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VAI COMEÇAR A FESTA DOS DOCUMENTÁRIOS MUSICAIS

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Começa amanhã, em São Paulo, a sexta edição do In-Edit, o Festival Internacional do Documentário Musical.

Até dia 11, o evento vai ocupar seis espaços da cidade – Cine SESC, MIS, Cinemateca Brasileira, Matilha Cultural, Cine Olido e Centro Cultural de São Paulo – e mostrar cerca de 60 filmes.

O homenageado – e convidado - desta edição é o cineasta holandês Frank Scheffer, que há mais de 30 anos retrata nomes da vanguarda musical, como Edgar Varèse, Frank Zappa, Brian Eno e John Cage.

Vi alguns dos filmes da mostra. Aqui vão comentários sobre alguns deles:

Narco Cultura - Alguns documentários mostram realidades tão chocantes que parecem ficção. É o caso de "Narco Cultura", um dos filmes mais impressionantes que vi nos últimos tempos. Alternando cenas da brutalidade de Juárez, cidade mexicana na fronteira com El Paso, no Texas, onde dez pessoas são assassinadas por dia em guerras de traficantes, com o cotidiano de luxo e grana dos astros do "narcocorridos", música de louvor ao tráfico, o filme é uma paulada na cabeça e no estômago. Está disponível no Netflix brasileiro e é absolutamente imperdível.

A Band Called Death – Ótimo filme sobre o grupo de proto-punk Death, um trio de negros – coisa rara no punk - que gravou um disco, nos anos 70, e ficou quase 20 anos sumido, até ser redescoberto por fãs.

As the Palaces Burn – Eu tinha visto o sensacional “Last Days Here”, de Don Argott, sobre o junkie Bobby libeling, líder do grupo stoner Pentagram (está disponível no Netflix gringo), e me animei com este “As the Palaces Burn”, do mesmo diretor. Mas o filme, sobre o grupo de metal Lamb of God, é uma decepção. Foi bancado pela gravadora da banda e mais parece um comercial gigante. No meio da história, o cantor do grupo é preso por causa de um acidente envolvendo um fã, mas nem isso torna o filme mais interessante.

Finding Fela – Cinebiografia do grande Fela Kuti, rebelde, visionário e criador do afrobeat. As cenas de arquivo são sensacionais, mostrando Fela e suas grandes bandas – Africa 70 e Egypt 80 – em ação, e o quartel-general que Fela montou no meio de Lagos, na Nigéria, onde vivia como se estivesse num país separado, inclusive praticando a poligamia com dezenas de esposas. Infelizmente, o documentário é entrecortado com a montagem de um musical da Broadway sobre o cantor, o que quase acaba com o filme.

Harry Dean Stanton: Partly Fiction – Stanton fez mais de 200 filmes e é um dos atores coadjuvantes mais conhecidos do cinema. Este documentário foi elogiadíssimo no exterior, mas, sinceramente, achei um porre. Harry Dean quase não fala, passa mais da metade do tempo cantando, e as únicas sequências interessantes são as que mostram alguns dos artistas que trabalharam com o ator – Wim Wenders, David Lynch, Sam Shepard – falando sobre ele.

 

 

Mistaken for Strangers – A ideia até que era boa: Tom, um metaleiro desocupado e irmão de Matt Berninger, líder do grupo indie The National, é contratado pelo grupo como roadie, mas passa a maior parte do tempo filmando os bastidores da turnê. O começo é divertido: Tom fica revoltado com o bom mocismo e falta de “atitude” da banda – “Quando é que vamos nos divertir nessa m...?” - mas a piada logo cansa, e o filme mais parece uma sessão de terapia entre os irmãos. Fora que The National é a banda mais “Toddy morno” do mundo. Numa das cenas, dois integrantes aparecem escovando os dentes juntos antes de um show. Juro.

Muscle Shoals – Documentário bem feito e informativo sobre dois estúdios lendários no Alabama, o FAME e o Muscle Shoals Sound Studios, onde foram gravados alguns dos discos mais famosos de Rolling Stones, Aretha Franklin, Wilson Pickett e outros. Como sempre, Bono é entrevistado.

 

Supermensch: The Legend of Shep Gordon - Estreia de Mike Myers (“Austin Powers”, “Wayne’s World”) na direção, conta a história de Shep Gordon, um dos agentes mais carismáticos e cheios de histórias da música. Gordon trabalha com Alice Cooper há mais de 40 anos e ajudou a moldar sua imagem. Sua carreira começou quando era traficante e vendia drogas para Jimi Hendrix, Jim Morrison e Janis Joplin num famoso motel de Los Angeles, e foi convencido por Hendrix a arrumar uma “fachada” para seu negócio ilegal. As cenas de arquivo são demais, assim como as cenas das festinhas na mansão de Gordon no Havai, frequentadas por Schwarzenneger, Stallone, Johnny Depp, Sammy Hagar e outros. Divertido demais.

The Punk Singer – Cinebiografia de Kathleen Hanna, a talentosa e importante vocalista de Bikini Kill e Le Tigre e criadora do movimento Riot Grrrl. O filme acompanha Hanna num momento difícil da vida, quando é diagnosticada com uma doença, se afasta da música e vai viver isolada com o marido, Adam Horowitz, dos Beastie Boys.

Twenty Feet From Stardom – Ganhou o Oscar de melhor documentário, mas evite a todo custo. O tema é bom – a vida e carreira de cantoras de apoio de grandes astros da música – mas o filme é um amontoado de clichês e breguice. Parece um curso de autoajuda, com frases “inspiradoras” e sequências claramente ensaiadas e encenadas como um programa do tipo “Esta é Sua Vida”.

Bom festival a todos.

P.S. 1: Segunda (5) e terça (6) da semana que vem, publico a cobertura completa do Austin Psych Fest, festival de música psicodélica de Austin, no Texas. 

P.S. 2: Estou em viagem e com dificuldade para moderar comentários. Tentarei publicar os comentários quando possível, mas não terei tempo de respondê-los. A seção de comentários voltará a seu estado normal de interatividade após meu retorno, em 12 de maio. Peço desculpas pelo inconveniente.

 

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