueiro italiano, um lance grotesco que, infelizmente, Suárez parece cometer com alguma frequência. Morder o adversário não tem nada a ver com raça ou fibra. É desonestidade mesmo. 

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JACK WHITE E O FETICHE DO VINIL

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Neil Young e Jack White usam cabine antiga para gravar música por thevideos no Videolog.tv.

Você pode gostar ou não da música de Jack White, mas tem de admitir que é um dos popstars mais interessantes dos últimos anos. Milionário, White usa a dinheirama que ganhou no White Stripes e em suas inúmeras bandas – Dead Weather, Raconteurs – para alavancar projetos bacanas.

Além de colaborar com Beck, Dylan, Wanda Jackson, Danger Mouse e Alicia Keys,  doar dinheiro para preservação de discos antigos e fazer parte da Fundação de Preservação de Discos da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, White investe pesado em um selo – Third Man - que vem ajudando a ressuscitar o interesse do público pelo vinil.

Entusiasta de métodos analógicos de gravação, White acaba de produzir o novo disco de Neil Young, “A Letter Home”, uma coleção de covers gravado inteiramente em uma cabine Voice-O-Graph dos anos 40. Este aparelho era muito popular e permitia que qualquer um gravasse um disquinho direto num acetato, como fez, numa máquina parecida, Elvis Presley, que em 1953 gravou “My Happiness” de presente para a mãe, Gladys.

Neil Young canta "Crazy" com Jack White por thevideos no Videolog.tv.

O segundo disco solo de White, “Lazaretto”, acaba de sair e estreou em primeiro lugar nas paradas americanas, com 134 mil cópias vendidas na primeira semana. O disco bateu o recorde de vendas de vinis – 40 mil - desde que elas começaram a ser monitoradas, em 1991. Não é pouca coisa.

A versão em vinil de “Lazaretto”, batizada pela gravadora de “Ultra LP”, traz vários atrativos: sulcos paralelos que permitem ouvir a mesma música com dois começos diferentes, sulcos de loop contínuo que não deixam a música terminar, remixes diferentes de algumas faixas e até um holograma. Veja esse vídeo, em que White mostra o brinquedinho:

The Lazaretto - Jack White por thevideos no Videolog.tv.

Acho sensacional que White se esforce tanto para tentar convencer um público moderno a comprar vinil. Por outro lado, é triste constatar que o vinil se transformou em fetiche – e caro demais. Só para comparar: na Amazon, o CD de “Lazaretto” custa 11 dólares, enquanto o vinil sai por 31.

Confesso que prefiro comprar três CDs a um vinil, por mais que este seja bonito e tenha qualidade de som superior. Adoro ouvir discos antigos em vinil, gosto de ler encartes, curto ouvir o trabalho todo na sequência – lado A, lado B - e acho o som da bolacha melhor que o do CD. Mas os preços estão proibitivos.

O curioso é que, há uns 20 anos, o vinil era uma opção barata para quem não queria gastar uma bolada com CDs. A década de 90 foi uma época de ouro para colecionadores de vinil, quando a maioria dos consumidores estava trocando suas coleções por CDs e os sebos viviam lotados de discos. Hoje, vinil é um luxo, um fetiche para poucos. O vídeo de Jack White mostrando o “Ultra LP”, parecia um vendedor de brinquedos exibindo um novo videogame para a molecada. Só faltou White responder a uma pergunta: e as músicas, prestam?

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“LÓKI”: A OBRA-PRIMA SOMBRIA DE ARNALDO BAPTISTA (E A JUSTA PUNIÇÃO AO “VAMPIRO” SUÁREZ)

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Arnaldo Baptista - Será Que Eu Vou Virar Bolor por thevideos no Videolog.tv.

Novidades do planeta Arnaldo Baptista: depois do relançamento de toda sua obra solo em formato digital, o ex-Mutante comemora 40 anos de “Lóki”, seu primeiro disco solo.

Quando gravou “Lóki”, em 1974, Arnaldo estava completamente perdido. Havia saído dos Mutantes no fim do ano anterior e ainda sofria com o fim do romance com Rita Lee. Vivia tripando de LSD, delirante e paranoico.

No livro “A Divina Comédia dos Mutantes”, Carlos Calado conta que Arnaldo mostrou suas músicas novas a Roberto Menescal, então diretor artístico da Philips/Polygram, e Menescal sentiu que Arnaldo precisava gravá-las, para “sublimar a angústia que sentia”. Mesmo sabendo tratar-se de um disco sem grande apelo comercial, André Midani, chefão da Philips, topou lançá-lo, em mais uma prova de que, naquela época, as gravadoras não estavam só interessadas no lucro fácil e se arriscavam em projetos ousados.

O resultado foi “Lóki”, um dos discos mais dilacerantes do pop brasileiro. Com a ajuda de Dinho e Liminha, ex-colegas dos Mutantes, e até de Rita, que deu uma canja, Arnaldo criou uma obra que explorava sua psique abalada, em letras confessionais sobre amores não-correspondidos, solidão, alucinações e até discos voadores.

A sonoridade é espartana: teclados, baixo e bateria, um ou outro violão e nem sinal das guitarras virtuosas do irmão Sérgio. A voz de Arnaldo é um fiapo, por vezes sussurrada. Tudo é tão triste e etéreo que parece que ele vai se despedaçar a qualquer momento. Até hoje, é um disco difícil de ouvir sem chorar.

