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NÃO TEM MAIS BOBO NO FUTEBOL

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felipão1 NÃO TEM MAIS BOBO NO FUTEBOL

Ninguém acredita em político, certo? É só um governante prometer algo, que você já desconfia que ele fará exatamente o oposto.

Mas existe outra classe em quem ninguém confia mais: a dos profissionais de futebol.

O futebol virou um teatrinho tão infantil, um jogo de relações-públicas tão cara de pau, que é difícil encontrar alguma declaração sincera e que não tenha uma segunda intenção por trás.

Veja, por exemplo, o caso de Luis Suárez, atacante uruguaio que foi banido da Copa e suspenso do futebol por quatro meses, por ter mordido o italiano Chiellini. Dias atrás, Suárez divulgou um pedido de desculpas: “Lamento profundamente o que aconteceu, peço desculpas a Giorgio Chiellini e a toda a família do futebol e me comprometo publicamente que nunca mais vai acontecer um incidente como esse”.

Bonito, né? O sujeito errou, prejudicou seu time e seu colega de profissão, e pediu desculpas.

Mas a história, aparentemente, não foi bem essa.

Segundo o jornal espanhol “AS”, Suárez estaria apenas seguindo as ordens do Barcelona, que tenta contratá-lo para a próxima temporada e quer reduzir sua punição.

Dias antes da “desculpa”, Suárez havia dito, em documento enviado à FIFA, que não mordera Chiellini. Ou seja: ou o uruguaio mentiu à FIFA ou está mentindo agora, ao pedir desculpas.

Outro caso curioso ocorrido esses dias foi a entrevista-surpresa que Felipão decidiu dar a seis jornalistas (leia sobre o caso na coluna de meu colega de R7, Cosme Rímoli, aqui)

Tirando a falta de tato da assessoria da CBF, que selecionou os jornalistas “amigos” à vista dos outros setecentos profissionais de imprensa que estavam na Granja Comary - e que foram excluídos do papo - é óbvio que foi mais uma jogada de relações-públicas.

Felipão não acordou naquele dia cheio de amor na alma, pensando em como seria bacana abrir seu coração a alguns jornalistas, mas decidiu, em conjunto com trocentos assessores de imprensa da CBF, em uma maneira de tentar pôr o dedo no buraco do dique e diminuir o tsunami de críticas que a seleção está sofrendo, especialmente depois do chororô do capitão Thiago Silva e da péssima atuação contra o Chile. Mas o resultado, como escreveu Cosme Rímoli, foi o oposto: tudo que Felipão conseguiu foi antagonizar ainda mais os jornalistas excluídos.

E a confusão entre jornalismo e relações-públicas teve mais um capítulo na noite de terça, quando um dos chefões da FIFA, Jérôme Valcke, foi entrevistado no Sportv. Valcke, que passara as primeiras semanas da Copa sumido do noticiário, resolveu aparecer agora e mostrou uma postura bem diferente daquela exibida em ocasiões passadas, quando chegou a fizer que precisava “chutar a bunda do Brasil” para que as obras dos estádios fossem concluídas.

O Valcke que se viu foi um cordeirinho, o “Valckinho Paz e Amor”: disse que não era hora de falar de problemas, mas só de futebol, que tinha “esquecido” o episódio do “chute na bunda”, e não foi lá muito pressionado pelos entrevistadores, nem quando disse obviedades como “O mais importante é usar o estádio, não deixar que ele fique vazio”, referindo-se às gigantescas arenas construídas em praças sem campeonatos de futebol importantes, como Manaus.  O papo terminou sem grandes conflitos ou discussões. Tudo nos conformes.

Quem viu a entrevista entendeu tudo. Afinal, não tem mais bobo no futebol. Muito menos o público.

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