Moro numa cidade litorânea de 35 mil habitantes, que triplica de população durante as férias.
Num sabadão de sol recente, paramos para comer um pastel e tomar um caldo de cana numa pastelaria local. O dono avisou: “Vai demorar 30 a 40 minutos. Estou sem quatro funcionários.”
Na parede, um cartaz: “Precisa-se de garçom e cozinheiro”.
Dias antes, fomos jantar em um restaurante que frequentamos bastante. O dono é um sujeito caprichoso, que montou o local com muita atenção aos detalhes, inclusive trazendo chef e ajudantes de fora da cidade.
Na semana entre o Natal e o Ano Novo, a equipe TODA sumiu. Chef e ajudantes simplesmente desapareceram sem aviso. E o período de férias, que deveria ser dos melhores para o restaurante, virou um pesadelo. O dono diz que vai fechar o local: “Não aguento mais depender de funcionário que some.”
Dia desses, fiz um teste: na rua principal da cidade, entrei em oito estabelecimentos comerciais: farmácia, clínica dentária, videolocadora, loja de material de construção, outra farmácia, loja de celular, lanchonete e imobiliária. Seis tinham avisos procurando funcionários.
Depois, pensei em todos os estabelecimentos comerciais que dão certo na cidade – uma padaria que existe há mais de 50 anos, uma imobiliária, dois consultórios médicos, uma loja de instalação de ar condicionado, uma vidraçaria – e concluí que todos têm uma coisa em comum: os funcionários são da mesma família.
Na padaria, por exemplo, trabalham cinco irmãos – além de suas esposas e maridos. Na vidraçaria e na loja de ar condicionado, trabalham pai, mãe e filho, e por aí vai.
A conclusão é simples: ou você trabalha com a família, ou vai à falência. Família não falta ao trabalho. Ou, se falta, fica todo mundo sabendo.
Como já tive uma pequena empresa, tenho muita consideração pelas desgraças de outros pequenos empresários, e sempre converso com eles sobre seus negócios.
As explicações para a falta de mão de obra e o sumiço dos funcionários variam tremendamente: já ouvi que a culpa é do Bolsa-Família, do Seguro-Desemprego, do crack, da facilidade de crédito para viagens (que incentiva o funcionário a se pirulitar para Porto Seguro no Réveillon), e da mais pura vagabundagem.
A razão, ninguém consegue explicar com precisão, mas o fato é que está sobrando emprego, e de todos os tipos: de frentista de posto de gasolina a médico em clínica privada, de balconista de armazém a gerente de pousada de luxo. Só está desempregado quem quer.
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