Duas ótimas notícias no site do meu chapa Lúcio Ribeiro: em breve, aportam no Brasil duas bandas excelentes: a veterana The Sonics e a novata Temples.
O Sonics vai tocar no clube Audio, em São Paulo, em 5 de março. E o Temples virá ao país entre 13 e 17 de maio para uma turnê. Datas e locais ainda não foram anunciados.
PUNKS ANTES DO PUNK
Não é fácil dimensionar a importância do Sonics. A verdade é que todo o rock pesado, do metal ao punk, do rock de garagem ao grunge, deve algo aos caras.
Eles são realmente veteranos. Surgiram em 1960, mesmo ano dos Beatles e antes de Stones e Kinks. E já nasceram fazendo um barulho dos diabos, um som totalmente incompreendido na época e muito mais pesado, agressivo e demente do que o iê-iê-iê que dominava as paradas.
O primeiro LP do grupo, “Here Are the Sonics”, saiu em 1965 e trazia faixas que se tornariam clássicas do repertório deles, como “The Witch”, “Boss Hoss”, “Psycho” e “Strychnine”. Num camping de trailers em Ann Arbor, Michigan, um moleque chamado James ouviu o disco e teve uma epifania. Mudou de nome para Iggy e, poucos anos depois, montou um grupo chamado Psychedelic Stooges.
Não era só Iggy Pop que cultuava os Sonics: Wayne Kramer (MC5), Joey Ramone, Lux Interior e Poison Ivy (Cramps) e, posteriormente, toda a cena grunge de Seattle veneravam os heróis locais (os Sonics são de Tacoma, cidade a 50 km de Seattle).
Vejam os coroas em 2008, tocando “Strychnine”, gravada pelo Cramps: “Algumas pessoas gostam de água / outras gostam de vinho / Mas eu gosto do sabor / de estricnina pura”. Punk é isso.
Achei esse clipe/homenagem ao Sonics, com a faixa “Psycho”. Legal demais:
A MELHOR BANDA DE 1967 ESTREOU EM 2014
Incluí “Sun Structures”, do Temples, na lista de melhores discos de 2014. Mas poderia muito bem ter sido lançado em 67 ou 71.
O Temples é um quarteto inglês liderado pelo geniozinho James Bagshaw. Sua música bebe nas fontes psicodélicas e espaciais de Pink Floyd (fase Syd Barrett), Zombies, Love, Gong, 13th Floor Elevators, Hendrix e outros.
Bagshaw produziu “Sun Structures”sozinho e conseguiu fazer um disco que resgata sonoridades antigas sem soar nostálgico ou velho. Veja a banda interpretando uma de suas melhores canções, “Shelter Song”:
Ao vivo, o Temples é muito, mas muito bom. Tive a sorte de vê-los no Austin Psych Fest, em 2014. Aqui vai a última música daquele show:
Com Sonics e Temples, o ano começa bem para shows no Brasil. Lembrando que ainda teremos o Ministry, no Audio, dia 6 de março. E uma pena que o sensacional grupo do Mali, o Tinariwen, esteja com datas confirmadas em março no Lollapalooza do Chile e no clube Niceto, em Buenos Aires, mas não tem data agendada no Brasil. Seu mais recente disco, “Emmaar”, está em altíssima rotação aqui em casa há meses. Vejam só que coisa linda estamos perdendo:
Vale muito a pena pegar um avião e ver o Tinariwen ao vivo. De preferência na Argentina, sem o Lollapalooza pra atrapalhar.
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