Tomei uma decisão: não reclamo mais da Copa. Depois de anos criticando os gastos excessivos, os despejos de moradores, os estádios "elefantes brancos" e os atrasos nas obras, decidi que esse pessimismo não está com nada.
“Sempre veja a vida pelo lado bom”, cantava Eric Idle, do Monty Python, enquanto era crucificado em “A Vida de Brian”. Decidi acatar a sugestão de Eric: de agora em diante, só dou risada.
Se você deixar de ver a Copa pelo lado sombrio, apenas como um evento privado financiado com dinheiro público e gerenciado por uma empresa – a FIFA – que faz os Corleone parecerem escoteiros – pode se divertir à beça.
Imagine a Copa como uma performance de humor surrealista e nonsense digna de Salvador Dali, Groucho Marx e do já citado Monty Python, e os próximos 40 dias serão indolores. Material cômico não falta. Veja algumas das melhores piadas dos últimos dias:
- Andrés Sanches, o hilariante ex-presidente do Corinthians, disse que planeja fazer “feiras, casamentos e shows de stand-up” para pagar o meio bilhão de reais em dinheiro público que recebeu para construir a Arena Corinthians. Demais.
- Nos telejornais noturnos de terça-feira, um boquiaberto repórter japonês perguntava a um brasileiro se o canteiro de obras que havia na porta do Maracanã “era para a Copa ou para as Olimpíadas”. Que pândego esse japonês.
- Em Natal, o novo “aeroporto internacional” foi inaugurado, mas não pode receber voos internacionais porque a infraestrutura de alfândega não ficou pronta. Ráááá!!!
- Ainda em Natal, o governo deu um calote na empresa que está construindo as estruturas provisórias da Arena das Dunas, e a empresa ameaça paralisar as obras. A solução seria dar a cada espectador do jogo entre México e Camarões uma chave de fenda, parafusos e uma tábua, para eles montarem os próprios assentos.
- Segundo reportagem da “Folha de S. Paulo”, onze aeroportos de cidades-sede ainda estão inacabados. “Nem o David Copperfield e o Mister M resolvem isso a tempo”, disse um operário que trabalha na – inacabada, claro – praça de alimentação do aeroporto de Confins, em Belo Horizonte.
- Para encerrar, uma informação exclusiva: a FIFA, não contente em registrar 450 palavras e frases para uso comercial, incluindo “Copa do Mundo”, “Brasil 2014” e “Seleção”, agora deu para controlar também o sobrenatural. Explico: semanas atrás, gravei, para veiculação na Internet, uma série de pragas que José Mojica Marins, o Zé do Caixão, rogou em adversários do Brasil. Mas os advogados avisaram que as pragas não podem ir ao ar, já que contêm palavras “de propriedade da FIFA”.
Agora, nem praga a gente pode rogar sem dar um troco pro Jerôme Valcke. Esse cara é bom mesmo.
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