Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas ou situações reais é mera coincidência.
Depois de 80 anos, Leonard Cohen finalmente desembarca no Brasil. O cantor e compositor canadense fará dois shows em São Paulo. O primeiro será num megafestival no Autódromo de Interlagos, e o segundo, numa casa de shows que leva o nome de um cartão de crédito.
No festival, Cohen se apresentará por 45 minutos, entre Capital Inicial e Bruno Mars.
O show será interrompido algumas vezes, ora pelo próprio Cohen, assustado com a proximidade de pessoas que passam zunindo pelo palco de tirolesa gritando “Uhuuuuu!”, ora por gigantescas bolas infláveis de patrocinadores, que o público arremessará nos músicos para dirimir o tédio da apresentação.
A massa aproveitará o ritmo lento e medidativo das músicas para entreter-se cantando “Sou brasileiro, com muito orgulho...” e tirando selfies. A profusão de flashes atrapalhará Cohen, que sofrerá crises de cegueira momentânea e será levado às pressas para um neurologista.
A apresentação na casa de shows será ainda mais problemática. As primeiras oito músicas do concerto serão interrompidas pelo barulho do público, que chega atrasado às mesas da área Mega-Premium-Vip em frente ao palco. Leonard Cohen pede silêncio e um retardatário não gosta: “Não fode, coroa, paguei três paus nesse ingresso e chego na hora que quiser!”.
Logo depois, irrompe uma briga feia entre um grupo de bem-nascidos vestidos de jogadores de pólo e meia dúzia de fortões de chapéus de caubói. Um berrante de chifre de boi é lançado ao palco e atinge a cantora Sharon Robinson.
No meio de “Tower of Song”, uma equipe de TV acende uma luz fortíssima na frente do palco, que cega Cohen e toda a banda. A equipe está entrevistando a atriz-sensação da novela das duas da manhã, uma “grande fã” de Cohen e que “ama de paixão” suas músicas chiques e sofisticadas.
Vendo a celebridade ali, dando sopa, várias acompanhantes das turmas dos jogadores de pólo e caubóis aproveitam e posam para fotos com a estrela. Os fotógrafos da “Caras” se regozijam e pedem para que as meninas façam coraçõezinhos para Leonard Cohen.
No dia seguinte, o cantor embarca para a Escandinávia, onde fará 17 apresentações para 12 mil pessoas cada. No saguão do aeroporto, deixa uma última mensagem Aos fãs locais: “Daqui a 80 anos eu volto pro Brasil. Podem esperar.”
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