Impossível escolher uma faixa predileta. Se alguém encostasse uma arma na minha cabeça, eu escolheria “Desculpe”, possivelmente a mais sombria declaração de amor – a Rita, claro – do nosso pop, um exorcismo que parece ter sido gravado numa sessão de terapia e não num estúdio.

Arnaldo e sua equipe ainda não anunciaram planos para a comemoração dos 40 anos de “Lóki”. Que tal uma turnê tocando o LP na íntegra, Arnaldo?

Enquanto isso não acontece, veja duas entrevistas bonitas de Arnaldo. A primeira é recente, de junho, para o programa “Agenda”, da Rede Minas.

Arnaldo Baptista - Parte 01 por thevideos no Videolog.tv.

E a segunda é o encontro delirante de dois grandes “lókis”, Arnaldo e José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Eu dirijo o programa do Zé e posso garantir que essa entrevista não deu trabalho algum: foi só ligar as câmeras e deixar os dois gênios se entenderem:

Estranho Mundo de Zé do Caixão - Arnaldo Baptista por thevideos no Videolog.tv.

P.S.: Faço agora uma coisa que nunca achei possível: elogiar a FIFA. A punição ao uruguaio Luis Suárez - nove jogos, o que o tira da Copa - foi justa. Por mais que eu queira ver Luisito marcando gols em Júlio César, não dá pra admitir um profissional morder um colega de profissão. E Suárez é reincidente, já tendo abocanhado outros dois jogadores. O uruguaio fez um esforço notável para jogar a Copa depois de operar o joelho, mas vai ficar de fora por não conseguir controlar os nervos. Que aprenda.

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NEM TODO MUNDO LUCRA COM A COPA

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rua NEM TODO MUNDO LUCRA COM A COPA

Ontem acabou a primeira fase da Copa do Mundo. O que significa que Curitiba, Natal, Cuiabá e Manaus darão adeus aos turistas que foram às cidades acompanhar suas respectivas seleções.

Estou bem curioso para ver, depois da Copa, números oficiais – e verdadeiros, de preferência – sobre o impacto econômico do turismo durante o evento. Porque desconfio que, com exceção das cidades-sede, o resto do país sofreu muito.

No caso de Paraty, por exemplo, cidade turística que fica bem no meio de Rio e São Paulo, a Copa tem sido uma desgraça. Pousadas e restaurantes acharam que a cidade ficaria lotada de turistas, mas quebraram a cara.

Nos últimos dias, conversei com donos de pousadas, lojas, restaurantes e padarias. O dono de um dos principais empórios da cidade, que vende vinhos, cachaças e queijos, me disse que foi o pior mês de junho desde a inauguração da loja, há 15 anos. O proprietário de uma conhecida pousada local contou que a situação foi tão braba que ele precisou baixar o preço das diárias para a tabela de baixa temporada, e mesmo assim ficou com menos de 20% de ocupação durante o mês de junho.

Antes da Copa, o comércio local acreditou que os turistas se espalhariam pelo país durante os intervalos dos jogos da primeira fase, mas não foi o que aconteceu. A impressão é de que os estrangeiros ficaram apenas nas cidades-sede.

Para piorar, os altos preços de passagens aéreas e o medo de superlotação durante a Copa afugentaram os turistas estrangeiros que normalmente viajam para o Brasil em junho. Os turistas brasileiros, ao que parece, preferiram fugir para o exterior (os gastos de brasileiros no exterior em maio chegaram a 2,4 bilhões de dólares, um recorde, e a expectativa é de que esse valor seja ainda maior em junho).

O resultado foi um mês de desolação para o turismo paratiense: “Teve dia em que faturei 200 reais, nunca tive resultados tão ruins, mesmo em meses de baixíssima temporada”, me disse o dono de uma loja no Centro Histórico.

A esperança é de que agora, com metade das seleções desclassificadas, os turistas decidam passear pelo país e que esse tráfego compense a tragédia que foi o mês de junho. O dono de uma pousada me disse: “Não posso esperar para acabar logo essa Copa. Os jogos estão ótimos, mas, desse jeito, vou à falência.”

P.S.: O canal Futura exibe sábado, às 22h, “Pai Patrão” (1977), dos irmãos Taviani. É um drama emocionante sobre um menino, Gavino, que cria ovelhas na Sardenha e é brutalizado pelo pai. A história é real e foi inspirada nas memórias de Gavino Ledda, um conhecido linguista italiano.

P.S. 2: Vai, Chile!!!!!!

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LANA DEL REY: DISCO BOM, FÃ-CLUBE MALA (E A SELEÇÃO-CHORORô)

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Em 25 anos escrevendo sobre música e cinema, já recebi muitas cartas raivosas. No topo do ranking dos fãs mais irritadiços estão Legião Urbana, Rush e Tarantino, seguidos de perto por Amy Winehouse e Teatro Mágico.

Mas agora preciso revisar esse ranking: semana passada, me deparei com o suprassumo dos revoltados de Twitter: fãs de Lana Del Rey. Ô turminha mala.

E pior: os lanamaníacos deram chilique por causa de uma crítica positiva ao último disco da cantora, que publiquei esses dias na “Folha” (leia aqui). Nem a cotação dada ao disco (“Bom”) parece tê-los convencido de que a crítica era elogiosa.

As reclamações variavam do já tradicional “Quem é você para falar mal de Lana?” e “Vai lá e faz melhor”, a divagações sobre a “genialidade” da cantora.

Uma fã reclamou que eu comparei Lana a “chanteuses malditas” como Nico e Nina Simone. Se tivesse lido com atenção, a moça veria que não só eu não fiz tal comparação, como ainda escrevi que o disco é feito de forma “maquiavelicamente ousada” justamente para fazer Lana parecer Nico e Nina.

