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“JOGOS VORAZES” E ROCK IN RIO: O TRIUNFO DO “EVENTO-MANADA”

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jaredleto JOGOS VORAZES E ROCK IN RIO: O TRIUNFO DO EVENTO MANADA

O Brasil tem pouco mais de 2800 salas de cinema. Dessas, 1310, ou 46%, estão exibindo "Jogos Vorazes".

No mesmo dia em que estreou o filme, terça-feira, ocorreu outro fenômeno comercial de proporções impressionantes: em menos de duas horas, o primeiro lote de 100 mil ingressos do Rock in Rio foi inteiramente vendido.

Os sucessos de "Jogos Vorazes"  e do Rock in Rio simbolizam o triunfo de um estilo de promoção de eventos que vem se consolidando no mundo. Não sei se alguém sugeriu um nome para esse tipo de ação, então ofereço uma sugestão: "evento-manada".

O conceito do "evento-manada" é simples: use todo seu poder de fogo — corporativo, midiático e financeiro — e ocupe todos os espaços possíveis, não deixando nada para a concorrência; transforme seu evento em algo tão desejado, mas tão desejado, que desperte no consumidor a sensação de que, se ele não for, será uma derrota pessoal, uma humilhação reservada a fracassados. Incentive, de todas as formas, a "manada".

As distribuidoras de cinema, tendo nas mãos uma arma poderosa como "Jogos Vorazes", sabem fazer isso como ninguém, e promovem uma blitzkrieg nas salas de todo o país, cientes de que o fã desse tipo de filme — aventura mágica para adolescentes — costuma madrugar nas filas para ser o primeiro a ver e assim poder gabar-se para os colegas e dar seus pitacos nas redes sociais.

Não tenho nada contra quem assiste a "Jogos Vorazes" ou quem vai ao Rock in Rio. Acho que o consumidor é esperto e sabe escolher o que o agrada.

Pessoalmente, só verei "Jogos Vorazes" a trabalho, e achei o Rock in Rio de 2013 o pior evento musical que presenciei, uma Disneylândia corporativa em que as pessoas pareciam mais preocupadas em pular de tirolesa ou ganhar brindes de uma marca de carros do que em ouvir música.

O próprio "dono" do Rock in Rio, Roberto Medina, admite que a música não é o foco principal de seu evento. Questionado sobre a diferença entre o Rock in Rio e outros festivais, Medina disse: "Somos um projeto de comunicação, enquanto os outros são eventos com bandas."

Nem o fato de o festival só ter anunciado três atrações — Katy Perry, John Legend e System of a Down, convenhamos, nenhuma de cair o queixo — esfriou o ânimo dos compradores.

O Rock in Rio não é o único festival do mundo que vende ingressos antes de anunciar o line-up. Esses dias, meu festival favorito, o Austin Psych Fest, festival da música psicodélica de Austin, no Texas (evento que em 2015 vai mudar de nome para "Levitation") anunciou o início das vendas, sem ter divulgado um artista sequer.

Da mesma forma, quem quiser assistir ao festival All Tomorrow's Parties na Islândia, em julho de 2015, já pode comprar o ingresso, mesmo que só uma atração — o Belle & Sebastian — tenha sido anunciada.

Nos dois casos, aposto que as vendas antes do anúncio do line-up serão significativas. O público desses festivais confia na curadoria e sabe que a seleção de artistas será boa e surpreendente. Já o público do Rock in Rio espera exatamente o oposto: que não haja nenhuma grande surpresa. É mais do mesmo, e viva a mesmice!

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