O que oito décadas não fazem com um filme, não é mesmo?
Nos anos 1930, não havia nada mais aterrorizante no cinema do que Boris Karloff. “Frankenstein” (1931) e “A Múmia” (1932) causavam calafrios em plateias. Hoje, não assustam nem criança.
Será?
Assustam sim. Pelo menos nossa filha de seis anos, que tem curtido demais esses clássicos do horror.
Quando mostramos a primeira dessas velharias – “Drácula” (1931), com Bela Lugosi – achamos que ela não gostaria. Os efeitos especiais , convenhamos, são mais toscos do que os de qualquer programa infantil da TV. Achávamos que uma criança acostumada a ver desenhos animados modernos não se impressionaria com morceguinhos pendurados por fios ou explosões de fumaça branca escondendo a transformação de Lugosi em morcego. E pior: em preto e branco.
Felizmente, nos enganamos: ela ficou fascinada pela estética dos filmes. Achou tudo lindo. Nas imagens mais impactantes – o castelo de Drácula, o laboratório do Doutor Frankenstein, as pirâmides do Egito – nem piscava.
De todos os filmes, o que menos a cativou foi “A Múmia”, certamente por não ter dublagem em português. Passei o filme todo explicando a história, que não é lá muito fácil para uma criança, já que envolve ressurreições e romances passados em diferentes séculos.
O filme preferido dela foi “Frankenstein”. Para nossa surpresa, ela não se assustou com a criatura, mas ficou com pena dela e até chorou quando o monstrão morreu queimado na torre, incendiada por uma turba de moradores do vilarejo. Ela percebeu que o morto-vivo era, na verdade, uma vítima.
Assistir a “Frankenstein” com uma criança é uma experiência sensacional. As cenas mais violentas não chocam e há sequências engraçadíssimas, como a famosa cena em que a criatura encontra uma menina na beira de um lago, ganha uma flor de presente e fica tão feliz que joga a criança na água.
Para melhorar, a dublagem é um espetáculo. Compramos a caixa “Monstros”, da Classic Line, e o Barão Frankenstein, pai do cientista, é dublado por Orlando Drummond, o “Seu Peru”, um dos maiores dubladores do Brasil, voz de Scooby-Doo, Alf, Popeye, Bionicão, Frajola e Patolino. E a tal menina arremessada na água pela criatura é dublada por uma carioca da gema: “Voxê quer ver minhax florexxx?”
Próxima atração: “O Lobisomem” (1941), com Lon Chaney Jr.
The post FRANKENSTEIN PARA CRIANÇAS appeared first on Andre Barcinski.