Eu nunca seria capaz de comparar duas divas da melancolia, artistas extraordinárias de almas torturadas, a uma patricinha construída por produtores para tocar em boutiques hipster do Brooklyn.

O mais preocupante é que o fã-clube de Lana não parece formado apenas por adolescentes, a quem tudo se perdoa, mas por adultos com carteira de trabalho assinada. E xingamento de moleque eu respeito - até hoje, a melhor carta hater que recebi foi de uma fã de 15 anos do Avenged Sevenfold: “Com todo o respeito, o senhor é um débil-mental” - mas chilique de marmanjo é, francamente, ridículo.

Vários fãs de Lana criticaram, até de forma arrogante, a tradução que fiz dos títulos de algumas músicas da cantora. “Você deveria fazer um curso de inglês”, escreveu uma moça, furiosa com a tradução de “Fucked my way up to the top” por “Trepei para chegar ao topo”. O curioso é que ela não disse como traduziria a frase. “Faço inglês há um tempão e o que você escreveu não tem nada a ver”, disse um rapaz, que provavelmente estuda no curso do Joel Santana, para “fazer inglês há um tempão” e não saber o que a frase significa.

Comentei com um amigo sobre as reclamações acerca da tradução. Ele sugeriu “Subi na vida trepando”. Achei uma ótima tradução, mas prefiro a minha, já que “subir na vida” não quer dizer, necessariamente, “chegar ao topo”. E a letra de Lana diz que ela trepou “to the top”, ou seja, até o ponto mais alto (da carreira? Da música? Da fama? A letra não diz).

O caso me fez lembrar um episódio curioso envolvendo fãs do AC/DC. Quando a banda tocou no Morumbi, fiz uma crítica muito elogiosa ao show, mas disse que achava estranho que meninas gostassem de aparecer nos telões durante a faixa “The Jack”, já que a letra fala de uma mulher que tem gonorreia. Alguns fãs escreveram furiosos, dizendo que a música era sobre pôquer e que “jack” significava “valete”. De fato, “jack” também pode significar “valete”, e a música fala de um jogo de cartas, mas é só uma forma – bem machista, por sinal – para reclamar de uma fã que transmitiu a doença para um membro (opa!) da banda. Ou alguém acha que Bon Scott estava cantando sobre alguma dama que o havia vencido no carteado?

E fãs de Lana, please, get a life.

P.S.: Esse texto deveria ser publicado na manhã de segunda, mas, por erro meu, foi ao ar domingo. Volto com texto novo no blog na terça-feira. Desculpem a nossa falha.

P.S. 2 - Acabo de ver a Costa Rica batendo a Grécia nos pênaltis. Os costa-riquenhos, um bando de moleques sem experiência em Copa, que passaram pelo grupo da morte vencendo Itália e Uruguai e levaram um gol da Grécia aos 45 minutos do segundo tempo, depois de jogar mais de uma hora com um homem a menos, foram para a cobrança de pênaltis concentrados, mas sem cair na choradeira patética da seleção da CBF. Converteram os cinco pênaltis que bateram. Parabéns à Costa Rica. Já o time do Marin, que chora mais que meninas de cinco anos vendo "Frozen", protagonizou algumas das imagens mais constrangedoras da Copa, como o capitão Thiago Silva chorando e pedindo para não bater o pênalti. O capitão do time. Repetindo: o CAPITÃO do time.

P.S. 3 - Já separei os discos da Shakira e os livros do Garcia Márquez para curtir essa semana. Vai, Colômbia!

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PREJUÍZO COM A COPA? CHAMA O MINISTRO, QUE ELE RESOLVE… (E QUE PENA, ARGÉLIA!)

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03122013 aldo brown caxirola 640 francisco medeiros PREJUÍZO COM A COPA? CHAMA O MINISTRO, QUE ELE RESOLVE... (E QUE PENA, ARGÉLIA!)

Peço a todos uma trégua no Fla x Flu ideológico que virou essa Copa. Por alguns minutos, esqueça em quem você vai votar nas próximas eleições e leia essa reportagem que saiu ontem na “Folha”.

Ela corrobora uma suspeita que eu havia levantando em um texto recente aqui no blog (leia aqui): os lucros com a Copa, mesmo para as cidades-sede, não estão sendo os esperados. E se nem as cidades que receberam os jogos lucraram o que esperavam, imagine os locais onde o futebol passou longe...

Em Natal, um bugueiro, conhecido por “Pepeu do Buggy”, disse à “Folha”: “Foi o pior mês em 15 anos”. Coincidentemente, foi a mesmíssima frase que ouvi do dono de um empório em Paraty, litoral do Rio.

Segundo a reportagem, o setor hoteleiro de Natal e Cuiabá “não fechou a conta”, e restaurantes em Manaus tiveram queda de 10% no faturamento em relação ao mesmo período no ano passado.

Cada vez mais, as promessas de que o país estaria lotado de turistas gastando bilhões de dólares se mostram vazias. Claro que houve uma superlotação de bairros boêmios, como a Vila Madalena, em São Paulo, e a Lapa, no Rio, e os botecos de lá devem ter faturado horrores – embora os moradores estejam apavorados com o caos. Mas, para a maioria dos comerciantes, empresas e prestadores de serviço, a Copa não parece ter sido nada boa. Aguardemos os números oficiais para confirmar.

