Quantcast
Channel: Andre Barcinski
Viewing all articles
Browse latest Browse all 575

QUANDO MEL BROOKS ERA REI

$
0
0

Há exatos 40 anos, era lançado “O Jovem Frankenstein”, de Mel Brooks. Foi o segundo arrasa-quarteirão de Brooks em 1974: meses antes, estreara "Banzé no Oeste” (“Blazing Saddles”), que terminou o ano liderando as bilheterias norte-americanas, batendo “Inferno na Torre”. "O Jovem Frankenstein” ficou em quarto lugar, à frente de “Terremoto” e “O Poderoso Chefão 2”.

O Netflix gringo está exibindo "Make a Noise", um documentário careta, mas informativo, sobre a vida e carreira de Brooks. O filme traz uma longa entrevista com o cineasta e depoimentos de parceiros e amigos como Carl Reiner, Sid Caesar, Gene Wilder, Joan Rivers, Madeline Kahn, Marty Feldman e outros.

A atriz Anne Bancroft (1931-2005), com quem Brooks foi casado por quase 40 anos, aparece numa entrevista antiga contando como foi seduzida por ele: “Foi pura insistência. Ele ficou me perseguindo até eu não poder mais recusar”.

As imagens de arquivo são inacreditáveis: quando Brooks conta que ficou emocionado ao assistir pela primeira vez a uma peça na Broadway, “Anything Goes”, com Ethel Merman, em 1934, o filme exibe uma cena da peça. Surreal.

Há imagens incríveis de Brooks no exército, tocando bateria (ele era músico antes de tornar-se roteirista) e de suas primeiras apresentações como comediante. Trechos de programas de TV estrelados por Sid Caesar dão uma pequena ideia da genialidade cômica de Caesar e da altíssima qualidade dos textos de Brooks.

O que muita gente não lembra é que Mel Brooks, além de ter dirigido algumas das comédias mais populares dos anos 70, ganhou um Oscar em 1968 pelo roteiro de “Primavera para Hitler”, criou com Buck Henry o “Agente 86” e depois virou produtor de sucesso, lançando filmes como “O Homem Elefante”, de David Lynch, e “A Mosca”, de David Cronenberg.

Mas o grande momento da carreira de Brooks foi mesmo “Banzé no Oeste”, que a rede HBO está reprisando nesse fim de semana (veja horários aqui).

Para quem ainda não viu, um breve resumo: “Banzé no Oeste” é uma paródia aos faroestes. O engraçadíssimo Harvey Korman, colaborador frequente de Brooks, faz Hedley Lamarr, um político corrupto que pretende criar caos numa pequena cidade para afugentar os moradores e vender a terra para uma ferrovia. Ele tem uma ideia genial: contratar, para a cidade, um xerife negro, Bart (Cleavon Little), o que certamente causará revolta na população branca e racista do lugar.

Lamarr convence o prefeito local, uma besta quadrada interpretada pelo próprio Brooks, a contratar Bart para o cargo. Bart é ameaçado por uma gangue de bandidos enviada por Lamarr, mas acaba recendo ajuda do pistoleiro Jim “The Waco Kid” (Gene Wilder) na luta contra os meliantes.

Revi o filme há alguns dias e continuo achando uma obra-prima. Impossível não perceber a influência que teve no humor sacana de Zucker-Abrahams-Zucker (“Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu”).

Hoje, seria impossível fazer um filme como “Banzé no Oeste”. O público sairia horrorizado e os estúdios nunca poriam um centavo. Brooks esculhambou o racismo inerente ao gênero “western” e fez um faroeste sobre preconceito racial, que consegue ser incisivo sem parecer panfletário ou "edificante". E, de quebra, tem a melhor cena de refeição em volta da fogueira de todos os tempos.

Bom fim de semana a todos.

The post QUANDO MEL BROOKS ERA REI appeared first on Andre Barcinski.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 575