O leitor Rodrigo Oliveira deu a dica de uma matéria divertida na “The New Yorker” (leia aqui) sobre letras de músicas compreendidas erradamente pelos ouvintes.
Alguns casos são demais. Na clássica “Bad Moon Rising”, do Creedence, “There’s a bad moon on the rise” (“Há uma lua má prestes a surgir”) virou, no ouvido de muitos, “There’s a bathroom on the right” (“Tem um banheiro do lado direito”) e por aí vai.
Lembrei que já havia escrito sobre o assunto Aqui no blog. Foi em 2010, e reproduzo o texto:
Não somos apenas nós, brasileiros, que temos dificuldade para entender algumas letras em inglês. Os britânicos também.
Uma pesquisa, encomendada por um fabricante de remédio para ouvido, mostrou que os ingleses confundem várias letras e acabam inventando novos significados para canções famosas.
“Dancing Queen”, do ABBA, virou uma apologia da pancadaria: “See that girl, watch her scream, kicking the dancing Queen” (“veja esta menina, veja-a gritando, chutando a rainha do baile”).
No Brasil, temos muitos casos assim. Não apenas de músicas em inglês, mas também de letras em português que se transformam pela criatividade infinita dos fãs. O Youtube está cheio de exemplos engraçadíssimos. Veja um conhecido clipe com algumas das letras estrangeiras que ganharam novas versões em português.
Tem clássicos como Billy Idol cantando “Ajudar o peixeeeee....” (“Eyes Without a Face”) e Eric Clapton pedindo para alguém besuntar suas partes íntimas com óleo (“Tears in Heaven”).
O João Gordo me contou que, nos bailes da perifa, o refrão “Aahhhh... Freak Out!”, do Chic, virou “Aaaaaaaalfredão!”
Outros casos conhecidos:
“I Should Have Known Better” (1984), o hit meloso de Jim Diamond, cujo refrão inesquecível “ai ai ai ai ai ai ai ai ai ai… should have known better!” ora virava “chama o bombeiroooooooo!”, ora “chupa e não berraaaaaaaaaa!”.
“Whoomp! There it is”, do Tag Team, que virou “Utererê!” nos bailes funk do Rio.
“Seu c... só sai de ré”, versão de “Oops Up”, do Snap.
Mas o que eu acho engraçado mesmo são as confusões com letras em português.
Eu tinha um amigo que odiava os Paralamas do Sucesso. “Essa banda é uma merda”, esbravejava. “Que negócio é esse de ‘entrei de caiaque no navio’? Como é que alguém entra de caiaque num navio?”
Ninguém esquece a famosa “trocando de biquíni sem parar” (“tocando B.B. King sem parar”), do hit “Noite do Prazer”, do Brylho. Ou o famoso refrão de “Whisky A-Go-Go”, do Roupa Nova”, que virou “Eu te abraçava, tu e o holandês”.
Na web tem relatos incríveis. Uma menina passou a vida inteira achando que a Irene Cara, no refrão de “What a Feeling” (tema de “Flashdance”), cantava “Glória Piiiiiiires!”
Outra interpretava assim a música do Kid Abelha: "Diz pra eu ficar muda, faz cara de mistério, tira essa verruga que eu quero você sério..."
Nem Chico Buarque escapou: “Mirem-se no exemplo / daquelas mulheres / de antenas!”
Outro dia, eu estava assistindo a “Quanto Mais Quente Melhor”, a comédia clássica de Billy Wilder com a Marilyn Monroe, quando minha filha perguntou: “Papai, quem é essa moça?”
Eu respondi: “Ela se chama Marilyn”. Logo depois, a Marilyn falou pro Jack Lemmon, no filme: “Good morning!” E minha filha disse: “Olha, papai, a Amélia tá chamando a Simone!”
É assim que nascem as lendas.
P.S.: Estarei sem acesso à Internet até o fim da tarde. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço desculpas e um pouco de paciência. Obrigado.
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