Terminada a Copa em Manaus, Curitiba, Cuiabá e Natal, essas cidades, assim como as outras oito cidades-sede, terão de conviver com um problema bem sério: como fazer para pagar a conta dos estádios?

A Arena Pantanal, que custou aos cofres públicos cerca de 570 milhões de reais e recebeu quatro “clássicos” do futebol mundial (Chile x Austrália; Rússia x Coréia do Sul; Nigéria x Bósnia e Japão x Colômbia), só tem marcado um jogo para os próximos meses: Cuiabá x Paysandu, pela série C do Campeonato Brasileiro.

Sugiro que o pontapé inicial desse jogo seja dado pelo ministro do esporte, Aldo Rebelo.

A Arena da Baixada, em Curitiba (leia aqui matéria do jornal “Gazeta do Povo” sobre os gastos públicos na construção do estádio), custou 360 milhões e recebeu quatro jogos ainda mais instigantes: Irã x Nigéria; Honduras x Equador, Argélia x Rússia e Espanha x Austrália, este com as duas equipes já eliminadas. Só jogão.

Segundo a matéria da “Folha”, os gestores da Arena da Baixada agora vão explorar o local com “eventos, festas, restaurantes e palestras”.

Sugiro que a primeira palestra seja do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, com o tema: “Como recuperar 360 milhões de reais com palestras”.

Mas o caso mais preocupante é o da Arena Amazônia, em Manaus. O estádio foi erguido a um custo de 670 milhões de reais (sem contar os dois Centros de Treinamento de Manaus, que custaram 36 milhões e não foram sequer usados), e ninguém quer bancar os 500 mil reais por mês de sua manutenção.

Ao justificar os gastos públicos na obra, Aldo Rebelo disse que o estádio serviria para ajudar o futebol amazonense, mas os próprios times do Amazonas afirmaram que não vão jogar lá, devido ao alto custo de manutenção. O ministro disse também que o local poderia ser usado para shows.

Sugiro que o primeiro concerto na Arena Amazônia seja do ministro Aldo Rebelo, tocando caxirola e interpretando clássicos do cancioneiro pacheco como “Este é um pais que vai pra frente”, "Voa, canarinho, voa" e “Sou brasileiro, com muito orgulho...”.  Vai lotar.

P.S.: Que jogo sensacional Alemanha x Argélia. Dos times "menores" da Copa, acho o argelino o melhor, mais bem treinado e mais organizado em campo. Deu um sufoco nos alemães no primeiro tempo e só sucumbiu porque o banco alemão é bem melhor e as mudanças feitas por Joachim Low surtiram efeito. Sexta, às 13h, no New Maraca, Alemanha e França prometem fazer uma partida linda. Só não entendo por que Colômbia e seleção da CBF, que venceram seus jogos na sexta, jogarão no mesmo dia, com dois dias a mais de descanso, e num horário melhor: 17h. Alguém explica?

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QUANDO A BOÇALIDADE TRIUNFA

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rifle QUANDO A BOÇALIDADE TRIUNFA

 

A história aconteceu ano passado, numa cidade fluminense. Nomes e apelidos dos personagens foram abreviados para evitar processos e brigas.

No início de 2013, um comerciante – vamos chamá-lo de “J.” - convenceu alguns amigos e vizinhos a investir em um terreno que havia encontrado numa área rural. Era uma pequena chácara, que o dono, em apuros financeiros, havia colocado à venda por um preço baixo.

J. conseguiu onze investidores. Cada um entrou com o que pôde – os valores variavam de R$ 5 mil a R$ 15 mil – e cada investidor receberia, depois de finalizada a compra, uma fração do terreno correspondente ao valor investido.

Os meses foram passando, e nada de J. dar satisfação sobre a grana. Quando encontrava algum dos investidores na rua, dizia que o negócio “estava andando”, e que logo daria notícias.

Mas as notícias não vieram. Depois de uns quatro meses, J. parou de falar no assunto.

Os investidores começaram a desconfiar que algo não estava certo. Alguns procuraram J., mas este, misteriosamente, passou a viajar muito e quase não parava mais em casa.

Um dia, um dos investidores intimou J.: queria saber quando receberia seu terreno – ou seu dinheiro de volta. J. marcou uma reunião com todos os investidores, na casa de um deles. Na noite marcada, havia cerca de 20 pessoas na reunião.

J. começou se desculpando pela demora na conclusão do negócio. Disse que havia encontrado outra oportunidade de lucro e resolvera investir parte da grana nesse “esquema” que “não tinha como dar errado”. Sem entrar em detalhes, disse que a coisa não andou como ele esperava.

Resumindo: J. usara o dinheiro dos investidores em outro negócio, e a grana sumira.

Na verdade, a revelação não foi uma grande surpresa para os investidores. Os meses de sumiço e as desculpas esfarrapadas de J. eram um prenúncio de calote. Entre eles, já estavam discutindo como fariam para reaver o dinheiro.

Um dos investidores era um professor, sujeito culto e educado, sempre pronto a encontrar a saída mais diplomática para os problemas. Ele perguntou a J. como pensava em devolver o dinheiro. J. fez uma longa explanação sobre empréstimos bancários, fundos de investimento e alguns negócios que estaria prestes a concluir, e que certamente cobririam os prejuízos. O professor parecia satisfeito:

- Olha, J., achei errado o que você fez, mas vejo que você assumiu o erro e está disposto a fazer de tudo para não causar prejuízo a ninguém. Sinto boa vontade de sua parte. Se os outros concordarem, aceito que você conclua esses negócios pendentes e depois devolva o que investimos.

