Não sei como o assunto começou, se ela ouviu em alguma história ou viu em algum filme, mas o fato é que, há algumas semanas, nossa filha perguntou o que era uma "mensagem na garrafa".
Expliquei o conceito: você escreve uma carta, põe dentro de uma garrafa, tampa a garrafa e a joga no mar, na esperança de que alguém a encontre e responda à mensagem. Ela ficou fascinada.
Decidimos testar esse método antiquado de comunicação: nossa filha, que tem seis anos e ainda não é alfabetizada, ditou uma cartinha em que se apresentava, falava de sua vida, do que gostava de fazer ("colecionar conchas, pescar e brincar com as amigas") e pedia à pessoa que encontrasse a garrafa que respondesse para nosso e-mail. Para finalizar, juntou à carta um bonito desenho, mostrando ela própria jogando a garrafa ao mar. Achamos uma rolha, tampamos a garrafa e a lançamos no mar. Isso foi há seis semanas.
Depois, pegamos uma tábua de marés e estudamos os possíveis trajetos da garrafa, para tentar calcular onde ela poderia parar. A primeira pergunta de nossa filha foi: "Mas e se a pessoa que achar a garrafa não falar português? Ela não vai entender a carta, né?"
As semanas passaram, e acabamos esquecendo a mensagem na garrafa. De vez em quando, ela lembrava e perguntava onde a garrafa estaria. Na África? Nos Estados Unidos? No Japão? "Ninguém respondeu à mensagem ainda, mamãe?"
Nas últimas duas ou três semanas, o assunto foi completamente esquecido em casa. A garrafa certamente estaria boiando em algum canto perdido do mar, sem ter sido encontrada por ninguém.
Há três dias, minha mulher abriu o e-mail e deu um grito de espanto: "Não é possível! Olha isso!"
Era uma mensagem de Paulo Rogério, um ambientalista do Inea. Ele havia encontrado a garrafa e mandou uma bonita mensagem para nossa filha, elogiando o desenho dela e sugerindo que ela se juntasse com as amiguinhas para fazer mutirões de limpeza nas praias.
Nossa filha ficou extasiada. Mesmo sem saber ler, passou um tempão olhando para o e-mail de Paulo, e pediu que o repetíssemos umas vinte vezes. Tão emocionada e surpresa estava, que esqueceu de perguntar onde a garrafa havia sido encontrada. Na verdade, Paulo achou a garrafa em um mangue, a menos de um quilômetro de nossa casa.
Bom fim de semana a todos.
P.S.: Estarei sem acesso à Internet até o fim da tarde e impossibilitado de moderar comentários. Se o se comentário demorar a ser publicado, peço desculpas e um pouco de paciência.
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