Muito triste e chocado com a morte de Fausto Fanti, do grupo humorístico “Hermes e Renato”.
Depois do surgimento do “Casseta e Planeta”, a trupe do “H & R” foi a mais talentosa a aparecer na TV brasileira, e isso não é pouca coisa.
O humor dos caras misturava roteiros muito bem escritos a uma tosquice estética impagável. O cenário de um telejornal podia ser apenas uma mesa, duas cadeiras e um pano no fundo; uma fantasia de mulher se limitava a uma peruca e peitos falsos.
Quando o “Casseta” apareceu, provou que um humorista não precisava ser ator de verdade para fazer sucesso na TV. Ninguém ali tinha experiência de palco, como Agildo Ribeiro, Jô Soares ou Paulo Silvino, mas a qualidade das piadas e a cara de pau deles, que sabiam estar “interpretando” de forma exagerada e caricata, resultavam num humor anárquico, que brincava com a tradição “clean” da comédia televisiva.
Foi um choque ver um programa tão delirantemente tosco quanto o “Casseta” na Globo. E esse gosto pela ogrice, o pessoal do “Hermes e Renato” levou a extremos. A impressão era de estar vendo vídeos de amigos fazendo palhaçadas, tal o despojamento e esculacho – no bom sentido, claro.
E os esquetes eram muito bem escritos. A série “Brasil Mulambo”, em que um repórter – Fausto Fanti - acompanhava as desventuras de Charlinho, um pobre coitado que só queria estudar, esculhambava o tom condescendente da visão da mídia sobre a pobreza. É um clássico:
Um de meus momentos prediletos de Fausto Fanti é a entrevista com a banda Também Sou Hype – “um pouco de indie rock, com eletro e um tiquinho assim, desse tamanhinho, de carimbó” – inesquecível sacaneada no Cansei de ser Sexy.
Fanti é mais um numa lista longa de comediantes que morreram cedo demais. Chris Farley, Sam Kinison, John Belushi, Phil Hartman, Greg Giraldi, Lenny Bruce... É impressionante como artistas que viveram do humor tiveram, em suas vidas privadas, momentos tristes e sombrios, que ninguém poderá compreender.
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