A declaração do professor pareceu dissipar o mal-estar na sala. Outras pessoas disseram mais ou menos a mesma coisa:

- Pelo menos você assumiu o erro...

- Vou dar um voto de confiança a você...

- Se Deus quiser, vamos receber nosso dinheiro e acabar com essa desconfiança toda...

No canto da sala, um dos investidores pediu a palavra. Era “S.”, um matuto humilde e quieto, que morava num pequeno sítio e vivia da venda de bananas e mandioca. Olhando para J., S., disse:

- Com todo respeito ao professor e amigos, mas não concordo, não. J., vou te dizer uma coisa: se você não devolver meu dinheiro em cinco dias, vou até sua casa e meto chumbo na sua cara. E vocês podem dizer pra polícia que fui eu que matei, não precisa nem investigar. Me escondo no matão e quero ver alguém me achar.

Todo mundo ficou em choque. Especialmente J., que começou a tremer e chorar.

- Não fala uma coisa dessas, S., Deus me livre... Eu faço tudo pra te pagar! Vendo minha casa, vendo tudo que eu tiver! Pelo amor de Deus, não fala isso!

Sentindo uma súbita mudança na disposição de J., outros investidores esqueceram a diplomacia:

- Ah é? Então se vai pagar ele, me paga também, ou eu te arrebento!

- Se você pagar a alguém e não me pagar, ponho fogo na sua casa!

Em pouco mais de uma semana, J. devolveu o dinheiro a todos os investidores. Algumas dívidas foram trocadas por carro, televisão e um barquinho a motor. S. ganhou uma moto usada.

 

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NÃO TEM MAIS BOBO NO FUTEBOL

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felipão1 NÃO TEM MAIS BOBO NO FUTEBOL

Ninguém acredita em político, certo? É só um governante prometer algo, que você já desconfia que ele fará exatamente o oposto.

Mas existe outra classe em quem ninguém confia mais: a dos profissionais de futebol.

O futebol virou um teatrinho tão infantil, um jogo de relações-públicas tão cara de pau, que é difícil encontrar alguma declaração sincera e que não tenha uma segunda intenção por trás.

Veja, por exemplo, o caso de Luis Suárez, atacante uruguaio que foi banido da Copa e suspenso do futebol por quatro meses, por ter mordido o italiano Chiellini. Dias atrás, Suárez divulgou um pedido de desculpas: “Lamento profundamente o que aconteceu, peço desculpas a Giorgio Chiellini e a toda a família do futebol e me comprometo publicamente que nunca mais vai acontecer um incidente como esse”.

Bonito, né? O sujeito errou, prejudicou seu time e seu colega de profissão, e pediu desculpas.

Mas a história, aparentemente, não foi bem essa.

Segundo o jornal espanhol “AS”, Suárez estaria apenas seguindo as ordens do Barcelona, que tenta contratá-lo para a próxima temporada e quer reduzir sua punição.

Dias antes da “desculpa”, Suárez havia dito, em documento enviado à FIFA, que não mordera Chiellini. Ou seja: ou o uruguaio mentiu à FIFA ou está mentindo agora, ao pedir desculpas.

Outro caso curioso ocorrido esses dias foi a entrevista-surpresa que Felipão decidiu dar a seis jornalistas (leia sobre o caso na coluna de meu colega de R7, Cosme Rímoli, aqui)

Tirando a falta de tato da assessoria da CBF, que selecionou os jornalistas “amigos” à vista dos outros setecentos profissionais de imprensa que estavam na Granja Comary - e que foram excluídos do papo - é óbvio que foi mais uma jogada de relações-públicas.

Felipão não acordou naquele dia cheio de amor na alma, pensando em como seria bacana abrir seu coração a alguns jornalistas, mas decidiu, em conjunto com trocentos assessores de imprensa da CBF, em uma maneira de tentar pôr o dedo no buraco do dique e diminuir o tsunami de críticas que a seleção está sofrendo, especialmente depois do chororô do capitão Thiago Silva e da péssima atuação contra o Chile. Mas o resultado, como escreveu Cosme Rímoli, foi o oposto: tudo que Felipão conseguiu foi antagonizar ainda mais os jornalistas excluídos.

E a confusão entre jornalismo e relações-públicas teve mais um capítulo na noite de terça, quando um dos chefões da FIFA, Jérôme Valcke, foi entrevistado no Sportv. Valcke, que passara as primeiras semanas da Copa sumido do noticiário, resolveu aparecer agora e mostrou uma postura bem diferente daquela exibida em ocasiões passadas, quando chegou a fizer que precisava “chutar a bunda do Brasil” para que as obras dos estádios fossem concluídas.

O Valcke que se viu foi um cordeirinho, o “Valckinho Paz e Amor”: disse que não era hora de falar de problemas, mas só de futebol, que tinha “esquecido” o episódio do “chute na bunda”, e não foi lá muito pressionado pelos entrevistadores, nem quando disse obviedades como “O mais importante é usar o estádio, não deixar que ele fique vazio”, referindo-se às gigantescas arenas construídas em praças sem campeonatos de futebol importantes, como Manaus.  O papo terminou sem grandes conflitos ou discussões. Tudo nos conformes.

Quem viu a entrevista entendeu tudo. Afinal, não tem mais bobo no futebol. Muito menos o público.

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NOVIDADES DO “LÓKI”

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Arnaldo Baptista and me NOVIDADES DO “LÓKI”

Há alguns dias, fiz um texto sobre os 40 anos do clássico LP “Lóki”, de Arnaldo Baptista (leia aqui) , sugerindo uma turnê de Arnaldo tocando a íntegra do disco.

