Peço a todos uma trégua no Fla x Flu ideológico que virou essa Copa. Por alguns minutos, esqueça em quem você vai votar nas próximas eleições e leia essa reportagem que saiu ontem na “Folha”.
Ela corrobora uma suspeita que eu havia levantando em um texto recente aqui no blog (leia aqui): os lucros com a Copa, mesmo para as cidades-sede, não estão sendo os esperados. E se nem as cidades que receberam os jogos lucraram o que esperavam, imagine os locais onde o futebol passou longe...
Em Natal, um bugueiro, conhecido por “Pepeu do Buggy”, disse à “Folha”: “Foi o pior mês em 15 anos”. Coincidentemente, foi a mesmíssima frase que ouvi do dono de um empório em Paraty, litoral do Rio.
Segundo a reportagem, o setor hoteleiro de Natal e Cuiabá “não fechou a conta”, e restaurantes em Manaus tiveram queda de 10% no faturamento em relação ao mesmo período no ano passado.
Cada vez mais, as promessas de que o país estaria lotado de turistas gastando bilhões de dólares se mostram vazias. Claro que houve uma superlotação de bairros boêmios, como a Vila Madalena, em São Paulo, e a Lapa, no Rio, e os botecos de lá devem ter faturado horrores – embora os moradores estejam apavorados com o caos. Mas, para a maioria dos comerciantes, empresas e prestadores de serviço, a Copa não parece ter sido nada boa. Aguardemos os números oficiais para confirmar.
Terminada a Copa em Manaus, Curitiba, Cuiabá e Natal, essas cidades, assim como as outras oito cidades-sede, terão de conviver com um problema bem sério: como fazer para pagar a conta dos estádios?
A Arena Pantanal, que custou aos cofres públicos cerca de 570 milhões de reais e recebeu quatro “clássicos” do futebol mundial (Chile x Austrália; Rússia x Coréia do Sul; Nigéria x Bósnia e Japão x Colômbia), só tem marcado um jogo para os próximos meses: Cuiabá x Paysandu, pela série C do Campeonato Brasileiro.
Sugiro que o pontapé inicial desse jogo seja dado pelo ministro do esporte, Aldo Rebelo.
A Arena da Baixada, em Curitiba (leia aqui matéria do jornal “Gazeta do Povo” sobre os gastos públicos na construção do estádio), custou 360 milhões e recebeu quatro jogos ainda mais instigantes: Irã x Nigéria; Honduras x Equador, Argélia x Rússia e Espanha x Austrália, este com as duas equipes já eliminadas. Só jogão.
Segundo a matéria da “Folha”, os gestores da Arena da Baixada agora vão explorar o local com “eventos, festas, restaurantes e palestras”.
Sugiro que a primeira palestra seja do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, com o tema: “Como recuperar 360 milhões de reais com palestras”.
Mas o caso mais preocupante é o da Arena Amazônia, em Manaus. O estádio foi erguido a um custo de 670 milhões de reais (sem contar os dois Centros de Treinamento de Manaus, que custaram 36 milhões e não foram sequer usados), e ninguém quer bancar os 500 mil reais por mês de sua manutenção.
Ao justificar os gastos públicos na obra, Aldo Rebelo disse que o estádio serviria para ajudar o futebol amazonense, mas os próprios times do Amazonas afirmaram que não vão jogar lá, devido ao alto custo de manutenção. O ministro disse também que o local poderia ser usado para shows.
Sugiro que o primeiro concerto na Arena Amazônia seja do ministro Aldo Rebelo, tocando caxirola e interpretando clássicos do cancioneiro pacheco como “Este é um pais que vai pra frente”, "Voa, canarinho, voa" e “Sou brasileiro, com muito orgulho...”. Vai lotar.
P.S.: Que jogo sensacional Alemanha x Argélia. Dos times "menores" da Copa, acho o argelino o melhor, mais bem treinado e mais organizado em campo. Deu um sufoco nos alemães no primeiro tempo e só sucumbiu porque o banco alemão é bem melhor e as mudanças feitas por Joachim Low surtiram efeito. Sexta, às 13h, no New Maraca, Alemanha e França prometem fazer uma partida linda. Só não entendo por que Colômbia e seleção da CBF, que venceram seus jogos na sexta, jogarão no mesmo dia, com dois dias a mais de descanso, e num horário melhor: 17h. Alguém explica?
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