Sou muito fã de Jim Carrey e sempre o achei melhor que seus filmes. Suas apresentações de "stand up" e aparições em cerimônias de premiação são antológicas (veja esta, entregando um prêmio a Clint Eastwood)
Estava torcendo muito para gostar de "Débi e Lóide 2". O primeiro filme, feito 20 anos atrás, é um besteirol irresistível, daqueles que revejo sempre. E a química entre Carrey e Jeff Daniels era perfeita.
Mas o filme novo é uma decepção. Claro, tem meia dúzia de piadas ótimas - a melhor, envolvendo uma confusão entre "remetente" e "destinatário" num envelope - mas, no geral, pareceu requentado e sem graça, com muitas cenas mortas e desanimadas.
Foi a primeira vez que achei Jim Carrey sem graça e sem "timing". Ele parece ter perdido um certo espírito anárquico e explosivo que caracteriza suas melhores atuações. Parecia cansado.
O filme me fez pensar em como a comédia tem prazo de validade. Não consegui lembrar um caso de ator cômico - especialmente os de comédia física, como Carrey - que melhorou com o tempo. Também não lembrei um comediante sequer que fez seus melhores filmes depois dos 50 anos de idade.
Todos os meus prediletos - Keaton, Totò, Groucho, Pryor, Sellers, Eddie Murphy, Jerry Lewis, Steve Martin - fizeram seus grandes filmes até os 40 (Groucho talvez um pouco mais tarde, mas sempre foi mais um cômico do verbo do que da ação).
Todo comediante diz que fazer comédia é extenuante. Na autobiografia de Steve Martin, "Born Standing Up" (saiu no Brasil com o título "Nascido para Matar... de Rir"), ele diz: “Fiz ‘stand up’ por 18 anos. Os dez primeiros , passei aprendendo, os quatro seguintes aperfeiçoando meu número, e os quatro últimos, ficando rico." Ou seja: Martin levou 14 anos para aperfeiçoar sua arte. Não é mole.
Vendo Carrey requentando suas caras e bocas em "Débi e Lóide 2", fiquei com a impressão de que ele nunca vai conseguir replicar a energia maníaca e anárquica de "O Mentiroso", por exemplo. Veja isso e compare:
Uma dica: se for ver o filme, evite, a todo custo, o buraco chamado Kinoplex São Luiz, no Rio. A projeção parecia de VHS e o projecionista conseguiu deixar a imagem fora de quadro por 15 minutos, até eu sair da sala e alertar um funcionário. Isso sem contar a família tirando fotos COM FLASH dentro da sessão e a fila toda fazendo "selfies" e batendo papo durante o filme. Infernal.
P.S.: Estarei sem acesso à Internet até o fim da tarde e impossibilitado de moderar comentários. Se o se comentário demorar a ser publicado, peço desculpas e um pouco de paciência.
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