A jornalista e produtora Sônia Maia, que há quatro anos trabalha com Arnaldo, me procurou, dando detalhes dos planos do músico e da dificuldade que ela vem enfrentando para agendar shows do ex-Mutante. Aqui, a íntegra do papo:

- Haverá alguma show ou turnê em celebração aos 40 anos de Lóki?

- Não. Além das dificuldades em conseguir patrocínio, que falo mais adiante, tem o fato concreto de Arnaldo não gostar de se prender a nenhum script – ter que tocar um set específico. Ele coloca uma lista de 70 músicas à frente do piano e, de acordo com o que sente da plateia, faz ali na hora sua própria seleção. Cada show é diferente do outro. Estou falando do concerto que está em turnê desde 2011, o “Sarau o Benedito?”, que é Arnaldo solo, tocando ao piano de cauda, flores ao redor do piano e videocenário de suas obras como artista plástico projetadas ao fundo do palco. Simples e arrebatador! O profundo silêncio da audiência durante as músicas é algo a ser experienciado! E 90% do público que tem lotado esses shows está entre 17 e 34 anos, o mesmo perfil dos seguidores da fanpage de Arnaldo no Facebook, que viralizou de janeiro para cá, subindo de 25 mil para 76 mil seguidores, chegando, em alguns momentos, a mil curtidas a mais por dia. Então, Arnaldo é também sinônimo de sucesso, atinge um público jovem, esperto, inteligente e formador de opinião. E recebe generosos espaços na imprensa em geral.

Vale também lembrar que o álbum “Loki?” pertence à Universal. Apesar de termos escrito para a gravadora, dando várias ideias de celebrações – clips, lançamento em vinil, etc – eles não se interessaram.

- Como Arnaldo vê o disco, hoje? Ele fala de temas que são dolorosos para ele. Cantar músicas do disco trazem de volta alguma lembrança, boa ou ruim, para Arnaldo?

- Essa eu deixo para o próprio Arnaldo responder:

“Uma aventura lucky? Infeliz, quem; nunca foi infeliz. Compartilhar, do não; é, esperar, um: sim (lembranças....)”.

- Você disse que tinha dificuldades em agendar shows de Arnaldo. Pode elaborar, por favor?

- O circuito cultural brasileiro, como um todo, ainda sofre das mesmas dificuldades de décadas atrás - os produtores e patrocinadores só apostam em nomes de sucesso, o que se traduz em artistas que tocam nas rádios, que aparecem em programas de TV, com vários clips etc. Apesar de todo o peso e importância do nome de Arnaldo Baptista, os produtores locais e possíveis patrocinadores não o vêm como um nome que dê ‘retorno’.

Isso não acontece só com Arnaldo, mas na cultura como um todo. Veja no cinema – temos agora três filmes brasileiros de altíssima qualidade, o de Ana Carolina, o de Sergio Bianchi e o de Paulo Sacramento, para ficar em apenas três cineastas, e é triste ver que atingiram, no máximo, 1.200 espectadores nas salas em todo o Brasil. Muito estranho que o melhor de nossa cultura fique sempre relegado a um nicho ou simplesmente não aconteça. Tem algo muito errado aí. É um cenário, me parece, muito viciado no aqui e agora, que insiste em enterrar o ontem, enterrar nossa história. Somos um país sem memória, porque não cultivamos nossa memória cultural. Isso acontece também, por exemplo, com o artesanato brasileiro – muitas técnicas estão e serão totalmente esquecidas porque não há registro delas.

- Vocês liberaram a discografia completa dele, para download gratuito. Mesmo assim, é difícil ouvir músicas de Arnaldo em rádios. Por quê?

- Bem, não “liberamos”, porque os álbuns não estavam todos sob propriedade de Arnaldo. Foi um trabalho de fôlego e independente do time em torno dele e de vários voluntários. Uma luta que se arrastou por mais de 30 anos. Quando comecei a trabalhar com Arnaldo e Lucinha, em 2010, disse que não sossegaria enquanto não entregasse essa discografia a eles e ao acervo da cultura brasileira.

Estas obras foram todas remasterizadas pela Classic Master, ganharam novas capas, aplicativo exclusivo na Deezer, com comentários de artistas de peso como Tom Zé, Arnaldo Antunes, Lobão, Fernanda Takai, Lulina e Fernado Catatau. Estão disponíveis nas maiores lojas digitais e serviços de streaming do mundo.

E é engraçado, porque mandamos links para download de toda a obra solo para várias rádios de várias cidades brasileiras e, até onde sei, não está tocando. Mandamos, ligamos, conversamos com as rádios. Disseram “que iam ver a possibilidade”. Esta pergunta deveria ser feita às rádios – não sei qual o critério. Adoraria saber, ouvir deles mesmos uma explicação. Fica algo ali não dito, falta transparência. E não é porque “não se encaixa na programação”. Imagina! As músicas são ainda muito muito atuais e há pelo menos uma dúzia de hits na discografia, que cairia facilmente no gosto do ouvinte. Arnaldo é um hitmaker! De qualquer forma, se alguma rádio se interessar em tocar essas pérolas, é só nos contatar que disponibilizaremos.

- E em relação a editais e concursos, poderia elaborar aquilo que me disse, que tem havido muita dificuldade em conseguir fechar algo pro Arnaldo?

