Se a literatura polonesa teve destaque nas livrarias brasileiras nos últimos 15 anos, com lançamentos de autores como Wladislaw Szpilman, Ryszard Kapuscinski, Henry Sienkiewicz, Adrzej Sapkowski e Witold Gombrowicz, os leitores podem agradecer ao tradutor Tomasz Barcinski.
Tomasz era um executivo bem sucedido que, ao se aposentar, em 1999, decidiu mudar de profissão e ajudar a divulgar os livros poloneses que tanto amava. Em 2001, fez sua primeira tradução do polonês, “Querido Franz”, de Anna Bolecka.
Seu ritmo de trabalho era intenso. Em pouco mais de dez anos, traduziu “O Pianista”, de Szpilman (adaptado por Roman Polanski no filme vencedor da Palma de Ouro em Cannes e de três Oscar), a gigantesca trilogia de Henryk Sienkiewicz (vencedor do Nobel), “A Ferro e Fogo”, “O Dilúvio” e “O Pequeno Cavaleiro”, num total de sete volumes e cerca de três mil páginas, cinco livros de Kapuscinski, três de Gombrowicz e dois de Miroslaw Bujko, além de trabalhos de Rutka Laskier, Pawel Huelle, Olga Tocarkcus e outros.
Tomasz também foi responsável pelo lançamento da série sobre o bruxo Geralt de Rívia, de Andrzej Sapkowki. Traduziu os três primeiros volumes da série, de um total de sete.
A vida de Tomasz teve lances de aventura dignos de alguns dos livros que traduziu. Os pais eram da Armia Krajowa (AK), a Resistência Polonesa que combateu os nazistas. Depois da guerra, perseguidos pelos comunistas, emigraram para o Brasil, chegando aqui em 1947.
Dias atrás, Tomasz morreu, devido a um tumor incurável e fulminante. Deixou dois filhos, o economista Mark e o cineasta Phillipe. Tomasz era primo do meu pai e uma pessoa sensacional.
Em março, já debilitado pela doença, Tomasz foi homenageado pelo governo polonês por sua contribuição para a divulgação da cultura polonesa no Brasil, recebendo a Medalha de Ouro de Mérito Cultural Gloria Artis do Ministro da Cultura e Patrimônio Nacional da República da Polônia. Ele merece.
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