Depois de quase três meses internado no Incor (Instituto do Coração) em São Paulo, José Mojica Marins, o Zé do Caixão, finalmente recebeu alta. Mojica, 78, está em casa e se recupera bem.
No início de junho, ele foi internado para fazer um cateterismo, mas sofreu um enfarte pouco antes da cirurgia. Por sorte, escolheu o melhor lugar do mundo para ter o enfarte: dentro do Incor. “A equipe médica aqui é de primeira, só tem fera”, disse Mojica, que recebeu apoio comovente da família. Uma das filhas, Mariliz, conhecida por Liz Vamp, ficou o tempo todo ao lado do pai.
Visitei Mojica no hospital, na manhã de 13 de agosto. Quando cheguei, ele acompanhava a cobertura do acidente que matou Eduardo Campos. “Que horror, o avião caiu no meio de Santos”, comentou.
O quarto tinha duas camas e era compartilhado com outro paciente. Naquela manhã, o segundo leito estava desocupado. Fiquei pensando no desespero do paciente que, ao acordar depois de uma cirurgia, descobre que seu companheiro de quarto é Zé do Caixão.
- Que nada, todo mundo que ficou aqui era fã meu! – disse Mojica.
Ele estava magrinho – perdera 15 quilos – mas de bom humor. Reclamou do Corinthians (“O time só joga na defesa”) e da comida do hospital. Pela primeira vez na vida, alimentou-se regularmente de frutas e verduras, não de linguiça com Steinhager ou de sua especialidade na cozinha, o mitológico Kibe aos Quinze Queijos (não, você não leu errado, são quinze queijos mesmo!).
Sua magreza preocupava a equipe médica. Duas nutricionistas tentavam convencê-lo a comer mais, para ganhar peso.
- Seu Mojica, o senhor precisa comer melhor, pra ganhar peso e receber alta...
- Mas filha, não dá pra fazer uma comidinha mais gostosa? Eu tô louco pra comer um queijinho, um bifinho acebolado...
Uma das nutricionistas prometeu afrouxar um pouco a rigidez da dieta e pediu que ele listasse cinco coisas que gostaria de comer.
- Mas não podem ser muito pesadas, tá bom, seu Mojica?
- Tá bom, filha, deixa eu pensar... Que tal testículo de boi?
- Testículo de boi?
- É, o saco do boi!
- Eu sei o que é, seu Mojica. Mas onde vamos conseguir isso pra cozinhar pro senhor?
- Pede lá no Valadares! – respondeu Mojica, referindo-se ao famoso boteco da Lapa.
As nutricionistas o convenceram a pedir pratos mais leves e fáceis de encontrar.
- Tá bom... E rã frita? Eu adoro rã frita! Ah, já sei: língua ao molho madeira!
Finalmente, chegaram a um consenso: panquecas de carne à parmegiana. Foi o prato mais "light" da vida de Zé do Caixão.
R.I.P. MARCOS Z
Muito, mas muito triste com a notícia da morte de Marcos Zomignani, o popular Marcos Z. Muita gente que curte EBM e os sons mais darks da música eletrônica descobriram incontáveis músicas nas discotecagens de Marcos no Madame Satã. Fui cliente de sua ótima loja em Pinheiros, a Indie Records, e perdi a conta de quantos discaços conheci por recomendação dele. Era um empreendedor - foi dono de casa noturna, produziu shows e lançou discos - e vai fazer muita falta. Força à família e amigos.
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