- Novamente, não sei qual o critério dos editais. No primeiro e segundo ano trabalhando com Arnaldo (2011-2012), inscrevi em três editais para lançamento do novo álbum “Esphera” e não fomos contemplados. Então, desistimos de ficar batendo o martelo ali. Recentemente, tentei inscrever em um edital bem conhecido, mas as regras não se encaixavam no perfil de Arnaldo – ou seja, ele teria que sair em turnê com o novo álbum e o show não poderia ser o mesmo que ele vem fazendo. Arnaldo não faz show com banda. Vai levar até o fim a bandeira de só tocar com instrumentos como guitarra, baixo e bateria se tiver um PA valvulado, o que não existe, apesar de ser possível construir. Então, há uma exclusão dentro da própria cena cultural para artistas que não se encaixam nas regras estabelecidas.

Na minha opinião, os patrocinadores deveriam criar verbas específicas para o fomento e continuidade do trabalho e produção de artistas como Arnaldo, que já estão pra lá dos 18 anos e merecem não apenas um tratamento diferenciado, mas um olhar para a importância cultural desses artistas e suas obras, de hoje e de ontem. Pensar no retorno institucional e de imagem que essas iniciativas dariam. E no compromisso como empresário e cidadão para a manutenção dessas obras e sua disseminação entre o público em geral, atitude tão comum nos países europeus e nos EUA, por exemplo. Já está mais do que na hora de amadurecerem por aqui!

- Você me falou de um show em BH. Quando será? Pode dar mais detalhes?

- Belo Horizonte estava órfã desse concerto, já que é uma das cidades onde Arnaldo tem mais fãs e também capital do Estado no qual reside há mais de 30 anos. Resolvi, então, bancar o show, arriscar na bilheteria. Até mesmo para provar aos produtores de outros estados que esse show é possível. Será no dia 3 de agosto, domingo, 19hs, no Theatro Cine Brasil. Os ingressos estão à venda pelo sistema www.ingresso.com  e também na bilheteria do Cine Brasil. Chamamos todos a lotar o espaço, de 900 lugares!

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FUTEBOL NA AMÉRICA? NO, THANKS!

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simpsons FUTEBOL NA AMÉRICA? NO, THANKS!

Semana passada, Kareem Abdul-Jabbar, um dos maiores ídolos da história do basquete americano, publicou um texto no site da revista “Time” explicando porque acha que o futebol – o nosso - não deslancha nos Estados Unidos (leia aqui).

Kareem diz, entre outras coisas, que no futebol “há muita movimentação, mas não há muita ação”, usa números de audiência de TV da liga profissional de futebol dos Estados Unidos para provar que o futebol ainda gera muito menos dinheiro do que basquete, beisebol, futebol americano e hóquei, e diz que o público americano fica frustrado pelo baixo número de gols em algumas partidas.

O texto é muito bom. Kareem não critica o futebol, mas tenta explicar porque o esporte nunca será capaz de exprimir o “ethos americano”.

Concordo com ele. Acho muito difícil que o futebol seja admirado nos Estados Unidos da forma como é no resto do mundo, assim como os brasileiros nunca conseguirão apreciar o jogo de beisebol.

Listei algumas razões que, acredito, ajudam a explicar essa barreira que existe entre os Estados Unidos e o futebol:

O futebol não é um esporte “televisivo” – O esporte, nos Estados Unidos, é feito para ser visto na TV. As partidas têm intervalos para comerciais de TV e o ritmo dos jogos é propositalmente acelerado, com tempos de posse de bola definidos para cada time (a exceção é o hóquei no gelo, mas o jogo é tão rápido e dinâmico que isso se torna desnecessário). No futebol, em contrapartida, um time poderia ficar tocando a bola por 90 minutos sem que o adversário sequer encoste nela. Para o público norte-americano, isso é um tédio mortal.

Americano odeia “zebras” – Com exceção do futebol americano, os outros esportes principais do país são decididos em séries de melhor de sete jogos. Vence quem ganhar quatro partidas. Para muitos americanos, é inconcebível que o melhor time não ganhe. Já no nosso futebol, “zebras” são comuns. Mas tente explicar para um americano que isso torna o jogo mais emocionante. Ele certamente vai reclamar que não é justo.

Os Estados Unidos são obcecados por estatísticas – Se você se aborrece com PVC falando de quantos impedimentos Romualdo Arpi Filho apitou em Madureira x Bangu em 1977, sugiro assistir aos programas esportivos nos Estados Unidos. Parte considerável da análise dos jogos – eu diria que a maioria – é dedicada a estatísticas e números. No beisebol, então, chega a ser doentio: os caras falam do percentual de acertos de um rebatedor contra lançadores canhotos em jogos diurnos e com ventos de até 15 km por hora. Já o futebol é um esporte à prova de estatísticas: um time pode dar um chute a gol e ter 5% de posse de bola, e vencer um adversário que deu 78 chutes a gol.

Americano é obcecado pelo sucesso individual – Nem uma vitória dramática no último minuto arranca mais lágrimas nos Estados Unidos do que a história de um personagem solitário que obtém algum feito extraordinário. Um exemplo: em 1995, o país todo chorou quando Cal Ripken Jr., do time de beisebol Orioles, de Baltimore, bateu o recorde de jogos consecutivos disputados – 2130 – que pertencia, desde 1939, ao lendário Lou Gehrig, do New York Yankees. Não importava se o Orioles era um time mediano. O povão só queria saber de Ripken. Em 1999, esse “feito” foi escolhido, por fãs de todo o país, o “maior momento do beisebol do século 20”. Já no Brasil, o recorde de Rogério Ceni, que em 2013 bateu a marca de Pelé de jogos disputados por um mesmo time, chegando a 1117 jogos com a camisa do São Paulo, foi bastante comentado, mas sem um milésimo do fuzuê que os americanos fizeram para Ripken.

O futebol endeusa a “arte”; os Estados Unidos, o resultado – Sem tocar na bola, Pelé dá um drible no goleiro uruguaio Mazurkiewicz. O Rei pega a bola do outro lado e chuta, mas ela passa raspando a trave. A jogada é reprisada pela milionésima vez na TV, e qualquer um que ame futebol a assiste de novo, de boca aberta. Mas não há, no esporte norte-americano, jogada bonita que não termine em ponto ou bloqueio. Nenhuma TV reprisa uma “quase” cesta de Larry Bird, Michael Jordan ou Magic Johnson, mesmo que a jogada tenha sido espetacular. A beleza só é recompensada quanto útil. Não há espaço para futilidades no esporte do Tio Sam. Ou a beleza tem resultado prático, ou é desprezada.

P.S.: Sensacional o chaveamento das semifinais da Copa. Amanhã escreverei sobre os jogos. Mesmo torcendo contra a seleção da CBF, deu pena ver o Neymarketing chorando e saindo de maca do gramado. Deve ser a maior frustração do mundo para um jogador ficar de fora da Copa por contusão, especialmente na fase final da competição. E muito bonitas as manifestações de Messi, Podolski e outros adversários, desejando pronta recuperação ao brasileiro. 

P.S.2 - Estarei fora por boa parte do dia. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço um pouco de paciência. Desculpem pelo incômodo.

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SEMIFINAIS DOS SONHOS

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tabela SEMIFINAIS DOS SONHOS

Nem o mais hábil marqueteiro da FIFA poderia imaginar semifinais dessas: três campeões do mundo e uma seleção três vezes vice, incluindo o time da casa, dois sul-americanos e dois europeus. Dois jogões, que prometem fazer todo mundo esquecer o escândalo da máfia dos ingressos.

Cada um dos quatro times tem uma vantagem: a seleção da CBF joga em casa, a Alemanha tem o melhor elenco, a Argentina tem o melhor jogador do mundo e a Holanda, o melhor jogador da copa, Robben. Impossível apontar um favorito.

CBF x Alemanha

A Alemanha, apesar de alguns jogos ruins, tem sido o time mais consistente da Copa. Não tem nenhum supercraque como Messi, mas conta com o elenco mais forte da competição e um banco excelente. Passou pela França com muito mais facilidade do que o placar magro – 1 a 0 – faz supor.

Aquele jogo, aliás, prometia ser fantástico, mas foi aniquilado pelo calor de 13h no Rio de Janeiro. Falei com pessoas que estavam na partida, que disseram que foi duro suportar o sol na arquibancada. Imagine correndo 11 km no gramado.

Já o time da CBF, das quatro equipes da semifinal, é a pior. Tem feito uma campanha ruim, com raras exceções, como os primeiros 35 minutos do jogo contra a Colômbia. Felipão continua incapaz de mudar a maneira de o time jogar durante a partida. Do jeito que começa, termina, o que pode ser fatal.

A contusão de Neymar vai dar um gás ao time. Na parte psicológica, claro, já que, no aspecto tático, ele é a única saída para um contra-ataque rápido e o time depende completamente dele.

Sua ausência vai inflar os ânimos de time e torcida. Podem se preparar para um festival de patriotismo rastaquera, olhos marejados durante o hino, narradores apopléticos, meninas de quatro anos fazendo cara de Mussolini na arquibancada e o presepeiro-mor, David Luiz, atuando para as câmeras com a canastrice de um Jean-Claude Van Damme.

Pode funcionar, até porque a seleção alemã vai cometer a burrice de jogar de rubro-negro e, como sabemos, essa camisa dá um azar danado em Copas.

Torço para: Alemanha 1 a 0, gol de Klose.

O que acho que vai acontecer: Seleção da CBF vence a uruca rubro-negra nos pênaltis.

 

Holanda x Argentina

Tem sido muito divertido acompanhar a Holanda nessa Copa. Mesmo quando não joga bem, como na partida contra a Costa Rica, o time não para de atacar nunca. E Robben é, disparado, o nome da Copa.

Também não dá pra negar que o outro destaque do time, mesmo que seja um ranzinza antipático, é o técnico Van Gaal. O jeito como ele mexeu no time no segundo tempo do jogo contra o México e aquela substituição do goleiro na cobrança de pênaltis contra a Costa Rica foram sensacionais. Aposto que foi mais uma opção psicológica: vou botar um goleiro alto e descansado, só pra apavorar os jovens e inexperientes costa-riquenhos. E deu certo.

Já a Argentina vem jogando um futebol feio, vencendo seus jogos por placares apertados, e pegou os adversários mais fracos de todos os quatro times. Messi tem resolvido em jogadas individuais, mas o melhor setor da equipe tem sido, surpreendentemente, a defesa. Achei que a Bélgica, com seu ataque rápido, poderia causar problemas, mas o calor de 13h de Brasília prejudicou demais a partida (o coitado do De Bruyne parecia que ia derreter).

Pela primeira vez na Copa, os hermanos vão pegar uma equipe forte. No fim, Messi deve desequilibrar e, por mais que eu torça muito para a Holanda, país que mais merece vencer uma Copa, acredito que o craque vai levar a Argentina à final.

Torço para: Holanda 2 a 0.

O que acho que vai acontecer: Argentina, por um gol.

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